Dia Na Diretoria

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Meia hora depois do ocorrido a mãe de Enry, Vivian, chegou. Estávamos os três na sala de espera aguardando a minha mãe, Vera, que chegou alguns minutos depois. Ninguém disse uma palavra com ninguém, apenas o reinado do silêncio, que foi cortado pela voz da diretora McPhee.

— Boa tarde, senhoras.

Mas o que era aquilo? Que voz mais adocicada e cheia de carinho era aquela? Essa mulher era mais falsa do que nota de três.

— Por favor, entrem, estou logo atrás de vocês.

As duas mães se levantaram e passaram pela porta a frente, sendo seguidas por McPhee, que não entrou antes de nos dar um grande olhar de superioridade e reprovação. Ah, aquela mulher, eu queria matá-la com meus próprios dedos. Não conseguimos ouvir muito bem o que elas conversavam lá dentro, e não podíamos nos aproximar da porta por causa de Linda, que estava sempre de olho em nós. Linda era uma McPhee na casa dos 25, quem olhasse dizia até que eram mãe e filha.

Alguns minutos depois, uma figura aparece pela porta de entrada. Era mais ou menos da minha altura, talvez um pouco maior do que eu, com os olhos claros e o cabelo em um castanho claro quase loiro. claro, Eu conhecia aquele cara.

— Senhor Daniel, por favor, sente-se. A senhora McPhee está ocupada no momento, mas logo poderá te atender. - disse Linda ao vê-lo.

Era ele, o garoto que tanto amava Nana, Daniel. Ele parecia bem diferente agora, aquele rosto de moleque havia sumido, ele tinha uma expressão mais madura, e esperava que não fosse somente a expressão. Ele olhou pro lado e me viu, triste desgraça, acenou pra mim e veio na minha direção. E claro, com tantos lugares, ele tinha que se sentar entre eu e Enry.

— Thomas, oi!

— Daniel. Como vai?

— Vou bem. Quer dizer, enrascado. - um sorriso brotou no seu rosto. - e você também, imagino. Cara, você e a última pessoa que pensaria em encontrar aqui.

— É, andei aprontando também.

— E esse? Novo amigo? - ele agora se virava pra Enry.

— Esse é Enry. Meu namorado.

Olhando pra mim novamente, Daniel arregalou os olhos. Pude perceber seu punho de cerrando por cima da sua coxa. Um homofóbico, ótimo. Agora só falta ele me socar aqui mesmo. Ele podia ser mais forte do que eu, mas Enry estava comigo e contra dois ele não era nada. Pelo menos já estávamos na sala da diretora.

— Ah. - sua mão se afrouxara, pelo menos não daria briga ali - Você é gay, mal me lembrava disso.

— Pois é. Piroca, uhules!

Enry riu, mas logo parou ao ver que Linda me fitava como se estivesse me atirando raios.

— Então, Enry. - Daniel falando com o Enry, como se a situação não já estivesse estranha - A quanto tempo você namora o Thomas?

— Não muito. - curto e grosso, esse era meu garoto.

Enry pediu a Linda para usar o banheiro e ela se levantou para mostrá-lo o caminho, deixando eu e Daniel a sós. O silêncio reinou por um tempo, mas fio quebrado por Daniel.

— Ele parece legal.

— Sim, ele é.

— Tem um óculos bacana.

Mais uma vez ficávamos calados. Daniel abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompido pelo som da porta na nossa frente se abrindo, graças a Deus. Provavelmente ele iria perguntar sobre Nana, algo que demorou muito pra fazer. McPhee estava em pé segurando a maçaneta e fez sinal para que eu e Enry, que acabara de chegar do banheiro, para entrássemos. Obedecemos e deixamos Daniel na sala de espera junto com Linda.

Morfeu (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora