Inocência de uns e de outros

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E ali ele estava novamente, sentado numa viatura como esteve há pouco mais de três dias atrás. O que mudava agora é que não estava mais sozinho e Eric possuía Tarsila ao seu lado e que ela estava ali disposta a permanecer a o teu lado. Eram duas viaturas indo em direção a viatura, a que eles estavam e a outra que levava Marcos a delegacia sob acusação de ter orquestrado o homicídio de seus pais. Tarsila não parava de se questionar se Marcos realmente havia feito aquilo ou se era apenas tudo um mal entendido e a polícia estava cometendo um grande erro com aquele mandado de prisão para seu primo. Ela não sabia dizer se ele seria capaz de fazer algo tão cruel com alguém quanto mais com seus próprios pais, mesmo com todos os problemas que havia entre eles com toda a questão do alcoolismo. Mas talvez justamente por esses problemas e num momento em que estivesse fora de si por culpa do álcool Marcos tivesse tomado essa decisão.
Algo que Tarsila não consegui entender era o porquê dele ter aparecido no BomBar atacando Eric daquela forma, tudo bem que se espera que alguém fique um tempo de luto e tudo mais, mas cada um lida com a morte do seu jeito e ela não via mal algum em Eric sair uma noite para tentar se distrair um pouco. E além do mais, "uma qualquer"? Aquilo não doera em Tarsila no momento em que saíra da boca de Marcos mas agora ela estava bastante revoltada em como fora tratada pelo próprio primo.
Eles estavam quase chegando a delegacia e Tarsila se preparava para acordar sua mainha com um ligação no meio da madrugada contando tudo isso que acontecera e ela não sabia se seria pior dizer que saíram escondidos ou se haviam ido parar na delegacia após o irmão de Eric atacá-lo e ser preso num bar em que estavam bebendo mais do que dois jovens que mal fizeram dezoito anos deviam. A única certeza que possuía era que estava ferrada e não seria nada fácil sair dessa sem nenhuma consequência.
Enquanto essa chuva de pensamentos caía sobre Tarsila, Eric, que estava ao seu lado, só conseguia remoer tudo o que Marcos havia lhe dito e refletir sobre como cada palavra havia sido verdade, sobre como Eric realmente havia sido um péssimo irmão todo esse tempo e nem sequer notara a pessoa horrível que estava sendo. Eric realmente nem ao menos tentou defender seu irmão, pelo contrário, disse a polícia que ele provavelmente era o culpado; ele realmente não o procurar e ou fizer menção de fazer isso, e na primeira suspeita de que Marcos estava por perto ele saiu correndo; e realmente não fazia uma semana que havia perdido os pais e já estava num bar enchendo a cara com uma qualquer que acabara de conhecer; ele não fizer o mínimo esforço!
Chegaram a delegacia, mas para descerem do carro ele e Tarsila deveriam esperar Marcos ser escoltado para dentro para evitar um novo ataque, e não havia nada que estivesse doendo mais em Eric naquele momento do que ver seu irmão, com quem crescera e aprendera grande parte das coisas da vida e que em um certo momento até usara como espelho para quando crescesse, sendo preso como um criminoso cruel e sem coração, sendo levado para dentro da delegacia para pagar pelo crime que destroçara sua família. E isso tudo doía, principalmente por Eric saber que Marcos era inocente, e por ele saber que não tinha coragem de fazer nada, e por ter a certeza que já havia perdido seus pais e agora estava perdendo seu irmão.

Morte à queima-roupaOnde histórias criam vida. Descubra agora