IV

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" A nossa sorte é tão injusta
Encontramos algo tão verdadeiro que está fora do alcance
Mas se você procurasse no mundo inteiro
Você se atreveria a deixá-lo ir? " Birdy, not about angels.

Jeff :

Eu nunca pensei que isso poderia acontecer. Nem em um milhão de anos. Se eu disesse ao meu eu do passado, se eu aparecesse diante de mim mesmo em carne e osso, ele diria "infernos, não".
Eu estou prostrado em minha sala, assistindo um programa sobre gravidez e o que parece ser chamado de parto natural no entanto natural não podia ser a palavra correta para isso.
Maldição, se isso não for mais pesado que toda minha coleção de filmes de terror.

Tudo começou quando chegamos em casa depois da ida até a cidade para comprar mantimentos e coisas que Sarah precisava. Uma hora depois eu ainda estava puto, meu temperamento fervendo. A minha vontade era voltar até a cidade e procurar pelo otário que havia me desafiado e ousado tocar em Sarah na minha frente, soca-lo e apertar seu pescoço gosmento até a morte. Mas pela primeira vez, eu havia feito diferente. Nunca tinha acontecido antes e não sei como me sinto sobre isso.

Até a hora de irmos para cama meus pensamentos me consumiram, e eu não conseguia pensar em respostas boas para as inumeras tentativas de Sarah de conversação. Eu não queria agir como um bastardo com ela, eu sei que ela não tinha uma maldita culpa do que aconteceu, mas minha cabeça mostrava uma e outra vez  como o desgraçado havia falado com ela e em seguida ainda conseguiu sair andando ileso depois disso. Então quando ela desistiu de tentar e pegou no sono eu a seguirei em meus braços. Por um momento. Não conseguia deixar de olhar para a barriga dela. A Sarah que eu conhecia agora está diferente, sua forma está diferente e por minha causa. Bem, eu não fiz isso sozinho obviamente...
Olhar para ela me fazia inquieto.
Com um sentimento de ansiedade maldito que me dava nos nervos. Antes, quando não era perceptível era como se eu soubesse que estava lá mas não tinha convicção. É como você saber que tem algo errado mas o peso da certeza só aparece quando a prova é entregue aos seus olhos.

E agora a prova estava malditamente na minha frente, sem lugar para dúvidas. Crescendo, cada dia que passava. Desviei a vista incomodado e saí do quarto.

Liguei a tv numa tentativa de esquecer o que tinha em meu quarto, em minha vida, e ironicamente estava passando uma matéria sobre o que eu menos queria ouvir nesse fudido instante.

Eu estava a um segundo de mudar de canal porém a curiosidade me impulsionou, segurando meu dedo bem em cima do botão "off". Olho em direção ao quarto onde Sarah dormia, hesitante. Quando comprovo que a porta continua bem fechada, o que significa que ela ainda está dormindo, aumento o volume discretamente. Estreito os olhos, concentrado. O que escuto não é o que esperava. Quando eu desligo a TV bruscamente momentos depois, minha apreensão nutre motivos totalmente diferentes.

Permaneço sentado no sofá o resto da madrugada, imóvel. O entorpecimento ocupava meu raciocínio. Horas se passaram.
Os primeiros raios de sol se infiltraram levando a escuridão para longe, mas não fez nenhuma diferença na sombra que escurecia meu interior.

Como eu não tinha cogitado isso antes?

A realidade me bateu como um soco no estômago.

Sarah pode não sobreviver a esta criança.

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Sarah:

Acordo sobressaltada, depois de um sono repleto de pesadelos, a garganta fechada pela opressão em meu peito.
Tomo respirações relaxantes enquanto olho ao redor procurando por Jeff, mas ele não está aqui. Estou sozinha.

A Prisioneira de Jeff The Killer Onde histórias criam vida. Descubra agora