XVII

321K 25.9K 27.5K
                                    

Jeff :

Ela aceita timidamente minha mão estendida, e sorri para mim.

Hoje cedo eu disse a ela que a levaria pra fora da casa, para me ajudar com o "lixo".

O lixo nada mais é que o corpo da vagabunda, esquartejado em vários pedaços e postos em sacos pretos. Eu não preciso realmente de sua ajuda nisso, é apenas um pretexto para tê-la comigo e a assistir participar - indiretamente - de minha pequena diversão.

  Enquanto seguro sua mão, sigo silenciosamente em direção ao lago próximo de minhas terras.

  A deixo absorver tudo aquilo, aproveitar o que ela está vendo.
O clima está frio, mas não tanto. As árvores balançam em direção do vento, e suas folhas sussurram ao luar. 

---- É lindo... - Ela diz impressionada.

A encaro surpreso. A maioria das pessoas acham este lugar assustador.

Ela continua --- O luar, e todas essas árvores... Há tanta paz aqui. -

Sinto um calafrio. É exatamente o que eu penso. Entre a floresta.. eu me sinto em paz. O fato dela ser compatível a mim assim...

A beijo. É como se eu precisasse agradece-la por dizer isso. Pelo menos nisso ela me entende. E me sinto quase feliz por ter a convidado hoje.

Término o beijo, e ela está com os lábios vermelhos, tão malditamente bela.

---- Venha, é logo ali -

Ela apressa o passo para continuar me acompanhando.

Após descer uma ladeira íngreme e passar por umas pequenas rochas,  chegamos.

Há um grande lago com um pequeno deque. Era uma área privada até eu matar o dono para ficar com a propriedade para mim.

Aperto sua mão e a conduzo até um pequeno bote também "meu".

Os sacos estão amontoados no deque,  São 3 no total, grandes e pesados.

---- Me ajude a levá-los ao bote, vamos joga-los no rio - explico e solto sua mão.

E a primeira vez que ela está totalmente "livre" desde todo o trajeto. Viro de costas e me enclino para pegar um dos sacos, o maior,  onde está o tronco e suas pernas.

Quando me levanto novamente ela está olhando para mim, com uma expressão melancólica. Sei que ela deve estar pensando se quer mesmo ficar comigo, ou tentar fugir. Esse foi um dos motivos para eu querer traze-la hoje . Preciso saber se ela é de confiança quando não está dentro de casa, presa.

Sorrio para ela, despreocupado e pronto pra qualquer coisa que ela faça ou tente.

De repente ela sorri de volta, e anda em direção aos sacos e carrega um deles. Ela quase  o derruba e vai junto com o peso dele.

---- Uau - ela sorri envergonhada - São tão pesados...

Dou de ombros.

---- Você se acostuma.

Levo o terceiro saco e entramos no bote. As águas são negras e profundas. 

Paro o barquinho em um lugar relativamente fundo o bastante.

---- É aqui - explico, meus olhos não deixando os seus nem por um momento.

Ela está mordendo os lábios, e olha para os sacos com dúvida. Percebo que ela está desconfiada com o conteúdo do "lixo" que pode haver neles.

---- São apenas algumas coisas insignificantes , mas são pessoais e não quero que elas vão para o lixo como os outros - Nao era absolutamente mentira...

Ela acena e parece mudar de postura.

Seguramos os sacos e juntos o soltamos no lago.

Ele afunda com um "splash " e o observo desaparecer por entre a escuridao com um prazer maligno.

  Bem vinda ao seu cemitério querida, você não estará sozinha,há centenas aí com você  - penso

Sarah também esta olhando para ele, com uma expressão pensativa em seu rosto.

De repente tenho uma ideia brilhante.
---- O que você está fazendo?  - Ela pergunta com os olhos arregalados.

---- Tirando minhas roupas - respondo em tom de brincadeira.

---- Por que?! 
---- Não quero que elas se molhem - Fico totalmente nu. E digamos que o frio não interferiu em nada.

Sua cara de boca aberta é tão engraçado que dou uma gargalhada.

--- Você sabe nadar né? 
---... Sim... mas eu não vou ai dentro- Ela olha para a água com medo.

---- Não vou deixar nada nem ninguém ferir você- Respondo sério.

Ela continua com os olhos arregalados de medo e agora suas mãos estão apertando o bote como se sua vida estivesse dependendo disso.

---- Você sabe que eu posso te jogar daí  se eu quiser - Ameaço tranquilamente.

---- Sei...

Dou de ombros.
---- Se você não quer, problema seu.

E com isso pulo do bote e mergulho de cabeça em direcao as aguas profundas.

A Prisioneira de Jeff The Killer Onde histórias criam vida. Descubra agora