05. Guerreiro de coração grande

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[Niall]

Engraçado como são as coisas. Há um ano eu me vi perdido e sem saber o que fazer da minha vida. Cheguei até a querer me matar, mas graças a Deus, fui impedido. Pelo menos, hoje eu sei que tem pessoas que realmente se importam comigo.

Quando eu tinha quinze anos descobri que gosto de garotos. É, sou homossexual e com muito orgulho disso. Eu descobri isso com o meu melhor amigo de infância, Kyle. Numa brincadeira boba ele acabou me beijando e eu me deixei levar. Kyle ainda é meu amigo hoje, nós ainda mantemos contato via internet, telefonemas, mensagens e coisas assim. Eu posso dizer que ele foi o meu primeiro amor, minha primeira paixão.

Nós namoramos escondidos por quase um ano. Quando eu fiz dezesseis, achei que era a hora perfeita pra contar aos meus pais que era gay. Estava cansado de esconder e de ter que mentir sobre o Kyle. Eu queria poder sair de mãos dadas com ele, beijá-lo em público e todas essas coisas que casais fazem.

Só que as coisas não saíram muito bem. Quando contei para os meus pais que sou homossexual, foi uma tragédia. Eles não aceitaram, meu pai gritou comigo, minha mãe não me aceitou, ela me olhava com nojo. Meu pai também foi à mesma coisa, na verdade, ele me deu uma surra que até hoje tenho pesadelos. Como se uma surra fosse me fazer voltar ao “normal”, como ele disse.

Depois que falei, fui tratado como lixo dentro da minha própria casa. Era horrível. Eu me sentia mal, chorava, e não sabia mais o que fazer. Meu irmão mais velho, Greg, foi o único que me apoiou. Mas ele não podia fazer nada pra me ajudar, porque ele ainda depende dos nossos pais financeiramente.

Mas a minha sorte mudou quando a tia Belle, irmã mais nova da minha mãe, apareceu na véspera de Natal da casa da minha avó. Todos na minha família me trataram mais estranho do que os meus pais. E a tia Belle sempre foi a minha preferida, talvez porque ela é nova, e a ovelha negra da família – como ela gostava de dizer.

Porque a tia Belle sempre foi rebelde, nunca gostou de ficar calada, sempre foi muito sincera e falava aquilo que pensava, doa a quem doesse. Ela é divertida, risonha e brincalhona. Ela mora em Dublin, desde que foi aceita numa das melhores universidades da Irlanda. E pra melhorar tudo, ela era formada em Gastronomia e tinha um restaurante mega famoso por lá.

Enfim, quando eu contei o motivo de toda a família estar me tratando como se eu tivesse uma doença contagiosa, ela ficou uma fera. Falou poucas e boas pra todos que estavam presentes. Meus pais não sabiam onde enfiar a cara.

A parte mais legal de tudo e ao mesmo tempo a que me fez chorar mais ainda, meus pais deram a minha guarda pra ela. Porque nas palavras deles, eu não fazia mais parte da família, eu não era mais o filho caçula deles. Isso doeu tanto, ver o ódio e a mágoa deles pra mim foi péssimo. E desde que eu fui embora, perdi completamente o contato com eles, tem praticamente um ano isso. A única pessoa com quem tenho contato é o Greg.

Em contrapartida, morar com a tia Bella era a coisa mais legal do mundo. O apartamento dela era enorme, eu tinha meu próprio quarto. E quando eu não estava na escola nova, em Dublin, eu passava o tempo no restaurante dela. Era muito legal.

Eu e Kyle aguentamos um namoro à distância, mas não durou muito tempo. Enfim, na escola nova, tinha programa de intercâmbio. Eu sempre tive vontade de fazer e a tia Belle me encorajou, disse que me ajudaria sempre que eu precisasse e cá estou.

Na Inglaterra, mais precisamente em Holmes Chapel. Eu estava na casa da família Styles, que era composta pela Anne e pelo Harry. Anne, mãe do Harry, trabalhava como enfermeira do maior hospital da cidade e quase não parava em casa, o Harry era seu filho e um grande garoto.

Ele era doce, gentil e muito inteligente. Eu gostei dele desde quando pisei com meus pés em sua casa. Ele não tinha muitos amigos, na verdade, acho que eu era o seu único amigo. Mas ele diz que é por escolha própria, ele gosta de ser antissocial.

I Want You [AU Larry Stylinson]Onde histórias criam vida. Descubra agora