Lightsaber - Long Imagine

My guardian

        Estava sentada sobre a cama encostada as costas em uma das quinas das paredes, onde consegua ver a janela, e abraçava meus joelhos, procurando algum lugar que conseguisse um pouco de conforto.O céu estava escuro, tinha certeza que era madrugada, tentei dormir, prometo não ter sido por falta de esforços, mas toda vez que pensava em fechar meus olhos, lembranças de meu irmão, vinham carregada pela voz de D.O que me explicava como havia ido parar ali, o que de fato foi um tanto bizarro.

    Ontem, quando finalmente me recuperei parcialmente, o suficiente para caminhar, D.O ajudou-me a ir, quando ia ajudar Kai, ele simplesmente se recusou a receber minha ajuda.Quando cheguei em casa com muito esforço, sentei-me no sofá sem dizer uma única palavra, D.O disse que durante a noite, havia ouvido um ruído vindo de meu quarto e foi ver, quando chegou lá, não me achou e a janela estava aberta, e ele foi atrás de mim.Quando me encontrou entre muitas peças de robôs estilhaçados e jogados no chão, e como ele ainda estava fraco, não conseguiu me deter, e Kai susgiu para tentar me deter, foi quando comecei a brigar com ele.E comentou que eu parecia totalmente feliz o fazendo.No final, quando já havia conseguido machucar Kai a um certo ponto, estava prestes a matá-lo e aconteceu tudo aquilo.Mas juro não me lembrar de nada de janela, matança...Mas não iria falae nada em minha defesa, pois sim, eu senti minhas mãos envolta de uma arma capaz de matar.E deixe a caneca sobre a mesa baixa da sala e subi as escadas.Precisava de um tempo para processar tudo que acontecia.Me recusei a sair de meu quarto o resto do dia.Não estava com apetite para refeições, muito menos cara para encarar outras pessoas, não queria curativos superficiais, porque as feridas eram mais profundas que isso.

    E novamente o céu estava escuro de novo, e passou por minha mente, se eu dormisse aquilo aconteceria de novo.E senti meu coração se estilhaçar ao lembrar da pequena figura ruiva que me encarava com aquele sorriso fraco e sussurrando um baixo: Obrigado...E mais lágrimas caíam de meus olhos.Eu...Eu...Não tenho desculpa...Não muito distante de mim, o cabo da lightsaber brilhava entre as partes foscas.E senti meu pescoço quente, e tomei o colar que Kai havia de dado de presente de aniversário, vendo seus detalhes, mas mesmo assim, lágrimas caíam sobre o pingente.Como fui capaz?Do que fui capaz...Havia retirado a bandagem do braço para finalmente poder ver claramente sua forma.Deixei meu queixo encostar em meu joelho e fiquei olhando para o céu, os flocos de neves, as luzes da cidade.Tudo parecia tão diferente agora, até mesmo a luz que emanava.Mas não sabia se alguma luz era capaz de alcançar-me novamente.E vi aquela garotinha que se trancou no quarto, a procura de um conforto.E abracei mais meus joelhos contra mim.

    Por favor, faça isso parar...Faça essa dor parar...Implorava para mim mesma.Mas só queria superar isso sozinha, no final das contas, fui eu que causei...novamente.Eu ia conseguir, sabia disso.Precisava conseguir.Meu corpo tremia, mas não conseguia sentir o frio mesmo vendo minha mãos empalidecerem a tal ponto quase irreversível.O vento que vinha da janela parecia ser o único capaz de secar as lágrimas, e arrumar meus cabelos.

    Meus olhos não conseguiam sair da janela, assim como meu corpo se recusava a sair daquela posição também não gostaria que isso acontecesse.Quando o vento bateu sobre meu corpo novamente respirei fundo, e sentia minhas artérias frias...Mar...Ondas...Estrelas.Levantei-me e me sentei a beira da janela, gostaria de ter a beleza da paisagem da cidade diante de meus olhos, poder traçar as cores fortes do laranja e vermelho dos postes e luzes.E meu dedo corria pelo ar traaçando uma linha curva.Assim como as lágrimas traçavam seu caminho pelo meu rosto.A marca em meu braço pareciam ainda mais destacadas nessas cores me fazendo sentir como se fosse um monstro preso em uma jaula.

    Ouvi um estalar leve vindo de minha cama, e antes que me virasse.Sinto 2 braços fortes me envolverem, e um rosto cair sobre meu ombro entre meu cabelo negro.

    E logo sequei as lágrimas de um olho, quando ia limpar com a outra mão, sua mão segura meu pulso e o posiciona sobre sua outra mão.

    -Está gelada...-Comentou, sua voz parecia, pesada e rouca.Mas mesmo assim com seu tom único.

    -Kai, devia estar dormindo.-Repreendi-o, segurando as lágrimas, e tentando manter uma voz autoritária.Não me virei, apenas fiquei olhando para a longínqua luz amarela que vinha do centro da cidade.

    -Quem sou eu para dormir quando sei que do outro lado, há uma pessoa que sofre sozinha?- Sua voz ainda estava abafada contra meu ombro.

     -Não preciso do seu conforto.- Sussurrei.Kai, não faça isso comigo quando sabe que estou machucada...Assim não dá...

    -Não precisa aguentar tudo sozinha, Channie.- Sussurrou ele em meu ouvido, me abraçando mais forte, e essa foi a gota da água.Meus ombros tremiam, e as lágrimas caíam.

    -Por que não vai, Kai?- Minha voz falhava mesmo quando tentava falar baixo.Ele faz que eu olhe para ele, ao me encarar nos olhos diz:

    -Porque sou seu guardião.- Responde ele, beijando levemente o topo de minha cabeça enquanto afagava-me os cabelos.E não conseguindo mais me aguentar abraço-o pelo pescoço, e não contenho mais meus sentimentos guardados...Quando achei que tudo poderia ser reconstruído sozinha, quando achei que poderia viver por minha conta...Ele apareceu, para dizer o contrário.Ele apareceu para ser o pontinho de chama na escuridão...

    -Me desculpe pelo que fiz, Kai...Me desculpa.- Sussurrava entre soluços.

    Cuidadosamente, Kai tirou-me da janela, sentou-se no meu canto colocando um lençol sobre seu colo e deitou-me de modo que eu pudesse deitar minha cabeça em seu colo, dando uma visão boa do céu.E me cobriu com meu cobertor não muito grosso.E afagava meus cabelos enquanto sussurrava:

    -Tudo irá ficar bem...Está tudo bem...

    -Não quero dormir, tenho medo...- Falei, enquanto sentia seus dedos correrem entre os fios negros.

    -Estou aqui...Não irei deixar nada te machucar.- Garantiu ele.

    -Não tenho medo que me machuquem..Tenho medo de machucar os outros...Tenho medo de machucar você.- Esclareci.

    -Não vai...- sussurrou.Seus rosto se aproximou do meu, mas desceu um pouco mais, sentia seu hálito quente sobre meus lábios, e senti um frio no estômago, e me coração disparou, Kai aproximou-se um pouco mais, falta pouquíssimo para que nossos lábios se encontrassem quando ele voltou um pouco e beijou levemente a ponta de meu nariz, e antes que eu pudesse encará-lo nos olhos, ele os tampou.

    -Durma...- Disse ele, e como toque de mágica, adormeci lentamente.