"Não sabes do que sou capaz."

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Abri os olhos lentamente, pois as minhas pálpebras pareciam pesar duas vezes mais do que o habitual. Assim que o fiz, deparei-me com um teto cinza escuro e completamente sujo. A humidade havia destruído este deviam fazer anos, e as teias de aranha acumulavam-se nos cantos das paredes.

Por momentos, deixei-me estar deitada tranquilamente, enquanto ouvia apenas o som da minha própria respiração. Contudo, as minhas memórias demoraram cerca de três segundos para virem à tona.

Sangue. O início de West Side havia sido decorado com manchas gigantescas de sangue. A maioria dos afortunados foram assassinados por uns estranhos indivíduos que, segundo bem me lembrava, usavam roupas de cores escuras, e todos possuíam uma arma grande nas mãos.

Mal me recordei do que tinha ocorrido, sentei-me no chão frio onde estava. As minhas costas estavam doridas, e a minha cabeça latejava. Demorei pouco mais de um segundo para me lembrar que também tinha sido atacada na nuca.

Mas não tinha morrido, ao contrário dos outros. E o sítio onde me encontrava não era em nada parecido com East Side.

Tentei abrir a porta do pequeno anexo onde estava, mas toda a força utilizada por minha parte foi em vão. Nunca iria conseguir sair dali sem ajuda de uma chave.

As palmas das minhas mãos começavam a ficar transpiradas, e as minhas pernas tremiam com os nervos. A respiração que outrora era ouvida por mim estava agora descompassada, irregular e ofegante.

Comecei a andar de um lado para o outro, pensando sempre numa maneira de sair daquele sítio. Não haviam janelas, e a única porta que existia parecia ser de um material bastante resistente e pesado.

Era um espaço bastante vazio. O único adereço que se encontrava a decorar as paredes era um espelho redondo, com bastante pó, o que me levou a concluir que ninguém ia àquele sítio há mesmo muito tempo.  No chão também se apresentava uma espécie de balde largo e fundo. Embora não soubesse bem para que serviria tal objeto, afastei a minha concentração para o resto do local.

Não havia mais nada. Não havia uma cama, nem uma mesa, nem sequer uma cadeira. A situação começava a parecer-me cada vez pior.

Depois de raciocinar, uma das piores ideias instalou-se na minha cabeça. Eu estava...presa?

Enquanto continuava a observar todos os detalhes, reparei que o espelho estava partido num dos seus cantos. Tentei encontrar os seus estilhaços no chão, e fui bem sucedida. Queria agarrar os fragmentos cuidadosamente, mas assim que ouvi passos apressados a aproximarem-se do anexo, peguei nestes de uma maneira aleatória, o que me provocou alguns cortes superficiais na mão direita.

Encostei-me à parede daquele sítio estranho, enquanto segurava o pedaço do espelho fortemente, na tentativa de me defender. Lágrimas correram pela minha face devido à mistura de emoções que estava a sentir no momento: raiva, medo, angústia, desespero e arrependimento.

Arrependi-me de me ter separado do Reese. Eu nunca deveria ter deixado o moreno ir embora sem mim.

Ouvi o som de uma chave a ser empurrada contra a fechadura, e depois a ser rodada. A cada segundo eu ficava ainda mais assustada com o que poderia acontecer.

A porta foi aberta de rompante. A luminosidade que vinha do exterior fez com que levasse a mão que estava livre aos olhos, esfregando-os. Apesar da minha vulnerabilidade, nunca deixei de empunhar o pedaço do espelho.

Uma figura masculina apareceu diante de mim. Era um rapaz, por volta dos 19 anos. Ele possuía cabelos curtos e loiros, que lhe emolduravam o rosto sério. Tinha uma expressão carregada e o maxilar cerrado. Os seus olhos eram cor de avelã, mas mostravam-se carregados de ira e malícia. Os lábios mal tratados e finos apresentavam-se comprimidos, o que tornava a sua imagem muito mais assustadora.

East Side | Ross LynchOnde histórias criam vida. Descubra agora