Lucas Mendes
Cresci vendo meu pai trabalhar em prol ao cidadão, claro que ele era uma pessoa muito extrema.
Em casa sempre foi muito carinhoso e atencioso comigo, minha mãe e meu irmão Adriano, mas quando trabalhava era um carrasco, não tinha nenhuma compaixão com bandidos ou drogados, ele não admitia drogas, já ouvi dizer que não prendia traficantes, ele os executava e nunca pagou por isso, eu já tenho outro posicionamento, acho que todos tem direito a uma segunda chance. Entrei para a Polícia Federal, logo depois que me formei em direito, foi uma conquista para meu pai, que fazia questão de me fazer entender como ser respeitado na polícia.
Depois de tanta injustiça e corrupção que vi dentro da própria polícia, fui me tornando mais frio e sem os propósitos que sonhava.
Meu irmão não quis ser policial, continuou estudando e virou juiz, se mostrando implacável. Adriano é dois anos mais velhos que eu e seus valores eram insuportáveis, todos o conheciam como justiceiro, se achasse que tinha feito algo injusto em uma sentença, ele fazia questão de investigar e reparar o erro. Meu irmão é um ser humano ímpar.
Ano passado, meu pai jogava no campo da polícia, junto com outros policiais, ele teve um infarto fulminante e morreu, foi um tempo difícil, minha mãe se fechou ainda mais. Ela sempre foi muito triste, mas ultimamente tem ficado muito mais quieta, dificilmente ela fala algo e temos notado que ela quando fala algo, não fala nada com nada, muitas vezes me chama de Carlos, ou seja, me confunde com meu pai. A levamos ao médico que a diagnosticou com Alzheimer.
Logo depois da morte de meu pai, comecei a ser seguido e pensei que fosse algum inimigo, ou alguém que eu tenha prendido em algum momento, mas alguns meses depois recebi um telefonema estranho.
Estava na sala do delegado me despedindo dele que seria designado para outra cidade e recebi um telefonema.
— Capitão Mendes — disse assim que atendi.
— Luka você receberá um endereço e deve comparecer na hora marcada, não se atrase e venha sozinho, é Farone — disse o homem do outro lado da linha, desligando em seguida.
Achei estranho, mas percebi que ele disse um nome muito familiar. Muitas vezes ouvi meu pai por horas no telefone com esse Farone.
Eram amigos com certeza, pois percebia risadas e brincadeiras entre eles por telefone. Decidi arriscar e ir encontrá-lo, por mais estranho que parecesse. Recebi a mensagem com o endereço e na hora marcada fui ao encontro.
O local era um galpão abandonado, tudo muito suspeito, mas entrei.
Entrei e peguei minha arma indo com cuidado, poderia ser uma cilada e eu não morreria sem matar alguém para me defender.
De repente fui surpreendido por dois homens por trás, eles me desarmaram e me levaram até um homem baixinho e careca, que me olhava como se estivesse tentando entender meus pensamentos.
— Luka meu filho, quanto tempo? — ele disse vindo em minha direção e olhando para os homens que me seguravam que automaticamente me soltaram.
Quando ele se aproximou mais, lembrei dele.
Quando era criança meu pai me levou ao parque Ibirapuera e conheci Farone que brincou comigo, gostei dele, mas nunca mais o vi.
Ele me abraçou e eu fiquei sem ação, só esperando que ele dissesse o porquê eu estava ali. Então me convidou para sentar em sua frente e começou a explicar o porquê eu fui chamado.
— Luka, creio que você se lembre de mim e saiba que seu pai e eu éramos muito amigos — disse colocando sua mão em cima da minha.
— Sim, me lembro do senhor e já ouvi algumas vezes conversas entre meu pai e você — respondi retirando minha mão.
— Eu chamei você aqui para dizer que seu pai, deixou você para ficar no lugar dele.
— No lugar dele, em que? — perguntei sem entender nada.
— Somos uma equipe, trabalhávamos juntos em algumas tarefas extras, o trabalho de seu pai era defender nossa equipe, mesmo que para isso fosse necessário queima de arquivo — ele explicou.
— Pelo que estou entendendo, nada do que faziam era dentro da lei? — perguntei arqueando a sobrancelha.
— Lei? A lei é muito falha. Fazemos nossa própria lei aqui. Existe muita gente que merece que nós façamos a justiça, se é que me entende? — disse de maneira enfática.
— E o senhor acha que eu vou substituir meu pai em algo assim? Sou um homem que não faz justiça com as próprias mãos e não vou fazer parte disso — falei vendo seu semblante mudar.
— Vou te dar um tempo para pensar a respeito, tenho certeza que vai levar em consideração tudo que seu pai fez e se ele o designou como substituto, creio que fará a coisa certa — ele disse terminando nossa conversa.
Os capangas me acompanharam até a outra entrada do galpão e devolveram minha arma, saí o mais rápido possível, precisava pensar em como acabar com este grupo de justiceiros, só não sabia como ainda. Precisava revirar as coisas de meu pai e ver o que poderia achar.
No outro dia fui à delegacia para dar as boas vindas ao novo delegado a quem começaria a me reportar. Assim que entrei o tenente Alcântara veio falar comigo.
— Mendes, você não vai acreditar. Quem vai substituir o delegado Santos é uma mulher — ele disse sorrindo, de forma irônica.
— O que tem de engraçado nisso Alcântara? — perguntei tentando entender a ironia dele.
— A ironia é que ela é linda e jovem — respondeu.
— Que bom, assim vamos ter uma mais incentivo de visitar a delegacia — respondi sorrindo.
— Vá e veja com seus próprios olhos.
Despedi-me dele e bati na porta do delegado.
— Entre — uma voz delicada veio de dentro da sala.
Assim que entrei, meus olhos não acreditaram no que viram. A mulher era um espetáculo, loira platinada, alta, olhos azuis como o mar, sobrancelha arqueada e um corpo deslumbrante. Automaticamente fiquei excitado, nunca tinha visto uma mulher tão sensual.
— Senhora — disse batendo continência.
— Como vai senhor? — ela perguntou estendendo a mão para me cumprimentar.
— Capitão Mendes senhora — respondi cumprimentando-a.
— Sou a delegada Prada, muito prazer — disse me cumprimentando.
Sua mão era macia e muito delicada, seu perfume era doce e seus lábios vermelhos e carnudos.
— Vim lhe dar as boas vindas e dizer que pode contar comigo para o que precisar doutora — disse tirando dela um sorriso que quase me deixou de quatro.
— Obrigada Capitão, agradeço muito e espero que possamos trabalhar bem juntos, se puder me inteirar do que estão fazendo aqui no momento, lhe serei grata — ela respondeu.
— Faço questão doutora. Vou buscar alguns casos nos quais estamos trabalhando e coloco-a par de como estão — disse sem parar de encará-la.
— Obrigada, estarei aqui aguardando — ela respondeu enquanto eu saía da sala.
Não conseguia me conter perto daquela mulher. Percebi que ela não usava aliança e me animei, preciso ter essa mulher, mas pra conquistar sua admiração, preciso conseguir ficar perto dela sem demonstrar o tempo todo que a estou a comendo com os olhos.
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Uma bandida em minha vida
Genç Kız EdebiyatıLeona é delegada federal e está sempre a frente dos casos de homicídios, tem ao seu lado o tenente Lucas que além de seu subalterno é seu companheiro de crimes e amante, mas ele vai descobrir que nem fazendo tudo que ela quer a fará permanecer ao se...