domingo, 15 de julho de 1990
Bombaim e Camden Town
— ATENÇÃO, POR FAVOR! Posso pedir a atenção de vocês? Um minuto de atenção, se não se importam. Estão ouvindo? Não matem o mensageiro, por favor. Por favor. ATENÇÃO, POR FAVOR! Obrigado.
Chester Hurd ajeitou-se no banco alto e olhou para sua equipe de oito funcionários: todos com menos de vinte e cinco anos, todos vestindo jeans branco e boné de beisebol com a logomarca da empresa, todos desesperados para estar em qualquer outro lugar que não ali, no turno do almoço de domingo do Loco Caliente, um restaurante mexicano na Kentish Town Road, onde tanto a comida quanto a atmosfera eram muito, muito apimentadas.
— Antes de abrirmos as portas para o brunch eu queria discorrer sobre os chamados "pratos especiais" do dia, se possível. Nossa sopa é uma velha reincidente, o creme de milho, e o prato principal é o delicioso e suculento burrito de peixe!
Chester deu um suspiro e esperou baixar o alarido dos resmungos e das falsas ânsias de vômito. Homem pequeno, pálido e de olhos rosados, formado em administração de empresas em Loughborough, sua antiga ambição era ser um capitão de indústria. Imaginava-se jogando golfe em centros de conferências ou subindo os degraus de um jatinho particular, mas naquela manhã já havia retirado um naco de gordura de porco amarelada do tamanho de uma cabeça humana do ralo da cozinha. Com as mãos sem luvas. Ainda sentia os dedos besuntados. Estava com trinta e nove anos, e as coisas não deveriam ter sido bem assim.
— Basicamente, é o nosso burrito padrão de carne-traço-frango-traço-porco, mas, e eu vou citar, com "deliciosos e suculentos pedaços de salmão e bacalhau". Quem sabe alguém até consiga encontrar um ou dois camarões.
— Isso é simplesmente... horrível — riu Ashley atrás do balcão, onde cortava limão-galego em forma de cunhas para enfeitar as garrafas de cerveja.
— Acrescentando um pequeno toque do Atlântico Norte à cozinha da América Latina — disse Harry Styles, amarrando o avental e percebendo alguém se aproximar por trás de Chester, um homem grande e forte, com cabelos castanhos e lisos emoldurando uma cabeça grande e cilíndrica. O garoto novo. A equipe examinou-o com cautela, avaliando-o como se fosse um recém-chegado à turma.
— O lado bom disso — continuou Chester — é que vou apresentar vocês a Nicholas Grimshaw, que vai participar da nossa feliz e muito bem-treinada equipe.
Nicholas empurrou o boné de beisebol do uniforme para trás da cabeça e ergueu o braço numa saudação, os cinco dedos no ar.
— Olá, minha gente! Vocês podem me chamar de Nick, se quiserem.
— Olá, minha gente? Onde Chester encontra esses tipos? — perguntou Ashley com um risinho atrás do balcão, a voz calibrada em um volume que o recém-chegado escutasse.
Chester bateu com a palma da mão no ombro de Nick, o que o assustou:
— Então eu vou passar você para Harry, nosso funcionário mais antigo!...
Harry reagiu àquele cumprimento com um esgar, depois sorriu como que pedindo desculpas ao garoto novo, que retribuiu sorrindo com os lábios apertados; um sorriso de Stan Laurel.
— Ele vai mostrar o básico a você. E é isso aí, pessoal. Lembrem-se! Burritos de peixe! Agora, música, por favor!
Ashley apertou a tecla do toca-fitas engordurado atrás do balcão e ouviu-se uma irritante sequência de quarenta e cinco minutos de música mariachi sintetizada, como sempre começando com "La cucaracha", a barata, que seria ouvida doze vezes no turno de oito horas de trabalho. Doze vezes por turno, vinte e quatro turnos por mês, havia sete meses. Harry olhou para o boné de beisebol em sua mão. A logomarca do restaurante, um burrinho de desenho animado, olhava para ele com os olhos esbugalhados embaixo de um sombreiro, parecendo até bêbado, ou talvez louco. Pôs o boné na cabeça e desceu do banco alto ao lado do balcão como se imergisse em água gelada. O novato esperava por ele sorrindo, os polegares enganchados sem jeito nos bolsos da calça jeans branca novinha, e Harry mais uma vez se perguntou o que estava fazendo da vida.
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One Day || Larry Stylinson
FanficVocê pode passar a vida inteira sem perceber que aquilo que procura está bem na sua frente. Louis Tomlinson e Harry Styles conheceram-se em 1988. Ambos sabem que no dia seguinte, após a formatura na universidade, deverão trilhar caminhos diferentes...