Visita inesperada

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TOC TOC TOC
Eric abriu os olhos, tinha alguém batendo na porta. Não queria receber ninguém mas podia ser alguém da delegacia, então saiu das cobertas e foi vestir um roupão.
TOC TOC TOC TOC
Batiam na porta de novo, dessa vez mais intensamente.
-Já vou! - Ele avisara enquanto se dirigia a porta.
Eric gelou. A porta estava trancada e a chave que ele havia deixado no trinco não estava mais lá. Começou a ofegar, ele tinha plena certeza de que algo não estava certo.
TOC TOC TOC TOC TOC TOC
Agora batiam a porta ferozmente e sem pausas. Eric começou a suar frio, estava paralisado, em choque. Não conseguia entender o que estava acontecendo, por instinto começou a se afastar da porta mas o medo não permitia que ele fizesse isso muito agilmente.
Batiam na porta cada vez mais forte. "Vão arrombar", ele pensou. E mal começou a pensar numa forma de se proteger seja lá de quem fosse que estava do outro lado da fechadura, aconteceu. A porta caiu aos seus pés e o susto e o impacto fizeram com que ele caísse sentado e batesse as costas na lateral da cama em que estava deitado.
Mas nenhum susto ou choque se comparara com o que tomou seu ser quando viu o casal que tinha derrubado a porta e estava invadindo seu quarto. Qualquer outro acontecimento não o deixaria tão estarrecido quanto o fato de estar caído no chão vendo seus pais na porta do seu quarto a menos de 12h de ter os visto mortos.
Eles estavam sujos de sangue, deformados, pálidos, exatamente da maneira como Eric os viu no chão. Caminhavam na direção dele que não conseguia ter alguma reação, apenas tremia e ofegava tentando respirar. Não conseguia sequer piscar ou fechar a boca que abrira com o choque.
Bernardo o levantou pelo colarinho do roupão e o imprensou contra a parede. Foi a deixa pra Olívia se aproximar do ouvido do seu filho mais novo.
-Nunca iremos te perdoar! Você vai viver com essa culpa pra sempre! - as palavras saiam da boca de Olívia direto pro ouvido de Eric, que agora chorava.
-Você é a pior coisa que já aconteceu conosco! É tudo culpa sua! Você nos tirou a vida! - Bernardo dizia olhando nos olhos de Eric.
Eric chorava em desespero, começou a perder a noção das coisas, só ouvia os sussurros de sua mãe em seu ouvido misturados a voz arrastada de raiva do seu pai, a única coisa que enxergava eram os olhos castanhos e as pálpebras negras que as vezes apareciam no piscar dos olhos de Bernardo.
-Para! Por favor, para! - Eric implorava enquanto se debatia para tentar sair dos braços de seu pai.
Ele sentiu uma forte dor na cabeça, abriu os olhos e viu que estava no chão, ainda nu, enrolado em suas cobertas, como se tivesse acabado de cair da cama. Apesar da dor que sentia, estava mais aliviado e começava a se acalmar, afinal havia sido apenas um pesadelo. Um péssimo pesadelo.
Um péssimo pesadelo que o atormentaria por um bom tempo.

Morte à queima-roupaOnde histórias criam vida. Descubra agora