— EU NÃO AGUENTO MAIS!
— CLARO QUE AGUENTA!
— VAI DEVAGAR!
— TÔ DEVAGAR!
— ASSIM VOCÊ ACABA COMIGO!!
"Game Over" aparece na tela da televisão.
Enry me olha, com o controle do videogame nas mãos.
— Meu carro era muito mais devagar que o seu, qual é.
— Ah, não era nada! - eu rio, ele também. Coloco o controle de lado, o puxo pra perto. De repente aquele sofá parece pequeno pra nós dois. Parece pequeno para o nosso carinho, para nosso amor.
Enry, o garoto de dezesseis anos que conheci uma semana atrás e aprendi a amar. Estávamos na sua casa, - enorme por sinal - no seu quarto. Sentados em um pequeno sofá que fica entre sua cama e uma enorme TV fixa na parede. Enry era rico, devia ter imaginado somente pelo carro que sua mãe dirige.
Ele solta o controle e sobe direto pra cama, passando por cima do encosto do sofá, eu o sigo. Escoro na cabeceira e ele se deita no meu colo, olhando nos meus olhos.
— Por quando tempo isso vai durar? - ele pergunta.
— Pra sempre, eu espero.
— Não, seu bobo. - ele ri. - Tô falando dessa suspensão idiota. Olha, a gente foi suspenso na segunda, hoje é sábado e ela disse dez dias. Será que isso inclui final de semana? Se for a gente volta na sexta. Se não, ainda vai demorar mais.
— Você quer voltar pra escola?
— EU NÃO AGUENTO MAIS! É muito chato ficar sem fazer nada.
— Você se acostuma.
— Ah, sua mãe não disse que você estava de castigo? Como ela deixou você vir aqui?
— Castigo. - fiz sinal de aspas com os dedos - Ela só disse isso pra não parecer pra sua mãe que passa muito a mão na minha cabeça. Ela sabe que eu vou bem na escola, então nem se importou tanto.
Eu fico olhando nos seus olhos, eu simplesmente não me canso disso. como dois diamantes negros me encarando, quando olho pra eles é como mergulhar em uma escuridão de mistério, e eu gostava disso. Tiro os óculos de seu rosto e é como se seus olhos diminuíssem de tamanho. Coloco-os de lado e me debruço, beijando Enry, que se levanta e me beija também.
É a primeira vez que nos vemos desde o incidente na diretoria, mas não é nosso primeiro beijo desde então. Sua mãe não estava em casa, então aproveitamos. Nos beijamos quando bati na sua porta, entrei por ela enquanto nos beijávamos, subimos as escadas no beijando e aterrissamos na cama nos beijando. E agora nos beijamos de novo. E ele beijava tão bem, difícil acreditar que o primeiro beijo dele foi realmente naquele circo. Ele parecia tão forte, tão convicto. E aconteceu que dois dias depois descobri justamente o contrário. Enry é fraco, amante, precisa de amparo. E eu vou dar a ele todo amparo que ele quiser.
Afasto nossos lábios, mas ele continua de olhos fechados. Me escoro na cabeceira da cama novamente e pego seus óculos que deixei de lado. Coloco-os em mim, e logo sinto minha cabeça doer.
— Senhor, você é cegueta mesmo.
Ele ri e tira os óculos do meu rosto, colocando no seu.
— Desde criancinha. Não sou nada sem esse companheiro.
— Vamos supor que você esteja sem óculos e aí uma pessoa levemente parecida comigo se aproxima, você ia beijar essa pessoa?
— Se ela tiver sua voz, seu toque e seu beijo.
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Morfeu (Romance gay)
Storie d'amoreThomas é um garoto normal que está terminando o ensino médio. É bonito, porém inseguro. Até que um garoto aparece na sua vida e o muda completamente, lhe dando força. Mas a abstinência desse garoto leva Thomas a descrer no amor. Sem outras opções...