Capítulo 17

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Ana se abaixou rapidamente para recolher os folhetos, ainda trêmula e com o rosto pinicando de vergonha. E antes que ela pudesse se dar conta, Helena e Arthur estavam parados na sua frente.

– Ana?

– Oi! – disse, levantando num pulo.

– Caramba, é você mesmo! Tem anos que não te vejo! – exclamou Arthur, enquanto estendia os braços pra ela.

Ana ficou sem graça de abraçar Arthur daquele jeito, ainda mais na frente da sua chefe. Mas ela não poderia ignorá-lo, certo?

– Sim, faz tempo mesmo. – enquanto estava com a cara pressionada no peito dele.

Depois que foi liberada dos fortes braços de Arthur, Ana olhou para Helena, com as bochechas ainda coradas, um tanto quanto constrangida.

– Pelo visto, vocês são velhos conhecidos, não é? Vou deixar vocês conversarem um pouquinho já que estamos adiantados. Estarei à espera na sala de reuniões! – Helena olhou pra caixa nas mãos de Ana. – Ah, ótimo, você conseguiu pegar os panfletos... Me dê eles aqui!

Antes que Ana pudesse dizer qualquer coisa, Helena já tinha tomado a caixa de suas mãos e se afastava enquanto dava uma piscadela pra Ana.

– Como você tá? Nunca imaginei que te encontraria por aqui! – disse, animado.

– Ah, eu estou bem... e você? Achei que ia continuar morando no exterior... – Ana falou, num tom meio chocho.

– Estou bem também! Cheguei tem uma semana... Tava estudando em Londres e voltei para ajudar o pai na empresa. Mas me fale de você, Ana! – completou Arthur, naquele sorriso estonteante dele.

Falar o que? Ela pensou. A vida dela não tinha nada de tão interessante assim... Rotina, rotina e mais rotina. Nenhuma visita a Paris no currículo, na verdade, ela nem conhecia a Europa. Não por falta de vontade, é claro. A vida dela não tinha a menor graça se comparada a dele e ela se sentia pequena perto das experiências que Arthur já viveu...

– Ah, você sabe... Tudo na mesma! – sorriu discretamente.

– Ah, Ana! Que desânimo é esse? Você era tão empolgada quando tinha 15 anos, eu me lembro bem. – afirmou, dando uma piscadinha charmosa.

– Não é desanimo não, é que eu não sei o que você quer saber de mim. – ruborizou encolhendo os ombros.

– Ah, deixa disso! Você tem histórias ótimas... Seus pais estão bem? Meu pai sempre fala deles com muito carinho.

– Estão sim! Agora que eles se aposentaram voltaram pra casa do interior, meu pai adora uma calmaria... Mamãe sente mais falta da cidade, mas também gosta da tranqüilidade de lá. Lembra que eles adoravam ir ao sítio do seu pai? – aos poucos, ela ia se soltando com ele...

– Claro que eu lembro, vocês sempre iam lá nas férias. Bons tempos né Ana? Quando a gente não precisava se preocupar com trabalho, com contas a pagar...

– Realmente, era bom mesmo. – suspirou. -Mas e você? Gostou mesmo de morar fora hein?

– Ah, cara! É muito bom... Lembra que eu fiz aquele intercâmbio nos EUA no primeiro ano da faculdade?

Ana calculou mentalmente. Ela se lembrava perfeitamente... Era a última vez que ela tinha se encontrado com ele, na sua festa de despedida. Arthur tinha sido uma paixonite de sua adolescência. Cresceram amigos, trocaram uns beijinhos, nada sério... Arthur era dois, quase três anos mais velho. Mas a amizade tinha permanecido. A distância é que jogou uma pá de cal no relacionamento. Ele mandou alguns postais, Ana mandou umas cartas, depois uns e-mails. Mantiveram o contato por um ou dois anos, mas as circunstâncias acabaram abalando a amizade dos dois. Se antes Ana sabia até o sabor favorito de sorvete do Arthur, hoje ela não sabia nem se ele ainda tomava sorvete... – não com esse corpo, ela deduziu.

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⏰ Última atualização: Jun 10, 2016 ⏰

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