segunda-feira, 15 de julho de 1996
Leytonstone e Walthamstow
Harry Styles está deitado de barriga para cima no chão do escritório do diretor, com a blusa amarrotada em torno da cintura e expira devagar pela boca.
— Ah, a propósito, a nona série precisa de mais exemplares de Cider With Rosie.
— Vou ver o que posso fazer — responde o diretor, abotoando a camisa.
— Então, aproveitando que estou deitado no seu carpete, tem mais alguma coisa que você queira discutir? Questões orçamentárias, alguma inspeção do Ministério da Educação? Algo que queira analisar outra vez?
— Eu gostaria de analisar você outra vez — ele responde, deitando-se de novo e cheirando o pescoço dele. É o tipo da insinuação sem sentido na qual o senhor Winston (Ben) é especialista.
— O que significa isso? Não significa nada. — Harry estala a língua, afasta-se dele e se pergunta por que o sexo o deixa tão mal-humorado, mesmo quando é agradável. Os dois ficam deitados por um momento. São seis e meia da tarde do último dia do período letivo e o Colégio de Cromwell Road tem aquela quietude sinistra típica de uma escola depois do expediente. Os faxineiros já passaram por lá, a porta do escritório está trancada por dentro, mas ele se sente inquieto e ansioso. Não deveria existir uma espécie de comunhão posterior, uma sensação de bem-estar? Nos últimos nove meses, Harry tem feito amor no carpete daquela instituição, em cadeiras de plástico e sobre mesas de fórmica. Sempre atencioso com seus funcionários, Ben retirou a almofada de espuma do armário do escritório, que agora está debaixo de seus quadris; ainda assim ele gostaria de um dia poder fazer sexo em algum lugar menos atulhado de móveis.
— Sabe de uma coisa? — pergunta o diretor.
— O quê?
— Eu acho você sensacional. Não sei o que vou fazer nessas seis semanas sem você.
— Ao menos o seu carpete vai poder descansar um pouco.
— Seis semanas inteiras sem você. — A barba arranha o pescoço dele. — Eu vou enlouquecer de desejo...
— Bom, você sempre pode recorrer à senhora Winston— diz Harry, ouvindo a própria voz, amarga e maldosa. Senta-se e veste sua calça. — Além do mais, achei que férias mais longas eram uma das vantagens de ser professor. Foi o que você disse quando eu me candidatei...
Magoado, olha para ele do carpete.
— Não faça isso, Haz.
— O quê?
— O papel de mulher rejeitada.
— Desculpe.
— Eu também não gosto dessa situação.
— Só que eu acho que gosta.
— Não, não gosto. Não vamos estragar tudo, tá? — Apoia a mão nas costas dele, como que para animá-lo. — Essa é a nossa última vez até setembro.
— Tudo bem, eu já pedi desculpa, certo? — Para enfatizar a mudança de assunto, gira a cintura e dá um beijo nele. Quando já está se afastando, o senhor Winston põe a mão na sua nuca e o beija outra vez, numa atitude delicada e exploratória.
— Puxa, eu vou sentir sua falta.
— Sabe o que eu acho que devia fazer? — Harry pergunta, com a boca colada na dele. — É bem radical.
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One Day || Larry Stylinson
FanfictionVocê pode passar a vida inteira sem perceber que aquilo que procura está bem na sua frente. Louis Tomlinson e Harry Styles conheceram-se em 1988. Ambos sabem que no dia seguinte, após a formatura na universidade, deverão trilhar caminhos diferentes...