Capitulo 10

2 0 0
                                    

O dia amanheceu chuvoso, ouvia logo o barulho dos ventos e das placas balançando do outro lado da rua. Um frio me acalentava, certamente eu ainda não havia me acostumado com a chuva daqui. As fiações desse prédio não são do tipo confiáveis, mas não valeria a pena juntar dinheiro pra arrumar se estamos juntando para comprar um ap novo.
Acabei de acordar e olho no relógio são 8:00h de sábado, suspirei por alguns minutos em seguida olhando para cima tive uma ideia de nova programação para o dia que acabara de começar.
—Que tal um piquenique?
Caminhei até a sala e Penni não estava, pensei comigo mesma: aonde ela poderia estar? O celular ela deixou na mesa da cozinha, que estranho. Aguardei ansiosamente até a chegada dela as 9:00.
—Onde a senhorita estava?
Caminhei até ela com as mãos na cintura e olhar desconfiado.
—Eu estava caminhando?
Disse com um tom sarcástico e sorrindo ao mesmo tempo.
—Vem, tive uma ideia pro nosso sábado.
Agarrei lhe pelo braço forçando a sentar no sofá.
—Que ideia?
—Pensei que poderíamos ir fazer um piquenique, o que acha?
—Ótima ideia, mas não poderei ficar muito tempo. Minhas matérias estão cada vez mais difíceis e eu estou muito dispersa ultimamente.
—Não vamos ficar muito, apenas o suficiente para distrair um pouco a cabeça.
—Então tá bom, que hora vamos?
—Que tal depois da série das 15:00?
—Perfeito.
Na televisão a cabo daqui sempre passa a série "Delator", uma das melhores que já havia visto. Penni adora imitar alguns personagens dela, chego a dar muitas risadas. Não podemos perder um episódio! Se não seria como se fosse o fim do mundo. "Menos drama por favor" eu repetia na mente.
As horas passavam e a gente fazia as tarefas do dia a dia. Eu sou encarregada de passar o pano naquele cubículo (onde mal dava para usar o banheiro sem que ninguém ouvisse você, sério). Penni tira poeira e limpa o banheiro (é cada grito de choque quando vai limpar o chuveiro que só por Deus).
Liguei a televisão, já era 14:30.
—Faz pipoca!
Nem precisei gritar muito alto, ali sussurro já era um grito.
—Calma escandalosa.
Ela veio do seu quarto com o celular na mão e cara fechada.
—Você sente saudade dos seus pais? Eu sinto dos meus...
Pergunto enquanto me ajeito no sofá.
—Muita. As vezes queria voltar, só para ficar com eles.
—Mas não pensa em desistir, você lutou muito para chegar aqui. Você merece. Confortei.
—Obrigada.
—Você esta sendo uma amiga e tanto...
Antes que pudesse completar a frase a pipoca estoura e acaba assustando nós duas. Rimos juntas.
A série acabara de começar e Penni já vinha com uma vasilha lotada de pipoca e um copo de suco na mão.
—E o meu suco?
Fiz cara de quem estava se sentindo preguiçosa.
—Tá na geladeira, a vontade.
Levantei dando algumas risadinhas, e olhei pela janela quando vi Gabriel abraçando uma menina na rua lá em baixo.
—Porque a demora?
Penni perguntou da sala.
Caminhei até ela e me sentei, sem o suco e com uma cara totalmente aflita. Ela larga sua pipoca e coloca o suco em cima da mesa, e começou me encarar esperando uma resposta.
—Oi? Terra chamando, alô?
—Você já criou expectativas sem poder ter feito isso?
—Como assim? Me explica, o que você estava olhando?
Perguntou segurando em minhas mãos.
—Não sei explicar, eu sou boba...
—Essa história está mal contada, espera ai.
Ela se levantou pegou uma água e olhou pela janela.
—Toma, não acredito que é por causa do Gabriel, vocês mal se conhecem.
—Tem razão.
Me recompus na hora e prestei atenção na série. Penni sem entender nada apenas evita continuar o assunto é da uma de "não ligo".
Quando era mais ou menos 17:00 já havia juntado todas as coisas do piquenique: Frutas, sorvete, suco e doce. Me agachei para pegar uma cesta no armário embaixo do da pia que havíamos comprado a décadas e finalmente ia ser usada pela segunda vez.
—Penni anda logo, você mesmo disse que não poderia ficar por muito tempo e fica enrolando!
Berrei da cozinha.
—Vamos.
Ela apareceu de bota de cavalgar e chapéu.
—Aonde você acha que está indo? —Dei uma risada e continuei —Pra roça?
—Está demais? Então?
Fez uma expressão triste enquanto me perguntava.
—Você é linda. Esse é o problema, tudo fica ótimo. Pode até mesmo ir de saco plástico, vai fazer sucesso.
Nós rimos juntas e ela foi se trocar apesar do que eu tinha dito.
—Agora vamos!
Ela se pôs animada e pegou suas chaves na mesa. Veio até mim vestida agora com tênis de caminhada e blusa de frio, acompanhada de uma touca nada chamativa. Enquanto eu vestia legue preta e tênis cano alto e uma blusinha não muito quente de manga.
Saímos de casa e fomos caminhando até uma estação de metro, ficava a uns 10 minutos de casa e iria levar a gente exatamente para o lugar certo. Passamos em frente a uma bancada de frutas, e eu me interessei por algumas de tão bonitas e novinhas. Me aproximei das maçãs e perguntei ao moço que estava do lado delas me olhando com um sorriso no rosto, como quem acabara de ganhar o dia.
—Poderia colocar na sacola 3 dessas vermelhas aqui?
Eu sorri e olhei para Penni que estava distraída de lado mexendo em seu celular. Parecia muito concentrada.
—Aqui está senhorita. Muito obrigada.
Ele disse em francês.
Meu francês está cada vez mais compreensível, as palavras já estão sendo visivelmente fáceis de se falar e de se aprender.
Peguei a sacola e dei o dinheiro para o vendedor, Penni coloca seu celular no bolso em questão de segundos como quem havia levado um susto.
—Eu atrapalhei algo ai?
—Que nada, é, então, estavam boas?
Perguntou mudando de assunto, colocando suas mãos no bolso e evitando contato visual.
—Sim, peguei as melhores.
Andamos a metade do caminho sem falar um à. E a outra metade eu passei no telefone com minha mãe.

Antes que o dia amanheça Onde histórias criam vida. Descubra agora