Circus

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       Olhei pra trás rapidamente, mas Enry não estava lá. Senti meu telefone vibrar na minha mão.

       "Bobo, estou descendo do carro na sua frente."

       E quando me virei, ele realmente estava lá. Parece que uma mulher dirigia o carro, não pude ver direito seu rosto, mas percebi que ela abriu um grande sorriso ao me ver. Enry desceu pelo banco traseiro e veio em minha direção, e após isso a mulher deu a a partida e saiu.

       — Sua mãe? - perguntei, odiava começar conversas com "oi", apesar de ter feito isso com ele.

       — Sim.

       — Ela não se importa que você saia com garotos mais velhos?

       — Você não é tão mais velho assim. Tenho dezesseis e você dezessete.

       — Sim, mas você acabou de completar dezesseis e eu estou quase completando dezoito, dá quase dois anos nisso daí.

       Enry sorriu e balançou os ombros em uma expressão de "tanto faz" e então ficou me olhando da mesma maneira que fez durante o sonho que tive mais cedo.

       — Você está lindo. - ele disse, por fim.

       Corei, eu realmente havia me preparado bem pra aquele encontro, escolhi uma roupa que me caía bem e fiquei muito tempo arrumando meu cabelo, que já era bem complexo por si só.

       — Obrigado, você também.

       Enry sorriu, mas ele realmente estava ainda mais bonito do que da última vez que nos vimos. Seus cabelos curtos estavam ainda mais negros, talvez pela luminosidade ou pelo contraste com sua pele extremamente branca que entrava em realce com seus óculos pretos. Sua boca desenhada escondia seus dentes serrados e pequenos, assim como ele. Enry não era só bonito, ele era fofo. Tinha um semblante de menino e é daquele tipo de pessoa que quando você topa na rua, sua vontade é de apertar suas bochechas e não soltar mais, assim como as avós fazem com seus netos. E eu estava começando a perceber como isso tudo era apaixonante nele.

       — Thomas? - ele me despertava do meu transe.

       — Er.. sim?

       — Não, é que... você pareceu meio perdido por um momento.

       E eu estava vermelho de novo, era impressionante a habilidade desse garoto de me fazer ficar sem graça. Tropecei nas palavras, tentei desconversar.

       — Mas assim, você ainda não disse aonde vamos.

       — Sim, claro. Vem comigo.

       Ele passou a mão por mim e por um segundo pensei que ele iria segurar a minha, mas ele não o fez. Andamos um pouco, conversando sobre coisas aleatórias, ele me contou sobre o dia dele e eu contei que dormi o meu inteiro, claro que não comentei sobre o sonho com ele, isso seria no mínimo estranho ou constrangedor. Mas onde ele estaria me levando? Ah, claro, como eu não havia pensado nisso antes? Havia um circo nas redondezas, pra lá que estávamos indo. É o encontro perfeito, a maneira perfeita de se conhecer uma pessoa. Ver a pessoa em um momento de descontração, um olhar sincero, uma risada sincera, é assim que verdadeiramente se conhece alguém.

       — Você já veio nesse circo? - ele perguntou.

       — Não, ainda não. Eu ia combinar de ver com a Nana um dia desses, mas acabei desistindo.

       — Que bom. Quer dizer... é uma pena que você não tenha vindo com sua amiga... mas que... é bom que você vê pela primeira vez comigo.

Morfeu (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora