— Eu te amo.
Olhei para Enry incrédulo, eu estava em choque, não sabia o que dizer. Eu com certeza sentia algo por ele e ver que ele sentia algo igualmente forte por mim me fez pirar, explodir, ir às alturas. Tive um misto de ansiedade, euforia, e alegria contínua.
— Mas Enry...
— Eu sei, eu sei. Sei que três dias é um tempo muito curto pra dizer que se ama alguém, ou até pra se amar alguém. Mas acontece, Thomas, que não são só três dias. Eu te observo tem meses, eu te amo tem meses. Você sabe como é gostar de alguém sem nunca nem ter falado com a pessoa? Você apenas olha pra ela e tem certeza que a ama, e é com ela que você quer estar. É assim que eu me sentia com você, e eu precisava falar contigo. Mas eu tinha medo, medo de que você me odiasse. Medo de que não me desse atenção, e sei que eu não suportaria isso, eu simplesmente não conseguiria. Mas então aconteceu algo que eu não esperava, você me viu. Você me viu, Thomas! Você viu que eu estava te olhando, eu apavorei no momento.
— Enry...
— Não! Deixa eu terminar isso, por favor.
Olhei para Enry, ele já estava com os olhos marejados. Acenei que sim com a cabeça para que ele continuasse.
— Aí eu falei com você aquele dia do museu. Acredite ou não, mas aquela foi a primeira vez que falei com alguém daquele jeito. Thomas, você deu em mim meu primeiro beijo. E foi a coisa mais incrível que eu poderia imaginar, e fico muito feliz que foi com você. Mas naquele dia do museu, eu tremi tanto, tive tanto medo, mas você foi tão fofo, e eu fiquei tão feliz com isso. E você veio e me chamou no WhatsApp mais tarde e meu coração fez festa dentro do meu peito. E no circo, eu te conheci de uma maneira tão boa. Eu gostava muito de você, Thomas, mas depois daquele dia, eu tive certeza que eu estava te amando. Eu pareço forte, eu pareço convicto, mas isso é tudo por sua causa, porque eu queria ser bom pra você. E você foi bom comigo, você foi incrível comigo. E eu posso estar sendo um idiota abrindo o jogo agora, pode parecer cedo, mas eu precisava disso. E vendo você no carro da minha mãe hoje, lá, olhando pra mim e sorrindo tanto, apenas me deu a esperança de que você possa estar sentindo o mesmo por mim. Eu te amo, Thomas Medeiros, eu te amo.
Eu não tinha palavras, Enry chorava ao meu lado e eu comecei a chorar com ele. Eu o abracei tão forte como nunca abracei ninguém, eu conseguia sentir seu peito pulsando forte encostado no meu, suas lágrimas molhavam meu colarinho, as minhas molhavam o dele. Afastei sua cabeça do meu ombro, olhei fundo nos seus olhos e o beijei. Mas forte, mais profunda e mais apaixonadamente do que das outras vezes. Nossos lábios se tocavam, nossas línguas, assim como nossas lágrimas. Enry, o garoto, me amava, e quer saber? Eu o amava também.
Enry era meu, eu sentia a necessidade de olhá-lo, de cuidar dele, de ter ele perto de mim. Ele agora parecia uma criança indefesa, apertada pelo amor, um amor por mim. E eu queria cuidar disso, dar de volta a ele todo esse amor, fazê-lo se sentir bem, se sentir amado, e eu podia fazer isso, porque tudo isso era verdade. e eu tinha que deixar ele saber desse fato.
Sua língua dançava contra a minha em uma luta de prazer e paixão, eu não queria soltá-lo, nunca mais. Mas infelizmente sou humano e não posso segurar minha respiração para sempre. Ao fim do nosso fôlego eu olhei bem nos seus olhos, eu sorri e ele enrubesceu.
