Assim que fizeram os pedidos, espaguete à carbonara para Ana e nhoque à bolonhesa para Guilherme, aquele silêncio constrangedor tomou conta do ambiente. Ana ainda estava meio envergonhada por ter tirado conclusões precipitadas sobre Guilherme, mas ao mesmo tempo, ainda queria fazer algumas perguntas sobre seu antigo relacionamento com a Marcela.
– Fala, Ana. Eu to vendo nos seus olhos que você quer me dizer alguma coisa. – ele disse num meio sorriso.
Meu Deus, eu sou tão transparente assim? – ela pensou. – Hmm, então, voltando ao assunto Marcela – disse, meio sem graça – posso fazer uma pergunta?
– Sabia que era isso! Pode... O que você quer saber?
– Então, como você me disse, a Marcela é afilhada da sua mãe, né?
– Sim...
– Você sempre foi apaixonado por ela? – disparou.
– Nossa, direta você hein? – ele arregalou os olhos, nitidamente constrangido.
– Ai, não era bem isso que eu queria dizer... – Ana corou imediatamente.
– Eu acho que entendi. Você quer saber quando eu percebi que a Marcela mexia comigo... quando ela deixou de ser só a afilhada da minha mãe, certo?
– É, isso! – ela respondeu baixinho.
– Então, é um pouco estranho pra mim te contar isso. – ele disse, encolhendo os ombros.
– É, eu fui muito invasiva mesmo... Deixa pra lá. É que fiquei curiosa com a situação e...
– Não, eu entendo. Vou te contar. A minha mãe é madrinha de batismo da Marcela, mas ela não foi batizada novinha. Deve ter sido sei lá, com uns 10 anos. Minha mãe e a mãe da Marcela já se conheciam há algum tempo, fizeram um curso juntas e ficaram amigas. Quando a minha mãe virou madrinha da Marcela, ela passou a freqüentar lá em casa com a Regina, mãe dela, mas era uma coisa mensal. Eu não me lembro muito bem.... Ela ia mais vezes nas férias, pra brincar com a Lu quando ela estava aqui.
– Sei... – Ana fez menção para que ele continuasse a história.
– Eu nem dava muita bola pra elas, tava mais preocupado em brincar com meus amigos na rua. Só que ai a gente foi crescendo e se aproximando... Começamos a sair, mas sempre em turma, como amigos mesmo. Mas as coisas foram mudando aos poucos. Ela deve ter sido a primeira menina que eu reparei, sabe? Ainda era moleque.
– Mas então ela foi o seu primeiro amor? – Ana não conseguia disfarçar a sua decepção.
– Não precisa romantizar tanto assim, Ana. Ela estava sempre por perto e tal, acabou acontecendo naturalmente.
– É, to vendo. – disse, num muxoxo.
– Ai Ana, se você vai ficar desse jeito eu vou parar de falar disso.
– Não, me fala. Eu quero saber como foi.
Mas antes que Gui pudesse continuar a contar, eles foram temporariamente interrompidos com a comida que chegou.
– Hmmm, esse seu espaguete tá com uma cara ótima!
– Com um prato de nhoque desse tamanho você ainda tá de olho no meu espaguete? – Ana falou, fingindo espanto. – Tô brincando! Pode provar aqui. – completou, enquanto esticava seu garfo pra ele.
– Realmente, bom demais. Vamos voltar aqui, hein?
– Sim, teremos tempo pra isso. – ela disse, balançando a cabeça em concordância. – Mas hein, continua contando ai! – e riu.
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As dores e as delícias do primeiro encontro
Literatura FemininaAna trabalha como revisora numa editora e tem uma rotina bem tranquila. Sua atividade favorita é assistir séries na TV e mergulhar no mundo dos livros. Depois de um desentendimento amoroso que a deixou muito mal, Ana ficou um bom tempo sem ter nenh...