Capítulo 4

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Quanto mais investigávamos mais distante de um culpado nós chegávamos.

Fiquei mais próximo de Leona, que se mostrava durona em todos os momentos na delegacia, era uma mulher implacável, sempre cobrando resultados da equipe e não media esforços para conseguir respostas, cada dia que passava percebia ainda mais sua revolta por não conseguir pegar a responsável pelo latrocínio no Museu Ipiranga.

Meu telefone tocou e grande foi minha surpresa quando atendi.

— Mendes — respondi assim que atendi.

— Mendes preciso de você aqui no bairro Butantã, anota ai o endereço — Leona disse, enquanto eu pegava uma caneta e um papel para anotar.

— Pode falar doutora — respondi.

— Rua: Miguel Silva, logo depois de uma padaria você já vai ver a movimentação — disse me deixando surpreso.

Eu tinha um amigo que morava ali e o visitava sempre, mas tivemos uma discussão por causa de Fernanda, assim que ele me confessou que a amava e até mesmo por esse motivo eu deixei de vista-lo e me afastei dela.

— Já estou a caminho doutora — respondi preocupado.

Peguei o carro e um filme foi passando por minha mente. Recordei de minha amizade com Gabriel que sempre foi muito intensa.

Cheguei próximo a padaria e percebi que estava de frente a casa dele, fui me aproximando e assim que entrei vi a delegada dando ordens para os peritos.

— Estamos com um problema enorme aqui Mendes — ela disse franzindo a testa.

— O que aconteceu aqui? — perguntei sem entender direito e com medo de que o pior tivesse acontecido com Gabriel.

— Você já esteve aqui? — ela perguntou enquanto nos distanciávamos do resto da equipe.

— Sim, tenho um amigo que mora aqui, ele está bem? —perguntei confuso.

— Ele não está muito bem, a ambulância o levou daqui ha poucos minutos, levou um tiro e estava muito fraco, mas antes de ir disse quevocê atirou nele — ela disse me deixando sem reação — Você fez isso Mendes?

— Não, eu. Faz tempo que nem aqui venho — expliquei tentando me fazer entender.

— Eu infelizmente terei que afastá-lo até conseguirmos investigar isso direito e você será preso, sinto muito Mendes. Eu te aconselho a procurar um advogado e tente um habeas corpus — ela disse me fazendo desesperar. Sempre fui tão honesto, não acredito que isso tudo está acontecendo. Não conseguia esboçar reação, meus olhos se encheram d'água.

— Vou levá-lo comigo para a delegacia e de lá você liga para um advogado de confiança, sabemos como é complicado essa burocracia — ela dizia tudo com certa frieza e não me algemou, só me acompanhou até o carro e eu fui com ela para a delegacia.

No caminho liguei para um amigo de faculdade que tinha se tornado um dos mais respeitados advogados de São Paulo, pedi que ele me encontrasse na delegacia o mais rápido possível.

— Delegada, você acredita em mim? — perguntei tentando saber sua opinião.

— Quer a verdade Lucas? — retrucou com outra pergunta.

— Sim, por favor — respondi.

— Acredito sim, se você veio assim que o chamei, não tinha ideia do que havia ocorrido, só um idiota viria no local de um crime que cometeu sem ser acompanhado por um advogado, o tiro que seu amigo levou foi leve, não pegou nenhum órgão vital, é como se tivesse atirado para incriminar alguém e não para matar — ela respondeu me deixando mais aliviado.

Uma bandida em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora