Culpado

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-190, qual a sua emergência?
-Alô, aqui é uma das enfermeiras do Hospital Municipal de Sagrada, e um dos suspeitos do assassinato dos Fontes Martins que estava desaparecido está internado aqui. Por favor, mande alguém rápido.
-Certo, mandaremos uma equipe verificar. Por favor, não o deixem sair. Mas lembre-se, caso ele ataque ou faça ameaças não ponham sua vida em risco. Jamais!
-Por favor, não demorem.
A enfermeira desligou a ligação com a polícia e já foi indo a caminho da guarita pedir que o segurança em turno ficasse na porta do quarto em que Marcos estava. O qual o fez.
-Jorge, eu vou dar uma dose de calmante pra ele. Não vai ser muito forte, só o bastante pra ele ficar com a visão turva e o raciocínio mais devagar. Você fica olhando daí, pelo amor de Deus. - disse a enfermeira.
-Calma, Marta, o cara tá desarmado, pelado, só com uma roupinha de hospital, com gesso no braço e soro na veia. Meio difícil ele fazer um movimento mais brusco, quanto mais te atacar. - Jorge falava enquanto fazia uma cara de desdém.
-Fica de olho, homem, só isso.
-Vai lá, vai.
Marta entrou no quarto, e preparou a seringa pra injetar um pouco de calmante em Marcos. Estranhou o quanto ele estava quieto, e o quanto seu olhar estava fixo no teto, parecia uma estátua. Olhou com mais atenção, e viu uma lágrima escorrer do olho dele, o coração mole de Marta não aguentou.
-Está tudo bem, meu querido? Sente dor?
-Eu vi tudo. Lembro de tudo. É tudo culpa minha. Como pude ter sido tão fraco. Não resisti. Se não tivesse bebido naquele dia. Se... - agora lágrimas e mais lágrimas escorriam em seu rosto.
Marta ficou sentida: "Pobre garoto, tão novo e já perdera os pais.", mas esse pensamento logo foi interrompido por outro, "Ou talvez ele tenha tirado a vida de seus pais. Ele mesmo disse que é culpado!".
-Vou lhe dar um remedinho, pra você relaxar e descansar um pouco, ok?
Marcos apenas virou o rosto pro outro lado. Marta pôs a seringa no tubo e quando começou a inserir o calmante foi interrompida com um baque no rosto, só viu tudo ficar vermelho e sentiu seu corpo cair no chão.
Jorge entrou na sala, pronto para parar Marcos que havia tirado a agulha do soro de seu braço, nocauteado Marta com o gesso do seu braço e estava pronto pra fugir.
Não foi necessário muito esforço do jovem, bastou um chute entre as pernas abertas de Jorge para ele cair no chão gemendo de dor e sua fuga estava concluída, apenas correu para a recepção e saiu pela porta da frente mesmo. Assim mesmo, sem muitas dificuldades. Afinal o hospital só tinha um segurança e a única viatura de polícia da cidade ainda demoraria alguns minutos pra chegar.

Morte à queima-roupaOnde histórias criam vida. Descubra agora