— Ah Enry... - minha fala foi interrompida por um sorriso afagado por lágrimas que brotou em mim enquanto eu passava a mão por seu rosto - você... é... especial. Especial pra mim de um jeito que eu nunca pensei que seria. - ele pegou minha mão e a beijou - São só três dias, mas e daí? Eu não me importo. Três dias são o suficiente para eu querer isso. Para eu querer ser seu namorado. Eu querer namorar contigo. Eu querer você pra mim. Então vai Enry, diz que sim pra mim, pois eu estou dizendo sim pra você. Enry, eu também te amo. Então diz sim pra mim.
— Eu preciso mesmo dizer?
Enry me embalou com um beijo, um beijo que não conseguiria evitar mesmo se eu quisesse. O embalo me fez cair pra trás, com Enry em cima de mim. E ficamos li, deitados naquele banco, abraçados, nos beijando, não como amigos ou como ficantes, mas como namorados, como amores.
O sinal do fim do intervalo tocou, mas nós não nos importávamos. Enry me disse que o clube de botânica não se reuniria hoje e ninguém nos viu subindo até lá, então eles podem até sentir nossa falta, mas não nos encontrariam. Não estávamos nem aí com a escola e com as centenas de alunos que estavam debaixo de nossos pés, apenas eu e ele era a nossa preocupação. Nos amar incansável e incessantemente. E foi o que fizemos, ficamos ali por duas horas. Nana já havia me ligado do banheiro pra saber o que diabos havia acontecido comigo, e tive que afastar o telefone da orelha ao ouvir o grito que ela deu quando contei a ela o que aconteceu. "Relaxa amigo, aproveita seu momento, eu te dou cobertura aqui embaixo!! Que lindo!! Estou sangrando!". Nana podia ser até meio extravagante e louca, mas era uma excelente amiga, e quando preciso, ela sempre está lá. Não aguentaria viver sem essa garota.
Faltavam quase dez minutos para o fim da aula e Enry e eu precisávamos descer, mas sem sermos vistos. Peguei na sua mão, vi os pelos do seu braço se eriçarem, e o levantei. Andei o arrastando pelo teto e ele destrancou a porta. Antes de abri-la, eu o apertei contra ela assim como havia feito mais cedo no carro. Mas dessa vez eu não precisava ter medo, o beijei com força e paixão, e ele retribuiu.
Descemos as escadas ainda de mãos dadas e conseguimos chegar no corredor onde nos dividíamos. Soltei sua mão e agarrei seu pescoço lhe dando um último beijo, esse mais leve. Ninguém havia nos visto, pelo menos era o que pensávamos.
— Senhores...
Olhamos pra trás depressa e assustados para nos depararmos com aquela laranja chupada nos encarando com um olhar de ódio e batendo o pé no chão. Seus braços cruzados ao peito levantavam um pouco aqueles seios murchos por baixo do seu blazer preto. A Diretora McPhee (santa ironia) era uma mulher muito alta e magra, e muito velha. E claro, rabugenta, nenhum aluno conseguia gostar daquela mulher, e todos evitavam até de cruzar olhares com ela. Ela nos pegou pelo braço e nos arrastou até a diretoria.
— Ambos estão em uma enrascada das grandes! Linda, - agora ela falava com a secretária enquanto nos jogava no sofá da sala de espera e entrava na sua sala - ligue pras mães de Thomas Medeiros e Enry Miles e requisite a presença delas aqui imediatamente! Temos uns assuntos para resolver.
Enry e eu nos olhamos e rimos, aquela mulher não fazia ideia do quanto nossas mães nos apoiavam. Seríamos os primeiro alunos a quebrar a cara da Bruxa MacPhee, que orgulho! Peguei a mão de Enry, olhei nos seus olhos.
— Eu te amo.
— Eu te amo.
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Morfeu (Romance gay)
RomanceThomas é um garoto normal que está terminando o ensino médio. É bonito, porém inseguro. Até que um garoto aparece na sua vida e o muda completamente, lhe dando força. Mas a abstinência desse garoto leva Thomas a descrer no amor. Sem outras opções...