9. lies

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Michael.


Eu acordo em um lugar desconhecido. Era certamente um hospital, mas não parecia com o que eu estava antes. As paredes eram num tom de branco pastel, e a janela tinha barras sobre. Eu não estava em uma cama de hospital, quer dizer, era apenas uma cama normal. Havia uma pilha de cobertores no canto, e lençóis.

Todas as minhas jóias foram removidas, os meus alargadores, minhas pulseiras, até mesmo meu piercing da sobrancelha. Eu olho para os meus pulsos marcados em vergonha. Elas estavam escuras e profundas. Ainda visíveis.

No canto mais distante tinha uma mesa, lisa. Não havia nada sobre ela, apenas uma mesa marrom e uma cadeira correspondente. Eu estava mais do que confuso... eu estava em algum tipo de prisão? Quero dizer, haviam barras na maldita janela. Eu fico olhando para as paredes em branco, notando uma câmera no canto ao lado da porta.

Eu fico olhando para ela por alguns momentos, esperando. Será que alguém vai vir? Será que eles vão ver que eu estou acordado e vão explicar isso tudo para mim?

Quando ninguém vem, eu me levanto, ainda estava com os meus sapatos.

Eu caminho até a porta, trancada. Eu bato nela suavemente. Existe mesmo alguém lá fora? Eu bato com um pouco mais de força. Minha orelha pressiona a madeira fria. Não ouço nada. Eu volto para a cama e me sento na borda, esperando que algo aconteça.

Nada.

Eles provavelmente já se esqueceram de você. Você vai ficar aqui para sempre.

Cale-se.

Ninguém vai vir por você, quero dizer, a pessoa que você pensou que podia confiar te colocou aqui. Você nunca vai sair.

Que diabos? A pessoa que eu pensei que pudesse confiar...

Eu salto com a batida repentina na minha porta, meu coração acelerado. Um homem entra, segurando uma prancheta e um casaco branco.

"Oi, Michael, como você está?", pergunta ele, puxando a cadeira da mesa e se sentando.

Eu balanço a minha cabeça, esperando que ele finalmente me dê algumas respostas.

"Bem, seu amigo estava preocupado. Ele se preocupa com você, você realmente não deveria ficar chateado com ele. Ele estava cuidando de você, ele recomendou que você falasse com um terapeuta enquanto estivesse no hospital. Você estava sendo filmado e antes que o terapeuta entrasse, você começou a falar sozinho. Você pensou que estava falando com um terapeuta, mas não havia ninguém lá. O quarto estava vazio, e bem, o hospital chamou seus pais e eles deixaram a decisão para o seu amigo. Ele nos disse para trazê-lo aqui."

"Q-quem?" sinto lágrimas ardendo nos meus olhos.

"Ashton Irwin."

Eu sabia, eu fodidamente sabia. Ele não entende que estar com Luke era a única coisa que poderia me ajudar? Ele me levou para longe dele, ele não entende o que ele fez.

Sim, ele sabe, ele quer que você apodreça aqui. O mundo vai continuar girando e você nunca vai ver Luke novamente. Ele provavelmente já esqueceu você.

"Por quê?" eu sussurro, "Por quê aqui?"

"Ashton foi um paciente daqui, ele disse que o ajudou muito. Ele nos disse que você ouve vozes, assim como ele ouve, bem, ouvia. Ashton foi bem sucedido em aprender a suprimir as vozes, mas nunca se livrou delas totalmente. Ele pensou que poderia te ajudar também. E vamos tentar, mas Michael, você não é um perigo para a sociedade, não vamos forçá-lo a qualquer coisa. Ashton disse que, se você quiser, ele assina os papéis para te tirar daqui, ele tem poder para isso. Mas ele realmente quer tentar." explica o médico.

VOICES ➸ mukeOnde histórias criam vida. Descubra agora