Capítulo 6

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Fiquei pensando enquanto Leona falava e não podia sair da organização, se isso acontecesse, estaria acabado na polícia e talvez virasse alvo e morreria, afinal eles tem poder para me aniquilar de vez e perderia a mulher que desejo, se tá no inferno abraça o capeta e segue a vida.
O meu celular tocou enquanto conversávamos, Leona me olhou curiosa.
— Quem é? — perguntou tentando esticar o pescoço para ler o número que chamava.
— É o Farone — respondi.
— Atenda logo então — disse como se ordenasse.
— Alô — falei ao atender.
— Lucas coloque no viva voz — Farone ordenou.
Coloquei no viva voz e Leona ficou me olhando.
— Estarei enviando as coordenadas para que tire alguém do nosso caminho, não quero objeções, quero serviço bem feito. Leona o auxiliará, entendido? — Farone disse esperando nossa resposta.
— Sim senhor — respondeu Leona, em seguida me olhou, como se pedisse que eu dissesse a mesma coisa.
— Lucas? — perguntou Farone.
— Sim senhor — respondi e ele desligou em seguida.
Assim que coloquei o celular na mesa, fiquei pensativo e Leona colocou a mão em cima da minha, fazendo-me encará-la.
— Isso vai ser fácil, não se preocupe.
— Não sei não. Estou com mau pressentimento — respondi.
— Pare de bancar o medroso, logo estará acostumado com esse tipo de telefonema. Pense que estamos fazendo justiça de alguma forma — disse levantando-se e vindo em minha direção.
— Justiça pra quem? — perguntei.
— Ninguém morre inocente, pare de se preocupar com esses imbecis. Ei! Olhe para mim — disse sentando-se em meu colo.
— O que foi? — perguntei olhando em seus olhos.
— Confie em mim, ninguém desconfiará de nós dois. Estamos acima de qualquer suspeita.
— Você pode ser, eu acabo de ser processado por tentativa de homicídio doloso, esqueceu? — disse a fazendo levantar e ficando de pé.
— Fique tranquilo, à partir do momento que entrou na organização, tudo já foi resolvido. Agora seu amigo será processado por perjúrio e seu processo será arquivado — explicou me aliviando.
De repente chegou uma mensagem no celular de Leona, que leu e sorriu.
— O que foi? — perguntei.
— As coordenadas chegaram, vou adorar matar esse infeliz — disse sorrindo.
— Quem é o alvo? — perguntei.
— Não posso dizer agora, assim que chegarmos no local você saberá. Precisamos nos vestir. Teremos que ir ao encontro onde ele estará com cento e cinquenta milhões — explicou.
— Que dinheiro é este? — perguntei.
— Este dinheiro é de um caso da polícia. Ele terá que devolver para a organização, mas temos notícias que não foi tudo que ele pegou, isso é só dez porcento do apreendido. Ficou com o resto, então pagará por isso. O bom é que ficaremos com vinte porcento dos cento e cinquenta. E ai ficou animado? — perguntou sorrindo.
— Um milhão e meio para cada um de nós para matar alguém? Pelo que estou percebendo se trata de alguém do alto escalão da polícia — conclui sendo abraçado por ela.
— Exatamente. Este cara deixou minha mãe morrer na minha frente sem fazer nada para ajudar. Ele nem imagina que eu era a criança que ele chutou e enviou para um orfanato — respondeu com tristeza.
— Se é assim, não ficarei com remorso em acabar com ele — disse beijando sua testa.
Nos trocamos e saímos em seguida. O encontro foi marcado em uma rua sem movimentação em Santo Amaro.
No carro de Leona, havia um arsenal de armas com silenciador, todas roubadas, ela me entregou um par de luvas de couro e depois uma das armas.
— Assim que o ele entregar o dinheiro, descarregue a arma nele, depois jogue esta arma em cima dele. Não terá digitais suas, mas terá digitais de algum dono de boca da favela. Fique tranquilo.
— Melhor assim — respondi.
Ficamos de tocaia, o policial chegou e quando o vi, me surpreendi, era um dos melhores amigos do meu pai, o major Fraga. Ouvia sempre falarem de como ele era implacável com bandidos. Quando ele viu que eu o esperava, veio sorrindo e me abraçou.
— Não acredito, Mendes! — disse sorrindo e me abraçando.
— Major como vai? — perguntei sorrindo.
— Você tomou o lugar de seu pai. Não acreditava que conseguiriam te convencer, mas estou feliz que tenha aceitado.
Ele não tinha ideia de que eu estivesse ali para matá-lo.
— Meu pai me deixou quase obrigado a aceitar, mas não reclamo, ainda mais sabendo que tenho amigos comigo — respondi.
— Pode contar comigo, garoto. Temos muitos contatos. Além de podermos matar esses bandidos que acabam com nossa sociedade, aqui está o dinheiro, pode levar para Farone, não precisa nem contar, está tudo ai — disse entregando-me a mala.
Antes que eu atirasse Leona se aproximou.
— Major? — disse sorrindo.
— Quem diria, delegada! Você também? — perguntou surpreso.
— Pra você ver Major. Somos a banda podre da polícia, não é mesmo? — perguntou sorrindo de maneira sensual. Seus olhos não demonstravam o ódio que sentia por ele.
— Somos os responsáveis por tirar a escória da sociedade minha cara.
— Engraçado ouvir isso, se somos responsáveis por eliminar a escória, não entendo o que minha mãe tinha com isso — disse mudando suas feições. Dava pra ver o ódio transparecer em seus olhos.
— Não entendi doutora — disse Fraga.
— Alguns anos atrás, você deixou uma mulher morrer em uma vala e não a ajudou, pelo contrário, deixou que uma criança visse sua mãe morrer e depois de chutá-la ainda a enviou para um orfanato qualquer — Leona dizia pausadamente se aproximando dele.
— Você era a menina? — perguntou.
— Sim — Leona respondeu.
— Você sabe que não tinha o que fazer, se tivesse dado tempo de salvá-la talvez hoje estaria como ela, uma drogada jogada em uma boca de fumo qualquer. Deveria me agradecer de tê-la enviado para um orfanato que a transformou em uma pessoa melhor. Olhe pra você menina — disse despertando ainda mais o ódio de Leona que pegou a arma.
— O que foi? Vai me matar? Ficou louca? Se fizer isso o Farone te elimina — debochou olhando-a de forma sarcástica.
— Não teria tanta certeza disso, afinal, ele sabe que você só está entregando dez porcento do que pegou do caso, ou não? — perguntou o surpreendendo.
Ele então tirou a arma de dentro do terno e foi se afastando.
Sem pensar atirei em sua cabeça e ele caiu no chão. Leona então descarregou sua arma no Major e começou a chorar gritando.
— Desgraçado, vai para o inferno!
Me aproximei dela e a abracei — Vamos sair logo daqui. Jogue a arma — ordenei.
Jogamos a arma dela e a minha e saímos do local, levando a mala.
Enquanto eu dirigia, ela não falou nada, seus olhos estavam fechados e ela pensativa.

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Uma bandida em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora