Capítulo 3

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Cheguei cedo à delegacia, ela ainda não tinha chegado.

Meus pensamentos foram inundados por sua imagem, essa delegada está me deixando cada vez mais envolvido.

Passava das oito quando recebi um telefonema.

— Mendes, onde você está? — perguntou Leona me fazendo tremer.

— Estou na delegacia — respondi.

— Venha ao museu do Ipiranga, estou aqui e preciso de você — ordenou.

— Estou a caminho — respondi.

— A caminho do museu, fiquei pensando que não seria nada fácil receber ordens de uma mulher, mas se fosse pra ser assim, que fosse uma beldade como Leona.

Assim que estacionei, ela veio ao meu encontro.

— O que aconteceu aqui chefe? — perguntei à delegada, que estava linda maquiada, com óculos de sol ray-ban e com uma calça jeans apertada e uma camisa branca que dava pra imaginar seus seios pequenos e bem firmes.

— Foi roubada uma coleção de moedas, não entendo muito disso, mas ainda executaram o guarda que vigiava a ala, precisamos resolver — ela respondeu nitidamente nervosa.

Enquanto pegávamos o depoimento de alguns funcionários, eu me deslumbrava com a magnitude do museu que era um palácio no estilo Renascença italiana, em forma de "E", com belo corpo central, precedido de nobre escadaria e pórticos, e duas alas laterais, com certeza uma das mais belas arquiteturas em São Paulo, sem contar o imenso jardim que ficava em torno do palácio.

Fiquei observando a maneira como a delegada fazia as perguntas e ela tinha um jeito especial em tirar informações dos funcionários.

— Quero que peça para o soldado Alcântara tome nota de nomes e endereço de todos os funcionários que trabalhavam no momento no Museu, também quero os que entraram no turno atual, vamos fazer novos depoimentos na delegacia, depois de passar o momento de susto, quem sabe alguém venha a se lembrar de algo mais, quem roubou conhece tudo que acontece aqui dentro, não há sinais de arrombamento, quem entrou fazia parte da rotina do Museu — ela dizia com uma certeza absurda.

— Sim senhora — respondi.

— Ah quero essa ala evacuada para que os peritos possam colher provas e digitais, qualquer coisa estarei na delegacia — concluiu me olhando por cima dos óculos de sol, que a deixavam ainda mais sexy.

— Vá tranquila delegada, cuido de tudo aqui — respondi de prontidão.

Ela se foi e acompanhei seu caminhar até o fim do corredor, ela rebolava de um modo sensual que me deixou excitado.

"O que está acontecendo comigo?"

Aproximei-me do corpo do segurança sem vida e chamei um dos peritos.

— César o que me diz da cena? — perguntei ao perito que examinava o corpo colocando plaquinhas no chão para fotografar.

— Quem o matou, conhecia a vítima — respondeu.

— O que te faz pensar assim? — insisti na pergunta.

— Não há sinais de luta, é como se ele participasse do roubo, deve ter sido queima de arquivo. Sabe quando você conhece a pessoa e sabe o que ela vai fazer e para que ninguém saiba a pessoa resolve eliminar provas, foi isso que aconteceu — respondeu me fazendo estremecer, quem teria essa frieza, um tiro na cabeça de alguém que se conhece.

— A pessoa que o matou, teve muito tempo, roubar uma coleção assim, precisa de tempo e outra o alarme não soou, com certeza o segurança ajudou — disse César.

— É verdade. Pra roubar uma coleção enorme assim, precisa de tempo e ajuda — falei vendo o local.

— Tem marcas de salto alto, foi uma mulher, pelo visto calça número 37 — disse César com exatidão.

Resolvi ligar para a delegada e colocá-la a par das informações cedidas pelo perito.

— Delegada Prada — ela disse assim que atendeu.

— Delegada, é o Mendes. Nosso perito descobriu algumas coisas, resolvi ligar e colocá-la a par — respondi.

— O que ele descobriu? — perguntou curiosa.

— Ele acha que foi uma mulher e o segurança participou do roubo, morreu por queima de arquivo — respondi.

Ela não respondeu nada e ficou em silêncio por alguns segundos.

— Está me ouvindo delegada? — perguntei novamente.

— Sim. Desculpa estava dirigindo, como ele sabe que se trata de uma mulher? — ela perguntou.

— Ele viu a marca do salto alto número 37 e como o alarme não soou e não há sinais de luta no corpo do segurança, ele chegou a essas informações — respondi.

— Entendi. Volte para a delegacia, precisamos trabalhar nisso, vou me ausentar amanhã e precisamos conversar sobre isso, a imprensa vai cair em cima — respondeu desligando em seguida.

Aproximei-me do perito que estava acompanhando enquanto o local estava sendo fotografado — César estou voltando para a delegacia, qualquer coisa me avise — disse colocando o celular no bolso.

— Pode deixar capitão — respondeu acenando com a cabeça.

Sai do museu e fui direto para a delegacia, quando cheguei, enquanto estacionava o carro, meu celular tocou.

— Mendes falando — respondi assim que atendi.

— Luka, é a Fernanda. Já descobriram algo a respeito do roubo? — perguntou Fernanda, repórter de um canal de TV que conheço há anos.

— Fernanda ainda não posso liberar informações, quando puder eu te ligo — respondi.

— Eu te conheço Luka, e sei que está escondendo algo, o que foi? Conta-me — ela insistiu.

Fernanda é muito insistente, tivemos um envolvimento, eu fazia faculdade e ela me fazia muito bem, mas como eu não tinha tempo para nada além de meus estudos, ela acabou se envolvendo demais e me cobrava atenção, então resolvi terminar o que tínhamos, não era nada sério, só encontros casuais. Fernanda sabia envolver um homem, tem um corpo escultural, loira, e sexualmente falando, era um terremoto, sabia como fazer e o que fazer para me enlouquecer.

— Fer, por favor, você sabe que não posso. Dê-me alguns dias, se eu puder liberar informações eu prometo que será a primeira — respondi.

— Ok. O que tem pra me dizer sobre a delegada que assumiu o caso? — perguntou me pegando de surpresa.

— Como assim? — retruquei.

— Eu a vi no museu, ela é muito jovem, acha que ela é competente?

— Creio que seja, ou não teria assumido. Ela tem se mostrado muito profissional, sem intimidades com ninguém — respondi.

— Já vi tudo, está querendo algo com ela? — perguntou de maneira indiscreta.

— Que isso Fernanda, você malícia tudo. Acho que isso não interessa seus telespectadores — respondi contrariado.

— Eles não, mas a mim sim. Afinal, você e eu estamos esperando nossa hora certa, não estamos? — ela perguntou me fazendo sorrir.

— Fer, o que tínhamos foi ótimo, mas já passou — respondi sincero.

Ela desligou na minha cara. Deve ter ficado muito brava, mas não quero algo com alguém, estando tão louco pela delegada, não podia correr risco de estar com alguém.

e

Uma bandida em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora