-Ainda nada do metrô, estamos aqui a 5 minutos já.
-Calma Penni, você sabe que demora mesmo.
Ela levantou o seu braço e olhou as horas.
-Alguma coisa está errada?
-Não, não. Só estou impaciente.
Falou colocando as mãos no bolso na calça e depois cruzando-os, e continuou:
-Olivia, você já fez algo que tem medo de alguém descobrir e algo acontecer com você?
-Que papo é esse Penni? O que você fez?
-Nada, nada...
Ela olhou para os lados e se aproximou de mim e em seguida me entregou um papel que estava em seu bolso.
-Fui encontrar um amigo hoje mais cedo e ele disse que precisava de ajuda pra uma coisa, eu não sabia o que fazer e acabei aceitando a proposta dele. Por impulso eu acho, não sei. Estou nervosa.
-Meu Deus Penni, o que você fez?
-Então... eu concordei em ajudá-lo a entrar no sistema da faculdade e pegar as respostas da prova e achei que você pudesse nos ajudar, você não trabalha lá em coisas de computação?
-Eu não posso fazer isso Penni, estaria colocando meu trabalho em risco!
-Mas é só você fazer direito, sem ninguém ver! A senha do computador deles esta ai nesse papel, você só precisa entrar na sala da sua chefe e acessar o computador dela.
-Mas como ele tinha a senha?
-Olha, não faz pergunta difícil.
Ela sorriu em seguida e completou:
-Só me ajuda nisso, por favor?!
-Tudo bem, vou pensar.
Coloquei o papel no bolso e fingir que nada tinha acontecido.
-Olha o metrô.
Disse olhando para a plataforma.
-Vamos logo, estou faminta.
Penni deu uma saltitada para dentro do vagão.
A medida que o metrô ia passando pela cidade fomos observando os lugares que a gente nem sabia que tinha. Aqueles prédios altos, muitas propagandas por todo canto, muitos carros e pessoas correndo por todo lado para cumprir os seus afazeres no dia.
-Penni, porque você aceitou?
-Eu achei que seria uma boa, mas eu não vou olhar as respostas. Eu vou estudar para fazer... ele só disse que vai dar uma ajuda financeira e vai dar para gente sair daquele subúrbio.
-Você sabe que isso não é certo né?
-Sim, mas só estou ajudando porque a gente precisa Olivia.
Ela disse olhando para mim e direciona seus olhos para a janela logo em seguida.
-Tudo bem. Chegamos.
Sentamos em um letreiro da cidade que tem bem no meio do parque, feito com arbustos.
-Essa vista é linda não é Penni?
-Incrível, me faz pensar na minha família... que saudade.
-Essa grama me lembra o jardim da minha casa no Brasil, eu brincava de correr com meu cachorrinho... e é como se fosse ontem que eu dei adeus para os meus pais, só para tentar a vida aqui... mas estou feliz.
Olhei para Penni enquanto ela me encarava e apenas sorria.
-E você, como era sua vida em casa? O que te faz lembrar essas gramas verdes e flores coloridas?
-Ah, eu me lembro de tanta coisa... uma delas é a vez que meu pai colheu várias florzinhas e me deu um buquê, eu tinha sei lá uns 8 anos e me fantasiava de princesa... como era fácil as coisas naquele tempo.
-Eu também sinto falta...
Penni me abraçou e ficamos olhando pro nada por alguns segundos.
-Mas então o que vamos comer primeiro?
Me soltei de Penni e cruzei as pernas, olhando para ela e sorrindo perguntei animada:
-Bom, temos um delicioso bolo de morango... o que acha?
Ela sorriu enquanto segurava e balançava o bolo.
-Ótima ideia.
Parti um pedaço e coloquei em um guardanapo e repeti o mesmo ato pra mim.
-Olivia seu nariz está sujo de glacê.
-Sério?
Sorrimos.
A tarde ia acabando e a noite ia se aproximando, as crianças que antes estavam correndo pra lá e pra cá já haviam ido embora. A comida já tinha acabado e o sono estava chegando aos poucos.
-Vamos tirar uma foto antes de ir?
-Vamos, vou subir em cima daquela mureta.
Abri os braços e me equilibrei em uma mureta que mal cabia meus pés. Atrás pegava as luzes da cidade, e as flores no fundo.
-Pronto Olivia, agora tira a minha.
Penni fez uma careta e se inclinou botando a mão no joelho enquanto também se equilibrava.
-Ótimo!
Demos uma gargalhada.
Penni veio ver as fotos em seu celular.
-Ficaram muito boas, vamos revelar?
-Amanha cedo eu vou lá e revelo para gente.
Juntamos nossas coisas e fomos para a estação do metrô.
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Antes que o dia amanheça
RomanceOlivia Meddison e uma garota de apenas 20 anos. Nascida e criada no Rio De Janeiro. Logo após fazer 20, foi para a França com sua melhor amiga Penni. Na sua estadia ela consegue um emprego em uma empresa multinacional de eletrônicos. Conhece Olivier...