Capítulo 4 - O Primeiro Toque

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-Mãe, lê a história da Bela e a Fera de novo.

-Você já tem quinze anos Bela, não precisa que eu leia para você. - Ela falou me dando um beijo na testa.

-Por favor mãe, adoro quando você conta a história como se a Fera falasse. - Ela me olhou, olhou para o meu criado mudo e sorriu de lado.

-Ok, me dê o livro. - Abri a gaveta do criado e peguei o livro de couro branco escrito em dourado "A Bela e a Fera"...

*  *

-Ela está acordando mestre. - Ouço o relógio gritar.

-Não grite relógio. - Ele fala com a voz rouca e grossa.

Tento abrir meus olhos e minha cabeça dói, viro a cabeça e sinto algo fofo me segurando enquanto meu corpo se contraía para vomitar, ele segurava meu cabelo e minha cintura para eu não cair da cama, quando paro ele me ajuda a deitar novamente mas dessa vez ele levanta minha cabeça e coloca dois travesseiros e me ajeita, olho para os lados e vejo bule e o relógio ao meu lado esquerdo na parte vazia da cama enquanto que ele estava segurando meu pulso e olhando para um relógio pequeno que havia em cima de uma mesinha ao lado de minha cama.

-Ela vai ficar bem mestre? - Bule fala se aproximando de mim.

-Como eu disse antes, você não comeu nada, por isso esses desmaios. Desde que horas está sem comer? - Ele pergunta se sentando ao meu lado e segurando minha mão direita com cuidado, era tão delicado seu toque que parecia que eu quebraria de tão delicado que me olhava.

-Desde quando você me derrubou na floresta se eu me lembro bem. - Coloquei a mão na cabeça pois havia dado uma pontada.

-Isso já faz quatro dias Bela. - O relógio disse bem próximo a mim.

-Que intimidade é essa relóg...

-Eu pedi para me chamar pelo nome. - Interrompi-o antes que desse uma bronca no coitado novamente.

-Se você quer assim. - Ele olhou para onde eu havia tocado-o. -Bule, mande trazer uma sopa e um chá, ela precisa de algo para colocar no estômago. - Bule fez que sim com a cabeça, na verdade com a tampa e saiu pulando para fora do quarto.

-Eu dormi por quatro dias? - Relógio e a Fera fizeram que sim com a cabeça. -Pelo jeito você não é tão monstro assim. - Falei com os olhos fechados pois meu corpo ainda doía. Senti ele se afastar da cama e caminhar para a janela. Olhei e percebi o que tinha dito, me levantei com calma e caminhei até ele, mas quando eu estava perto de toca-lo eu caí pois ainda estava fraca, ele ouviu quando cai e veio me socorrer.

-Você não devia ter levantado da cama. - Ele fala perto do meu ouvido e eu arrepio sem querer. -Você consegue se levantar? - Ele colocou a pata nas minhas costas.

-Não -Sussurrei, então sinto ele apoiar um braço nas minhas costas e o outro por debaixo das minha pernas, quando ele me pegou no colo seu pelo me fez sentir confortável, e por um instante pensei que ele era bom de verdade, quando ele se aproximou da cama ele parou por um instante, como se quisesse aproveitar por mais alguns segundos o momento de eu estar tão perto dele. Ele olhava para mim com cuidado e analisava cada detalhe de meu rosto e do meu corpo, a porta se abre fazendo nós dois sairmos do transe e ele me colocar na cama com cuidado.

-Aqui está mestre...o que houve? - Bule fala enquanto ele estava bem perto de mim, sua respiração estava ofegante, ele estava segurando minha cintura e olhando em meu olhos.

-Bela se levantou mas acabou caindo pela fraqueza. - Relógio corta o momento fazendo nós dois olharmos para ele. -Eu falei algo de errado?

-Não. Você não disse nada de mais. - Falei me apoiando em seu ombro para me ajeitar melhor na cama. Ele me ajudou e colocou o apoio da bandeja em cima das minhas pernas e colocou a bandeja que tinha a sopa e o chá.

-Sopa de fubá nunca falha. - Bule sorriu me fazendo dar um sorriso de lado e percebi que a Fera me olhava delicadamente enquanto eu tomava a sopa.

-O que foi? - Parei e olhei para ele.

