Capitulo 6

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   -Chegou mais cedo Penni? -Disse do quarto ao ouvir o barulho da porta da sala.
   -Sim, estava com dor de cabeça, aquele professor de Biologia pediu um trabalho pra entregar amanhã e eu ainda não comecei -disse colocando a mão sobre a cabeça e sentando-se no sofá.
   -Então deixa a pizza pra outro dia! Se concentra em seu trabalho.
Caminhei até ela e a abracei, tentando acalma-lá.
   -Vou começar a fazer agora, antes que eu esqueça -disse caminhando até a sua bolsa.
Ela sentou no banco da mesa da cozinha pegou seus livros e cadernos e começou a fazer o trabalho.

Eu simplesmente não consigo me imaginar empenhando tanto! Ela e muito segura de si, quer fazer as coisas tudo certinho para dar orgulho ao seus pais.

Liguei a tv e peguei uma coberta no armário. Veio um vento do nada, corri para fechar as janelas, quando vi a moça da tv anunciando um tornado.

   -Os ventos fortes vieram do leste, não saiam de casa o tempo está perigoso. Se agasalhem pois vira uma frente fria acompanhando.

A repórter parecia preocupada más ao mesmo tempo tentando passar segurança.
Penni já estava nervosa achando que algo iria acontecer com a gente. Tentei passar o máximo de segurança para ela, más ela estava nervosa.
Quando nós mal esperávamos a janela começa a "sacudir" e entrar um vento frio. Pegamos as cobertas e nos embrulhamos do pé a cabeça. A energia do prédio teve curto novamente, e as luzes se apagaram. Ficamos ali no escuro em plena 10 da noite, as ruas estavam desertas e a noite melancólica e fria. Me levantei, deixando Penni em baixo das cobertas e fui até a porta, estava difícil andar pois esbarrava nas coisas sem ver por causa do escuro.
Quando mexi na maçaneta da porta senti ela mexendo do outro lado também! Me afastei por uns segundos para ver até onde a pessoa que estava tentando abrir iria.
-Não se mexe -disse para Penni -onde ficou imóvel.
-Quem é? -perguntei chegando perto da porta.
Ouve um silêncio.
-Quem está ai? -perguntei novamente.
-É o Gabriel! Está tudo bem ai? fiquei preocupado, lá fora esta ventando muito e as luzes se apagaram.
-Está tudo bem Gabriel, não se preocupe...
Ouvi um estrondo do céu e começou a chover.
-Está relampeando muito, tomem cuidado, tirem tudo da tomada -disse falando mais alto por causa do barulho da chuva.
-Claro, e você também tome cuidado! Nossa noite de pizza já era -gritei e dei umas risadas.
-Noite de pizza? Adoraria -gritou do outro lado da porta.
Antes que pudesse explicar que não estava convidando-o ele saiu e não ouvi mais barulho dele, apenas daquela chuva grossa e barulhenta.
-Ele já foi? -perguntou Penni preocupada com a situação.
-Foi sim, não abri a porta porque ainda não o conheço direito... E Penni ele achou que eu estava convidando-o para vim aqui comer pizza e agora? -perguntei sentando no sofá ao lado dela.
-E ele aceitou?
-Pelo jeito sim, ele e nosso vizinho! Ou nós aprendemos a conviver ou nós damos um basta nessas preocupações dele. Já está ficando estranho!
-Oliviaaa ele está afim de você boba -ela disse empolgada me abraçando -finalmente você vai se mancar e esquecer aquela história do Fabricio seu ex.
-Penni! Já disse para não falar mais sobre essa pessoa, não quero nem ouvir o nome dele.

Fabricio ou melhor "F" foi o meu ex do Brasil. Conheci ele em uma festa e ele me tratou com paciência e dedicação por um tempo. Até, voltar com sua ex e me deixar sozinha novamente. Já deveria estar mais que acostumada, contos de fadas não existem.

Passamos a noite inteira dividindo um colchão e o sofá na sala, com muitas cobertas em volta e travesseiros. Estava uns 10 graus, e como se não bastasse a janela estourada com os vidros no chão, tinha uma goteira perto da porta o que estava mais pra uma cachoeira.
Quando amanheceu a energia tinha voltado, ligamos a tv e fomos nos dar conta dos estragos pela cidade.
Tinha acontecido vários estragos o tornado tinha sido muito forte e até algumas pessoas sofreram alguns hematomas e ficaram bem machucadas.
-Olivia, estava pensando... -disse Penni caminhando até os cacos no chão -pensa se eu tivesse esperando taxi ou tivesse que ter ficado até mais tarde na faculdade?
-Realmente, teria sido bem perigoso! Poderia ter acontecido algo com você, agradeça a Deus por ter dado tudo certo. Em falar nisso, sua dor de cabeça melhorou? Ontem você não se queixou mais...
Caminhei até ela com uma sacola na mão, ajudando-a apanhar todos os cacos no chão.
-Sim, por incrível que pareça eu me senti ótima após chegar em casa.
-E a seu trabalho? O que vai fazer? Não da tempo de termina-lo, lamento -disse olhando para ela com pena.
-Ainda não sei, acho que lá nem vai abrir hoje por causa do tornado.
-Pois é.
Ajudei ela a ajeitar a casa, arrumamos quase tudo e ligamos para um empreiteiro. Era 10 hr da manhã e os estragos na rua eram evidentes.
-Alo? Preciso de um eletricista para amanhã, será que pode mandar alguém aqui?
-Claro, só passe seu endereço que mandaremos um ai de manhã cedo, não se preocupe.

Após ligação feita trocamos de roupa para ir a igreja, para pelo menos prestar solidariedade por paris e seus habitantes.
A igreja ficava a cerca de duas ruas a baixo do apartamento. Ela era grande com paredes brancas e desenhos nas paredes de azul e dourado, suas cadeiras aconchegantes e o clima estava normal até então.
Entramos e nos sentamos atrás de várias pessoas, estava cheio mal cabia mais gente. Apesar de ser enorme. O pastor começou a falar sobre nossas escolhas, livramentos e agradecer por estarmos todos saudáveis e vivos.

Apesar de nao frequentar direito a igreja, já tinha lido a bíblia toda e sabia algumas coisas a respeito, por isso nao sentia tanta necessidade de ir.

Quando saímos do culto tropecei no degrau da escada da igreja quando fui segurada.
-Tudo bem Moça? -Disse um cara charmoso.
Aquele mesmo sorriso e olhar que era encantador.
-Está sim -disse sem graça me ajeitando.
Quando levantei os olhos em direção aos seus era o Olivier, com aquele cabelo cor de mel amarrado e um cachecol em volta do seu pescoço e calça marrom com sapatos de bico.
-Desde quando frequenta a igreja? -disse me afastando um pouco dele.
-Desde sempre! Minha mãe vem aqui sempre aos domingos, já você.. Nunca te vi aqui, por acaso e católica?
-Não, só nao frequento muito, apenas isso -disse com um sorriso sem graça e ao mesmo tempo cerrando os lábios pois estava frio.
-A-h sim. Vou indo, nosso jantar ainda está de pé? -disse entrando em um carro preto com vidro fumê.
-Sim, até mais.
Acenei e sorri de volta.

Antes que o dia amanheça Onde histórias criam vida. Descubra agora