Capítulo 1 - O Básico.

13 0 0
                                    

Acho que minha vida é uma grande ironia. Vamos começar pelo meu nome. Julieta Paixão. Como se já não fosse ruim o suficiente ter sido obrigada a durante 8 anos morar dentro de uma casa fingindo que estava tudo bem. Tendo que conviver com Robson, que hoje em dia me recuso a chamar de pai. Minha mãe tinha a saúde muito frágil. Então eu e minha irmã mais velha, Elizabeth, tínhamos a função de cuidar dela, não que eu reclamasse disso. Era um prazer. O que realmente me deixava fervendo de raiva era que eu escondia um segredo muito grave, só pra que ela não ficasse pior.

Minha mãe, Francesca, passava muito tempo lendo, entre consultas e exames. Era uma romântica incurável. Nossa casa era uma biblioteca com os mais variados títulos. Então está aí, a razão dos nomes das filhas serem Julieta e Elizabeth. Shakespeare e Jane Austin. Ela dizia que era pra incentivar o romance em nossas vidas.

Até que minha irmã se deu bem, se casou com um francês que conheceu no intercâmbio da escola de artes, em Paris, onde terminou sua graduação. Talvez ela tenha herdado a parte romântica e artística da mamãe. As feições dela ao ver Lizzie entrar de branco na igreja eram um bálsamo pras minhas lembranças. Minha irmã era uma pessoa sortuda...

Já eu, sempre quis arranjar um jeito de fazer mamãe melhorar. Não apenas sendo uma boa filha e ajudar no que eu podia. Mas desenvolvendo algum tipo remédio ou procurando algo a fizesse melhorar. Foi assim que surgiu meu amor pela ciência.

Eu queria muito que minha mãe pudesse ter me visto entrando pra uma das melhores faculdades de química do país, mas infelizmente ela não pode nem me ver tirar as melhores notas em química do ensino médio. Ela morreu duas semanas depois da minha festa de 15 anos. Motivo, infarto fulminante. Ela não pode nem ver minha formatura do ensino fundamental. Mas pelo menos agora ela está feliz e em paz, seja lá onde esteja.

Entretanto, tive que morar sozinha com Robson e Melissa. A vagabunda destruidora de lares que ele atualmente chama de esposa e não mais de amante.

Eu descobri sobre eles aos 10 anos.
Quando fui o visitar no trabalho, pra mostrar um trabalho feito na escola de dia dos pais. Entrei em seu escritório sem sua secretária me ver, pois eu queria surpreende - lo. Ao abrir as portas, vi a cena mais nojenta de toda minha infância. Ele com a camisa aberta e o cabelo despenteado com ela em seu colo com o vestido amarrotado e levemente caído nos ombros. Fiquei paralisada e atônita na porta com meu presente nas mãos: um vaso de argilatodo pintado de azul com os dizeres "DAD #1".

"JULIETA! Como deixaram você entrar?" disse ele assustado e a mulher saindo do seu colo e ajeitando sua roupa e cabelos igualmente assustada "Mel, me deixe conversar com minha filha por favor querida." Ela saiu com a cabeça baixa rapidamente e ele abotoava a camisa.

"Quem é ela?" O vaso em minhas mãos parecia pesar uma tonelada.

"Porque você entrou em minha sala sem falar com a secretária Julieta?"

"QUEM É ELA?!" explodi não podendo impedir as lágrimas de caírem.

Ele bufou e passou a mão pelos cabelos desalinhados, desde nova eu tinha um gênio forte, então não iria abrir a boca enquanto ele não me respondesse.

"Uma amiga"

"Amigos não ficam desse jeito" rebati

"Ela é uma amiga diferente"

"Amiga coisa nenhuma!" gritei

"pare de gritar Julieta! Agora"

obedeci "eu posso ter só dez anos mas não sou burra, tem gente de outras séries que faz ate pior que isso ai, escondido nos corredores e o nome disso é namorado ou namorada. Até onde eu sei, homens casados não podem ter namorada pai."

Ele me olhou pálido, não ia ganhar aquela luta.

"Eu desisto, você está certa. Ela é minha namorada. Sua mãe está doente, tenta ver o lado do papai. Pessoas adultas tem certas necessidades que você ainda não compreende. Você não pode falar nada se não sua mãe piora. Entendeu?"

Eu não podia contar, não podia deixar mamãe pior. Era injusto. Eu tinha que guardar aquele segredo que não merecia ser guardado. Apenas assenti.

"Só porque a mamãe não pode piorar"

"Boa menina." Ele sorriu, pegou a carteira e retirou uma nota de cinquenta reais "vou chamar o motorista da empresa pra te levar pra casa e ainda te comprar um sorvete, entregue isso a ele, sim?"

"Sim pai" Larguei o vaso em sua mesa da forma mais rude que uma criança podia "Feliz dia dos pais"

Um sorvete de chocolate nunca foi tão ácido.

Era tão injusto. Me perguntei várias vezes: Por que comigo? Mas engolia tudo quieta por causa dela. Ela era o que realmente importava.

Mas ela se foi. Então, não importa mais. Meus estudos e uma bolsa pro exterior são meu foco hoje em dia. Sem querer me gabar, tenho um dos melhores CRs da faculdade toda e já fiz algumas experiências duvidosas que deram certo. Devido a isso comecei a receber pedidos de trabalhos e projetos, é claro, tudo a um preço. Mas essa informação não vem ao caso. São poucas as pessoas que sabem meu nome, geralmente me chamam de senhorita White ou só White.

Sim, é por causa do Breaking bad

Apesar de saber a receita, nunca fabriquei nenhum tipo de droga. Não vivemos em filmes, eu provavelmente seria pega e me ferraria muito por isso.

Conto nos dedos de uma mão meus verdadeiros amigos, porque a maioria das pessoas tem um certo medo de mim. Não que eu me importe.

Na verdade, não estou nem .

Talvez seja até melhor, assim não me enchem o saco, principalmente garotos. Uma olhada já é o suficiente pra espanta - los. Como dizia Machiavel "melhor ser temido, que amado" e acredito que seja mesmo. Até por que amor, é uma coisa que não existe.

Não pra mim.


Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 06, 2016 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Garotas apaixonadasOnde histórias criam vida. Descubra agora