-Nada. - Ele se levanta da cama. -Vou deixar você terminar e descansar um pouco. Bule e Relógio, por favor não incomodem-a além do de costume. - Pela primeira vez vi ele sorrir com o que havia falado. Senti vontade de pedir para ficar mas não consegui, me senti uma covarde por não ter tido coragem o suficiente para falar, quando ele saiu meti um soco na cama fazendo bule e relógio caírem para trás.

-Desculpe meninos. - Falei ajudando eles a levantarem-se.

-O que houve senhora? - Bule pergunta quando consegue se ajeitar de novo em pé na cama.

-Eu sou uma idiota Bule. - Falei movimentando a colher na sopa e finalmente colocando-a cheia na boca.

-Porquê? - Dessa vez é o relógio que pergunta.

-É meio óbvio relógio. - Bule bate sua asa no relógio. -Ela queria que o mestre ficasse mas não teve coragem de pedir. - Ele para e olha para mim, eu estava pasma, como era possível um bule saber e se tocar do que acontece no mundo dos humanos. -Estou errado senhora?

-Você está certo, gosto da companhia dele, de alguma maneira ele me faz bem. - Inconscientemente eu sorri e os dois sorriram junto.

-Se a senhora quiser eu chamo ele de volta. - Eu engasguei e fiquei vermelha de vergonha.

-Não precisa relógio. - Bule fala revirando os pequeno olhos que eram à cima do bico.

Relógio ficou em silêncio sem entender nada e eu acabei dando risada dos dois discutindo sobre relacionamento humano.

-Resumindo toda essa história relógio. Os relacionamentos são difíceis. - Falei encostando a cabeça na cabeceira e olhando para ele.

-Deveria ser fácil. Você falar o que sente pelo mestre e o mestre falar o que sente por você. - Olhei para ele com um sorriso, e queria que aquele pensamento fosse tão fácil de se tornar realidade. A porta se abre e vejo ele parado na entrada do quarto.

-Se fosse assim seria fácil demais para as pessoas ficarem juntas, a dificuldade fortalece o amor. - Ele olhou para mim e sorriu, eu sorri em resposta e o relógio olhou para nós. A fera se aproximou e se sentou no espaço vazio da cama, se ajeitou na cama e se cobriu com o cobertor, olhou para o relógio e sorriu novamente. -Posso ficar aqui? - Ele pergunta olhando nos meus olhos, e assenti com a cabeça e ele sorriu.

-Vamos deixar vocês sozinhos, vamos relógio. - Bule fala pulando da cama e esperando relógio segui-lo. Eles saíram pela porta e ficamos eu e a Fera no quarto, o silêncio tomou conta do aposento e eu comecei a corar por causa da situação, ele me fazia sentir algo por ele mas eu não sabia o que era.

-Eu ouvi a discussão deles sobre relacionamentos. - Ele me olhou e sorriu, voltou a olhar para sua pata que estava em cima do cobertor que o cobria.

-Ele tem um pensamento inocente sobre isso, é até bom ter contato com alguém que tem esse tipo de pensamento...

-Quem dera fosse tão fácil falar ou mostrar os sentimentos. - Ele falou quase como um sussurro, como se tivesse sido inconsciente a fala. Olhei para ele e percebi que estava tão nervoso por estar perto de mim como eu estava referente a ele.

-Você está bem? - Falei tocando seu braço peludo. Ele me olhou e por um momento achei que ele falaria algo mas somente assentiu com a cabeça e sorriu. -Posso perguntar uma coisa? - Falei me ajeitando de frente pra ele e quebrando o silêncio que tinha tomado conta do quarto. Ele fez que sim com a cabeça. -Você poderia me levar para conhecer o castelo? - Falei sorridente.

-Sim, mas somente quando se recuperar totalmente. - Sorri em resposta e senti enjoo, me virei para fora da cama e ele segurou meu cabelo e meu abdômen enquanto eu colocava toda a sopa para a fora. Quando meu estômago havia parado de se contrair ele me ajudou a chegar no banheiro e lavar a boca, me olhei no espelho e eu estava horrível, eu estava com grandes olheiras meu cabelo estava seco e parecia uma bucha, percebi que estava com um vestido amarelo ouro de renda e meu braço machucado não estava mais doendo.

-Você está bem? - Ele disse me olhando nos olhos, não aguentei e abracei-o.

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Bjs

Me Apaixonei Pela Fera - Para Degustação em 01/12Onde histórias criam vida. Descubra agora