Joguei um graveto no rio. Águas rasas e claras. Boiando se foi, entregue à correnteza. Pelas pedras no caminho foi trombando. Tum, tum, tum. Parou. Fui até lá ver o que tinha acontecido. Procurei um melhor lugar para devolve-lo em movimento. Lá se foi ele, boiando livremente. Passou de uma pedra, de outra, mais outra e... parou! Fiquei olhando, sem nada fazer. Um leve trepidar aqui, uma tentativa de se soltar dali. Era o fim para o pequeno graveto. Livre?
Quem somos nós sem nosso próprio poder de decisão? À deriva, sem o controle do leme, somos graveto. Entregues à sorte do percurso da vida, se não à vontade alheia. Já disse Tony Robbins, famoso coach e escritor americano, "se você não tomar conta da sua própria vida, alguém aparecerá para se candidatar à vaga". Palpite é o que mais aparece. "Faça isso, vá por aqui, não fique com ele, isso é errado, peça suco e não água, vista esta roupa e etc". Por mais que você admire determinada pessoa, seja grato por tudo que ela já fez por você, tenha em mente que, geralmente, as opiniões são auto biográficas. Falamos daquilo que conhecemos, daquilo que vivemos, que acreditamos ser o melhor baseado nas nossas próprias experiências. Se der errado, se a escolha que fez não sair como o previsto, todo o ônus será seu. Aqueles que te ajudaram a escolher de nada sofrerão. Por mais lindo que o caminho do outro seja, este não é o seu. Você é dono do próprio caminho, assuma as rédeas da sua vida. Controle seu caminhar com disciplina e amor, você pode! Se tem medo, ótimo. Ele te faz alerta aos detalhes. Porém, não permita com que ele domine suas ações. Firme os pés no chão e decida. Eu confio em você.
Muitos decidem apenas e tão somente pela razão, mas jamais deveríamos ignorar nossas emoções, nossos mais puros e sagrados sentimentos. Não diminuo a importância do racional, pelo contrário, apenas trago o alerta de que, num mundo tão fanático por resultados "para ontem", muitas vezes não sobram espaços para aquilo que sentimos e queremos. O pensar trás, sozinho, muitos julgamentos e cobranças. "Já não deu certo antes, porque daria agora?". Ou ainda, "Tenho medo de sair de onde estou, então ficarei aqui mesmo". Ao trazermos o sentir para se juntar ao pensar, ganhamos a capacidade de sabermos onde está o nosso querer, o nosso amor e interesse. Nos ouvir é buscarmos o nosso próprio caminho. É buscarmos a nossa liberdade de escolha. Se não podemos escolher não temos liberdade. E sem liberdade, há felicidade e realização?
Alguns preferem viver uma vida de surpresas, de sustos e custos. São pegas desprevenidas porque mal sabem o que querem. Já diz a frase "quem não sabe o que quer, qualquer coisa que aparece serve". Um relacionamento, um emprego, uma viagem ou um delicioso jantar pode ser desinteressante se não houver escolha. Sem presença, sem futuro.
Por isso eu pergunto: quem é você? O que quer da sua vida? Do que gosta? Onde está sua felicidade? E, sobretudo, você está no controle da sua vida ou é um mero passageiro?
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Fragmentos de mim
No FicciónAtravés de crônicas inspiradas e sempre muito provocativas, o autor nos conduz à um passeio por algumas das maiores inquietações do ser humano. Ansiedade, amor, despedidas, medos e o poder da autovalorização são alguns dos temas abordados. Se você e...