Viagem primeira - Conto 02

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Conto 02 - A Viagem Primeira

Por Ivo CanaL.

O dia ainda anoitecia quando Omar levantou-se. Homem dado a pouco sono, costumava travar o despertador do celular já nas atividades matinais do banheiro. Achava graça.

Acupuntor, professor de Medicinas Chinesas, sabe que o horário do Intestino Grosso é as 5 da manhã, das 5 as 7 horas. Metódico, Omar se aprazeirava de estar neste horário em pleno exercício evacuatório. A meditação na privada lhe era essencial. Amava aqueles momentos de solidão contemplativa. Naquela manhã, no entanto, as 5 horas da manhã ele já deveria estar na estrada...

Gostava de ficar olhando a paisagem, e observando, nos postes de iluminação, as luzes se apagando ... Onde mais arrumaria um banheiro de janelas amplas que pudesse cotidianamente apreciar o desfalescimento da noite que amanhece?

Distraído, contemplativo, ouviu o "Plimm" de seu celular. Mensagem de Sarah.

- "Bom dia, doutor! Não se esqueça de mim, estou esperando você me buscar em casa!".

Omar respondeu, automaticamente, com um "OK".

Depois de responder é que avaliou... deveria ter feito que não viu o recado... depois dito que já estava na estrada, e que ficaria para a próxima... Não entendia bem o que a menina tinha na cabeça. Em sua mente, Omar se lembrou das últimas sessões de Sarah e de seus gemidos na hora das massagens finais.

Sarah era sua paciente do consultório de acupuntura e mantinha uma sessão semanal há mais de ano, para o equilíbrio holístico. Omar tomava-lhe o pulso, fazia o cálculo do equilíbrio energético. Após a colocação e retirada das agulhas, o terapeuta tinha, como praxe, fazer uma massagem final, com óleos aromáticos, para todas as consultas. Acontece que nas últimas sessões, Sarah tinha se soltado mais, inclusive sonorizando sons e gemidos, como se estivesse em pleno exercício sexual, principalmente ao receber a massagem nas costas e nas nádegas... Omar se acautelava para não avançar indevidamente...

No final da sessão Sarah, após se vestir perguntou se os gemidos dela o incomodavam. Omar fria e profissionalmente disse que não.

- Fique a vontade Sarah, a massagem é para relaxar o cliente. Seus sons não me atrapalham, não se preocupe. Somente se eu pesar muito a mão, ai você me avisa.

- Bem Omar, já que falou nisso, eu prefiro uma massagem mais leve, sabe como? Quase um carinho, não uma massagem...

Naquela mesma semana, Sarah o chamara no "in box" do Facebook, relatando que as massagens estavam deliciosas, e que o toque forte das mãos de Omar em seu corpo estava trazendo a ela um relaxamento especial, com prazeres marcantes. Solicitava novamente que fosse o mais leve possível, e que ele não se acanhasse, que aplicasse aquela massagem com todas as técnicas, em todas as partes, sem limitação.

- Veja Omar, eu tenho mantido as sessões, mais pela massagem de que pela acupuntura. Estou pagando para ter prazer, veja se capricha!; ela disse, brincando...

Omar se perguntava se Sarah estava fazendo uma insinuação sexual, ou se era simplesmente um relato profissional. As vezes as coisas são difíceis de se separar. Se a menina está se oferecendo ou se são brincadeiras próprias, de quem confia na segurança do profissional... Paciente de ano, não haveria como não ter certas liberdades ... o profissional deve se fazer de bobo, muitas vezes....

Tudo estaria tranquilo se, na noite anterior Sarah não o tivesse chamado novamente Omar no "in Box".

- Omar, meu querido, quando você vai a São Paulo fazer seu plantão de acupuntura?; Como sempre, ela, muito gentil e delicada.

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