Capítulo 4: Pedaços

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Rachel Berry caminhava abraçada aos livros e apertando a caixinha de fósforos entre as mãos como se ela fosse uma coisa necessária a sua sobrevivência. Claro que as palavras de Puck mexeram com ela, mas Rachel precisava ter certeza do que queria e aquela noite com Finn podia ser especial, se ela se esforçasse.

A morena respirou fundo enquanto observava os alunos do McKinley passarem por ela e até esbarrarem nela... Só que ela estava absorta demais em seus pensamentos para exigir um pouco de respeito, tudo que ela queria era que seu coração e sua mente pensassem do mesmo jeito e não travassem aquela guerra maluca dentro de si.

Sobre ter atração por meninas... Esse não era o grande problema, seria até hipocrisia da sua parte, com dois pais gays, desenvolver algum tipo de preconceito em relação a esse tipo de atração. O problema era essa garota ser Lucy Quinn Fabray, a garota que sempre fizera questão de deixar claro o quanto a odiava. Rachel tinha medo, seu coração já fora quebrado tantas vezes por Finn, só que parecia que o rapaz queria que as coisas dessem certo daquela vez.

Mas Quinn... Quinn era uma incógnita, por mais que a atração entre elas fosse forte o bastante para fazer Rachel perder a racionalidade, ela não sabia a natureza daquele sentimento. Podia ser desejo, Quinn podia despertar aquilo nas pessoas. Mas também podia ser amor... Rachel agitou a cabeça, precisava esquecer aquele tipo de coisa.

- Hey Rach, tudo bem com você? – Mercedes questionou um pouco preocupada enquanto cutucava a morena, Rachel voltou os olhos pesados e perdidos para a outra. Tentou dar um sorriso, mas produziu uma careta, denunciando claramente o que se passava dentro de si. – Se você está se remoendo por causa da Quinn, desista. Ela tem muita raiva de tudo para destinar um pouco a você.

- Você falou com ela? – O tom de preocupação traiu a expressão despreocupada de Rachel, os olhos castanhos semicerraram-se e Mercedes não deixou de sorrir diante da atitude da outra. As duas continuaram a caminhar e Mercedes agitou a cabeça negativamente, murmurando em seguida:

- Eu falei ontem com ela, assim que ela saiu da diretoria. Ela não está bem, Rachel.

- Sim, todos perceberam que ela não está bem... E deve ter piorado depois de tudo que aconteceu. – Rachel tinha um tom de voz culpado e abaixara a cabeça, evitando que Mercedes pudesse ver o seu olhar perdido. A morena tinha que começar a compreender o que sentia, porque lidar com tantas variações de humor estava se tornando uma tarefa difícil. Mercedes pigarreou incomodada e quando falou, suas palavras eram ásperas:

- Deve ter piorado porque foi você que aconteceu, Rachel. Será que não percebe a confusão que você provocou dentro dela?

- E será que dá pra você parar de me culpar pelo sumiço da Quinn? – Rachel questionou nervosa e Mercedes até estranhou a ausência de um discurso, tinha alguma coisa muito errada entre aquelas duas. – Foram vocês que incitaram a minha atitude!

- Eu nunca te incitei a destruir minha amiga, Berry. – Mercedes estava sendo dura em suas palavras, esquecendo todas as regras de etiqueta. Ela não ia deixar Rachel falar daquela forma sobre Quinn. – Você não tinha o direito de deixá-la ainda mais perdida.

Rachel apertou os cadernos de encontro ao corpo, Mercedes observou as pontas dos dedos da morena se tornarem brancas de tanto que ela tinha raiva. As duas se olharam com faíscas nos olhos e Rachel respondeu:

- Eu não tenho culpa se Quinn se perdeu pelo caminho, me mandaram escolher o meu lado... E eu sou fiel ao Glee, nada vai mudar isso!

- Você tem que começar a ser fiel ao seu coração e a sua mente, Rachel... – Mercedes murmurou, quase em um sussurro com meio tom de voz. Rachel ergueu os olhos para Mercedes e eles já estavam marejados. Mas Aretha parecia não poupar nenhuma verdade. – É isso que uma diva faz, Berry...

Yöu and I [FABERRY]Onde histórias criam vida. Descubra agora