XXXV

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O quão essa música me deixa na bad? Escutem enquanto lêem vai valer a pena. Começa mesmo a partir de um minuto.
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Sarah

Observo a arma apontada para mim com uma paz estranha. Depois de tudo que aconteceu nesses últimos meses, parece que esse era um destino que eu não poderia escapar.
Como se algo estivesse quebrado em mim irreversivelmente.
Tudo que eu sinto é aceitação.

---- Irá me matar? - Sussuro, olhando para ele sem esboçar uma reação.

--- Me dê um motivo para eu não te matar agora - ele responde entre dentes, sua voz sinistra.

Seu rosto tão duro, animalesco.

---... Por que eu te amo.

Quando essas palavras saem de minha boca, ele avança com ódio e encosta o cano frio da arma em minha testa. Engulo em seco.

--- Mentirosa!- Explode, demonstrando pela primeira vez toda sua raiva reprimida.

---- Não! - grito - Eu amo você! - choro, choro tanto que sinto minha garganta fechada.

Ele balança a cabeça enojado. Seu rosto é uma mistura de fúria e cinismo.

--- Sim! tem sido devastador, deprimente e as vezes até doloroso... - admito fechando os olhos ---M-as não posso deixar de te amar assim como não posso... deixar de respirar - termino derrotada, a todo momento fitando seus olhos, tentando colocar toda sinceridade em minha voz.

Jeff apenas olha para mim sem dizer nada, parecendo distante. Apenas o cerrar de seu maxilar denuncía que ele estava me ouvindo.

---... Então se você vai me matar... faça. Pelo menos eu sei que fiz o que pude.. e não perdi quem eu sou! - exclamo a beira de um colapso.

Ele me encara com o maxilar cerrado.
Segundos preciosos que se estendem como se fossem horas.

Nossos olhares se encontram em silencio, seus olhos tão enlouquecidos quanto os meus.

Ele parecia lutar contra a própria raiva.

---Por que você me deixou? - ele finalmente sussurra, tão baixo que eu quase perco as palavras que parecem ter sido arrancadas fora dele.

--- Eu não queria... mas eu tive medo... medo de sua reação.

---- E agora não tem mais? -- Ele pergunta pausadamente, sua voz novamente fria e ao mesmo tempo assustadora.

Ele coloca o dedo no gatilho. Seus olhos não deixam os meus, como se duvidasse de minha resposta.

Se eu tenho medo de morrer? Sim, óbvio... Mas do que me importa viver? Minha vida está tão fudida.. Sem família, apaixonada por um serial killer... um monstro. Fadada a ama-lo e ve-lo destruir qualquer sinal de humanidade que exista em mim, me transformando numa casca ambulante sem sentimentos??

Tudo que me mantinha em pé todos os dias era a esperança.

A esperança dele mudar.

A esperança dele me amar...

A maior crueldade é a falsa esperança.

Então, não. Não tenho medo dele agora.

O pior que podia ser feito, eu mesma fiz.

Balanço a cabeça em rendição.

Ele cerra os olhos constatando minha sinceridade.

Por um momento ele fica em silêncio, apenas sua respiração calma (sempre calma... ) pode ser ouvida, além de meus soluços quebrados.

O observo com angústia, tentando decorar cada detalhe de sua face pela última vez...
Apesar do que eu disse, eu não queria morrer. Eu queria... ele.

Finalmente Jeff tira o cano da espingarda de minha testa e eu arregalo os olhos em confusão.

Seu rosto está uma máscara indecifrável, mas seus olhos... seus olhos parecem ter adquirido um brilho calculista que antes não havia.

--- O que...? - sussuro embargada. Ele nao vai me matar?

---- Parabéns, você não irá morrer hoje - murmura totalmente sem emoção - Eu terei o prazer de fazer você finalmente sentir medo de mim -

A próxima coisa que percebo é seu punho em meu rosto e uma dor lancinante.

Depois, tudo fica escuro.

A Prisioneira de Jeff The Killer Onde histórias criam vida. Descubra agora