Capítulo 12

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No dia seguinte eu não sabia onde enfiar a cara! Fingi que estava focada nas anotações de cálculo durante toda a viagem de ida para a faculdade. Mais uma viagem sozinha com Pedro, já que Bel iria chegar do acampamento e ir direto para a aula.

Foi um silêncio ensurdecedor, se é que isso é possível. Pedro não falava nada também, mas aparentava estar bem-humorado e realmente não querendo atrapalhar os meus falsos estudos.

Quando chegamos ao campus, saí apressadamente do carro, mas congelei ao escutar a voz de Pedro me chamando.

- Lia!

Lia, ele me chamou de Lia mesmo ou eu ainda estou fantasiando? A experiência da noite anterior ainda me deixava tonta.

- Lia? –olhei para trás perguntando com uma expressão desacreditada.

Pedro riu e respondeu – Boa prova!

- Obrigada! – Sorri de volta e sai apressadamente até a sala para garantir um bom lugar e também para se afastar o mais rápido possível daqueles olhos verdes.

Eu só posso estar ficando maluca. Ficar fantasiando Pedro é a coisa mais imprevisível que a minha mente maluca poderia produzir. Tenho que parar com isso já! Eu não gosto dele! Tudo bem, ele tem se revelado um cara legal, mas ao mesmo tempo os comentários irônicos e as frases do passado assombram qualquer que seja a conversa que tenhamos. E eu nem sei se ele de fato gosta de mim ou está apenas representando bem para que a Bel não fique chateada com a gente. Aliás, agora eu me lembro que ele não tem feito esforço nenhum para encontrar um novo lugar para morar...

Meus pensamentos são cortados pelas frases do professor dando início a prova. Eu precisava me concentrar.

Uma semana depois, a minha vida começava a voltar à normal, com o fim das provas. Tinha mais tempo livre e já começava a conseguir encarar o Pedro depois do "episodio molhado".

Era uma quinta-feira e eu estava no meu quarto arrancando os cabelos e atualizando pela centésima vez a página da faculdade para ver se já haviam saído as notas. O fato de Pedro ter se mudado para o nosso AP até tinha um saldo positivo no meio daquele turbilhão de inconveniências já que fiquei por mais tempo dentro do meu quarto e acabei estudando mais para as provas e, por consequência, as minhas notas tinham sido bem melhores.

Mas até o momento só uma ainda não tinha saído, a de Cálculo II.

Sempre tive a leve sensação de que os professores faziam de propósito. Eu consigo vê-los, todos os professores em uma sala, bebendo taças de vinho e rindo dos alunos "Vamos torturá-los por mais quantas horas?" um deles pergunta enquanto os outros riem envoltos em uma fumaça de charutos cubanos.

Seu usasse a minha criatividade para uma coisa útil estava rica!

Finalmente a página do computador atualizou e minha nota gritava na tela.

- AHHHH!! – Sai correndo do quarto em direção à sala, Bel e Pedro estavam sentados no sofá – Eu tirei sete! Seeeete! Eu não acredito! UHUUUUUUUUUU!!!.

Os dois me olhavam com uma cara assustada, quando comecei a dançar na frente do sofá e fazer a minha dancinha da vitória. Bel demorou a perceber o que esta a acontecendo mas logo começou a se divertir com minha empolgação.

-Dança comigo Bel – minha amiga já tinha levantado e dançava comigo pela sala!

- Lia, que ótimo – disse Pedro já de pé me olhando enquanto eu dançava na frente dele.

E por um impulso que veio sei lá da onde, eu dei um abraço nele.

– Obrigada! Obrigada! Aquela questão que você me ajudou caiu igualzinha na prova! – e nesse segundo eu percebi que estava mais perto dele do que podia imaginar.Me senti extremamente estranha e desajeitada. E ele retribuiu o meu abraço com os braços ao redor do meu corpo.

O Reverso do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora