Capitulo 4

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Acho que descobri o que é ter uma rival, admito que fiquei triste quando vi o garoto da gravadora conversar com ela, não sei porque. Vou contar isso a Joaquim na próxima carta. Ele provavelmente já passou por isso.
Coloquei um vestido branco de verão. Hoje era sábado, não tinha nem aula nem gravadora.
Desci para o quintal para andar um pouco e lá pelas 13:00 o carteiro chegou com as cartas. Para minha felicidade tinha uma para mim, li sentada à sombra de uma árvore, e depois voltei para casa para escrever a resposta.
Resolvi fazer o que ele falou, explorar a casa. Eu conhecia um lado da casa, o que tinha meu quarto o do tio Raul, a cozinha e o banheiro. Atravessei a porta e me deparei com um corredor escuro, acendi a luz e entrei, tinha escritórios e alguns quartos vazios, a última porta era uma biblioteca enorme, adorei. Girei em volta para conseguir observar ela inteira. Tinha escadas gigantes para alcançar os livros mais altos. No centro um sofá cheio de coisas inúteis em cima, mas achei uma cópia da chave de casa, peguei e também peguei um suporte para guardar cartas.
Levei para o quarto e acrescentei essas informações a carta para Joaquim.
Era prata e estava um pouco feio, então fui até a garagem e peguei uma lata de tinta roxa. Pintei e deixei secar. De noite estava seco e pude guardar as duas cartas de Joaquim. Guardei a chave de casa na bolsa em forma de cereja que eu mais usava.
Perguntei a Raul se não poderíamos ir ao cinema já que fazia um tempo que eu não ia:
-Estou muito ocupado Manu. Mas toma dinheiro, você já está bem grandinha para ir sozinha!
-Tem certeza?- disse pegando a nota de 50 em sua mão.
Ele assentiu.
Fiquei feliz, e guardei o dinheiro na carteira, que bom sempre quiz sair sozinha. Abri no celular o site onde tinha os filmes passando e selecionei um de aventura, eram meus favoritos.
Vesti uma blusa de manga curta branca com um coração cor de pêssego e shorts vermelhos, penteei os cabelos em uma trança lateral, e peguei uma caixa de maquiagem que ganhei de presente de Raul, mas não passei muita coisa, coloquei a sapatilha e a bolsa e pedi um táxi.
Fui até o shopping mais próximo e mistério ingresso para a moça do caixa.
Minha cadeira era uma longe, lá em cima.
Subi as escadas de duas em duas e finalmente cheguei, reparei que era a última fileira. Sentei.
Lá pro meio do filme eu resolvi olhar para a pessoa que estava sentada ao meu lado, não sei se por curiosidade ou intuição, vi o garoto da gravadora com a Priscila também vendo o filme. Por algum motivo fiquei novamente com aquele sentimento estranho de antes.
Mexi na cadeira e fiquei meio emburrada, até ele me perceber, ele olhou para mim com curiosidade mas depois sorriu e mesmo querendo desmanchar eu continuei com a cara fechada, mas mais amenizada.
Mas aí senti que ele fazia carinho na minha mão com o polegar. Sem perceber meu rosto voltou a ficar calmo e até a sorrir um pouco.
E voltei a olhar para o filme, só fui encontrar ele de novo na hora da saída, quando Priscila foi embora e ele veio até mim:
- Oi! Desculpa não tive tempo de conversar com você! Meu nome é Joaquim e o seu?
Congelei, ele tinha o mesmo nome do meu correspondente, mas deve ser só coincidência:
-O meu é...é Manuela.
Ela assentiu:
-Quer carona pra casa? Já está tarde!-ele disse olhando para o relógio em seu pulso.
Balancei a cabeça afirmativamente e ele pegou minha mão para me guiar para fora. Provavelmente eu deveria reclamar ou soltar, mas eu gostei.

Cartas de um amorOnde histórias criam vida. Descubra agora