Capitulo 9

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Dei uma passada rápida no prédio do xerox, lá estava bem mais quentinho. E eu pude então tirar o meu casaco.
-Que frio em senhorita?
-Sim muito frio mesmo! Estou congelando.
-Já estou acabando, pode colocar o seu casaco no balcão.
O menino tinha mais ou menos uns dezenove anos. Vestia um casaco de tecido fino, botas altas e calça preta. Aparentemente, parecia feliz com seu trabalho naquela papelaria.
-Meu Francês está enferrujado me desculpe e obrigada -agradeci em francês.
-Não se preocupe, eu também estou arranhado -disse ele com um sorrisinho de lado e ao mesmo tempo olhando para o lado como se procurasse algo.
-Também não fala francês fluente?
-Não, estou aqui a intercâmbio... Sou Americano!
-Nunca tinha conhecido um Americano... Apesar dessa cidade ser cheia de gringos.
-E você é de onde?
-Sou do Brasil! Vim morar aqui tem pouco tempo.
-Uau! Uma Brasileira, eu que nunca tinha visto uma...Brasileiras são esplendidas!! Adorei!
Ele falava com tanta empolgação e era como se ele tivesse achado um baú do tesouro.
-Está pronto, senhorita...? -perguntou e eu completei:
-Meddison, obrigada.
Peguei minhas coisas em cima do balcão e o café que ainda estava pelando de quente.
-Até mais.
Me despedi dele e sai.

A neve estava "cessando" más ainda estava muito frio. Atravessei a rua e entrei no prédio como se fosse um alívio.

-Querida! Não sei como esse café não esfriou, passa pra cá o meu -Disse Luan pegando o seu na bandeja.
-Vou lá pra cima levar o outro,beijos.
Subi as escadas e o mais rápido possível.
Quando cheguei me deparei com Analu que estava saindo do meu escritório.
-Posso ajudar? -Perguntei Analu e ao mesmo tempo olhando pra dentro da minha sala.
-Achei que os papéis já tinham sido imprimidos, más vejo que não.
Ela olhou pra minha mão e como uma olhada fatal ela puxou da minha mão com força, fazendo com que eu derrubasse o café todo no meu casaco cinza e nas minhas botas.
-Ops! Desculpa... É melhor ir se limpar, e aproveita e trás um pano, o chão está imundo.
Ela saiu desfilando pelo corredor e antes que pudesse sumir da minha vista eu criei coragem e gritei:
-ANALU! você tem medo! E isso! Eu tenho ótimas ideias, e ainda sou amiga da K! Uma das mais importantes daqui. É você tem medo que eu possa subir de cargo e te passar, seria uma pena não é mesmo??
Analu parou por dez segundos e respirou fundo. Se virou na maior calma é apenas disse:
-Isso não é uma competição. Mas tem razão eu não gosto de você, que vença a melhor.
Quando ela virou o corredor eu simplesmente sentei no chão e comecei a chorar não podia ter feito aquilo... Me arrependi amargamente! Ela e muito mais superior, rica, suas roupas são de grife e ainda e francesa legítima! Me ferrei.
Quando terminei de limpar tudo fui pra minha sala sem o café da K e ainda por cima molhada. Me debrucei na mesa quando ouço um "toc-toc" na porta.
-Então você esta aqui, o que aconteceu? Cadê meu café? -K perguntou e veio se aproximando -Está tudo bem?
Levantei a cabeça e mostrei meus olhos inchados e olhar triste.
-Está tudo bem, não tem com o que se preocupar -enxuguei minhas lágrimas.
-Você pode achar que eu não me preocupo, mas eu me importo muito com você sim. Você e minha amiga. E eu não quero te ver assim...
Ela se aproximou de mim e me abraçou.
-Me sinto melhor, obrigada. Acho que está na hora deu ir embora...
Peguei minha bolsa no chão, e K me encarava quando perguntou:
-Porque sua roupa está manchada de café?
-Pergunta pra Analu.
Sai sem olhar pra trás e fui embora.
-Até segunda Luan.
-Até fofa.

Ó café já estava seco em minha roupa, o cheiro estava muito forte, e a tempestade estava à chegar novamente. Eu precisava ir de a pé porque não tinha carro e nem carona.

Enquanto caminhava para casa, passava em frente às vitrines de lojas chiques e aconchegantes, eu precisava mudar de visual! Já estava cansada de usar sempre os mesmo moletons e sapatos broxantes.
Parei em frente uma vitrine e mesmo com o frio intenso me perdi olhando para um vestido com um casaco de pele. O preço não era nada acessível, mas era incrível! Aquele tom de verde claro, com o casaco de pele beije... Era lindo! Fiquei namorando ele... Iria juntar minhas economias porque foi paixão a primeira vista.
Com os ventos fortes eu sai rápido de lá, minhas mãos congelando e a neve estava me atolando nas calçadas.
Cheguei em casa e subi as escadas. Minhas botas deixavam um rastro de neve por toda parte e o cheiro do café continuava forte por onde eu passava.
-Dia difícil em...
-Ah, Gabriel -disse com vergonha deixando minhas chaves cair no chão.
-Deixa que eu pego...
Ele se abaixou ao mesmo tempo que eu e nossas mãos se tocaram. Minhas bochechas ficaram vermelhas de vergonha e ele se levantou rapidamente.
-Me desculpe -Diz ele colocando as mãos nos bolsos e olhando pra trás, como se estivesse sem graça.
-Imagina, vou indo porque o cheiro já está embrulhando meu estômago -Disse dando um sorriso forçado.
-Tudo bem... Desculpa o incômodo, eu só queria te perguntar uma coisa... Mas deixa depois eu falo. Até logo.
Ele deu as costas e saiu pelo corredor em direção ao seu quarto. Entrei rapidamente e tirei aquele casaco lambuzado de café. Tomei um banho quente e coloquei meu pijama e minha pantufa de panda.

Penni diz que tenho que crescer que essas coisas não se usam mais, só que eu nao me importo! Gosto desse meu jeito fofo de ser.

Quando foi escurecendo Penni chegou em casa.
-QUE CHEIRO E ESSE? por acaso perdi algo? -perguntou; caminhando ate mim.
-Tive um dia difícil hoje no trabalho... Nada demais, e você me conta, como esta indo a faculdade?
-Está ótima a propósito... Estou estudando demais é muito cansativo.
-Hm, e o lindo professor de Química que você tem em em -perguntei fazendo cócegas nela.
-Paraa -Disse ela dando gargalhadas e ao mesmo tempo admitindo gostar dele.
-Vou dormir, estou cansada Penni... Amanhã tenho um longo dia pela frente. Boa noite.
-Até mais, também já vou.

Antes que o dia amanheça Onde histórias criam vida. Descubra agora