quinta-feira, 15 de julho de 1993
Parte um - A história de Louis
Brixton, Earls Court e South Yorkshire
Atualmente as noites e as manhãs têm uma tendência a se confundir umas com as outras. As antiquadas noções de manhã e tarde tornaram-se obsoletas, e Louis tem visto mais amanheceres do que costumava.
No dia 15 de julho de 1993 o sol nasce às 5h01. Louis observa isso do banco de trás de um decrépito minitáxi ao voltar para casa vindo do apartamento de um estranho em Brixton. Não exatamente um estranho, mas um amigo novo em folha, um dos muitos que tem feito nesses últimos tempos, dessa vez um designer gráfico chamado Gibbs ou Gibbsy, ou talvez fosse Biggsy, e seu amigo, um garoto maluco chamado Otto, uma coisinha minúscula que parece um passarinho, com pálpebras pesadas e sonolentas e uma boca larga escarlate que não falava muito, preferindo se comunicar por meio de massagens.
É Otto quem ele conhece primeiro, pouco depois das duas da manhã, numa boate embaixo dos arcos da ferrovia. Observou-o a noite toda na pista de dança, um grande sorriso no rosto extravagante ao surgir de repente e começar a massagear os ombros ou nucas de desconhecidos. Finalmente chega a vez de Louis e ele concorda, sorrindo, e espera o lento reconhecimento. É claro que o garoto franze o cenho, leva o dedo até perto da ponta do nariz dele e diz o que todos dizem agora:
- Você é famoso!
- E você, quem é? - ele grita mais alto que a música, pegando as duas mãos pequenas dele entre as suas, segurando-as de lado como se aquilo fosse um grande reencontro.
- Eu sou o Otto!
- Otto! Otto! Oi, Otto!
- Você é famoso? Por que você é famoso? Conta para mim!
- Eu trabalho na TV. Trabalho num programa chamado curtindo todas. Faço entrevistas com artistas pop.
- Eu sabia! Você é famoso! - grita, deliciado, erguendo-se na ponta dos pés e beijando o rosto dele, e faz isso de um jeito muito encantador.
- Você é uma graça, Otto! - ele fala por cima da música.
- Eu sou uma graça! - ele repete. - Sou uma graça, mas não sou famoso!
- Mas deveria ser famoso! - grita Louis, as mãos na cintura dele. - Acho que todo mundo deveria ser famoso!
O comentário é irrefletido e não quer dizer nada, mas o sentimento parece comover Otto, pois ele diz "Aaaaaaaah", fica na ponta dos pés e descansa sua cabeça de duende no ombro dele.
- Acho você uma graça - grita no ouvido dele, e Louis não discorda.
- Você também é uma graça - retribui, e os dois são envolvidos por um ir e vir de "você é uma graça" que poderia continuar para sempre.
Agora estão dançando juntos, encostando as bochechas e sorrindo um para o outro, e mais uma vez Louis é surpreendido pela facilidade com que uma conversa acontece quando ninguém está em seu perfeito juízo. Antigamente, quando as pessoas só podiam contar com o álcool, falar com alguém envolvia diversas formas de contato visual, pagar umas bebidas, horas de interrogatório formal sobre livros e filmes, sobre os pais e os irmãos. Mas nos dias de hoje é possível passar quase imediatamente de "qual é o seu nome?" para "me mostre a sua tatuagem", digamos, ou "qual a cor da cueca que você está usando?", e sem dúvida isso tinha de ser um progresso.
- Você é uma graça - grita Louis, enquanto o menor encosta as nádegas nas coxas dele. - Você é pequenininho. Parece um passarinho!
- Mas sou forte como um touro - ele fala por cima do ombro e flexiona um bíceps bonito, do tamanho de uma tangerina. É um bíceps pequeno, tão legal que o maior não consegue deixar de beijá-lo. - Você é ótimo. Você é muuuito legal.
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One Day || Larry Stylinson
FanfictionVocê pode passar a vida inteira sem perceber que aquilo que procura está bem na sua frente. Louis Tomlinson e Harry Styles conheceram-se em 1988. Ambos sabem que no dia seguinte, após a formatura na universidade, deverão trilhar caminhos diferentes...