Capítulo V - Disfarces e mais mentiras

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Assim que fechei a porta. Kate me encheu de perguntas:

- Onde você estava? Por que demorou tanto? E que corte absurdo que você fez no seu cabelo? Por que fez isso??

- Calma. Por favor. Eu irei responder! Primeiro eu e Delilah fomos ao cabeleireiro, foi eu mesmo que pedi esse corte. Está muito na moda, não sabia? Depois fomos sair para nos distrair um pouco, ué. Eu te mandei uma mensagem, deveria ter visto. – respondi.

- Ah.. Não Audrey. Você não está aprontando nada, está? E sinceramente o seu cabelo está horrível. Parece mais um garoto, como isso pode ser moda? Não acredito que esteja pensando em, em.. Ser, ser..

- Em ser o quê mãe? – perguntei.

- Em ser.. Aquilo.. Gay. – falou ela.

Eu estava prestes a rir. Mas achei melhor agir de outra forma. Fiquei séria. Talvez seja melhor que ela acredite nisso, até amenizaria um pouco a minha situação. Bem, isso é um pouco estranho.. Entretanto não me importo com nada agora. Ela pode achar o que quiser.

- Bom... – fiquei pensativa, enquanto ela me observava.

- Eu realmente não posso acreditar, não consigo! Mas se quer ser assim, a escolha é sua. – finalizou Kate.

Ela saiu bem nervosa. Confesso que foi um pouco hilário, sorte que me controlei. Kate realmente entendeu tudo errado. Subi os degraus em direção ao meu quarto. Coloquei as sacolas no chão, deitei na cama mesmo com os sapatos ainda nos pés e adormeci.

Passaram-se duas ou mais semanas. Tive pouco contato com Delilah. Mas, finalmente, criei forças e decidi em ir falar com Ben. Provavelmente preocupado por não ter me visto, ou talvez nem estivesse me aguardando. Bom, eu tenho que ser forte. Entre ele e o volley será sempre o volley. Isso parece insensível da minha parte, mas infelizmente, o volley é insubstituível, e afinal, eu mal o conheço direito.

Fui até o armário e escolhi alguma roupa, a mais larga e frouxa que eu tivesse. Me troquei, desci e saí de casa, destinada ao encontro de Ben. Quem me dera se fosse um encontro daqueles românticos entre casais. Infelizmente, era o mais infeliz dos encontros. Cada vez que eu pensava nisso, minhas mãos gelavam mais, e não conseguia parar de tremer. Não entendo o porquê que estou assim. Eu pensei bastante e percebi que será melhor para Ben. Além de que, também, não quero magoar Delilah, ela já fez muito por mim.

Não me recordo ao certo do caminho até Ben, mas fui andando em direção ao velho moinho que já conhecia. Fiquei um tempo sentada na grama, debaixo de uma macieira, escutando belos assobios dos pássaros que havia. E então, bem longe entre os campos, vi o mesmo rapaz loiro que um dia tinha me encantado. Era Ben. Mantive os meus olhos fixos nele, é provável que ele nem me reconheça mais, devido a minha grande "mudança" de aparência.
Ele estava andando em minha direção. Senti um leve arrepio. Fiquei muito nervosa e não conseguia me mexer. Seus passos estavam cada vez mais próximos. Cada vez mais. Mais e mais...

- Com licença. – disse ele de frente a mim. E então, esticou uma de suas mãos entre as folhas da árvore, pegando uma pequena maçã.

- Olá! Não está me reconhecendo? – perguntei.

- Oh desculpe. Já nos conhecemos? – perguntou.

- Bem.. Sim.. Eu.. – Ele me interrompe e faz uma nova pergunta:

- Por acaso viu um cavalo com uma mancha branca em cima da testa, correndo por aí? – respondi negando com a cabeça. Ele continuou:

- Nossa. Mas que saco.. Onde foi que esse encrencão se meteu? –perguntou chateado.

De repente, meninoOnde histórias criam vida. Descubra agora