Capítulo 29

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A sexta-feira chegou e nos preparamos para ir para a fazenda. É impressionante como o tempo passa rápido quando estamos felizes, nos divertindo na companhia das pessoas que a gente ama.

Papai e mamãe almoçaram comigo antes de pegar a estrada. Só nos veríamos agora no domingo à noite quando estaria me preparando para voltar para a cidade universitária.

- Meu bebê, se cuida tá, mamãe te ama! – minha mãe estava me sufocando num abraço de urso.

- Sei! Me ama mas me abandona! – fiz charminho.

- Não faz isso com a mamãe!

Faço biquinho encenando uma chateação enquanto abraço e beijo meus pais antes deles saírem. Os amo demais. Eles sempre foram pais que conseguiram equilibrar a presença deles em minha vida, me deixando andar com minhas próprias pernas e ao mesmo tempo sempre me assistindo em tudo. Estava bem perto a hora em que eles não precisariam mais me bancar e eu realmente poderia ter uma vida independente, com um bom emprego, coisa que era difícil de encontrar quando você está estudando numa cidade universitária no interior.

Arrumei uma mala pequena e desci para encontrar Bel na frente do prédio dela. Os pais dela iriam nos deixar na rodoviária para pegarmos o ônibus para a cidade onde fica a fazenda.

Já dentro do ônibus fomos rindo, ouvindo música, contando histórias, ainda não tinha tido tempo desde que cheguei para conversar com tranquilidade com a Bel.

- Então quando mesmo que você disse que o Alberto vai conhecer os seus pais? – disse com cabeça encostada no assento do ônibus e olhava para Bel.

- Ai a gente ainda não determinou sabe... Talvez no próximo feriado que tivermos vamos vir para tornar as coisas oficiais. Infelizmente, ele não pôde aparecer nessas férias. Na verdade ele nem aproveitou muito as férias por causa da ONG. Voltou para a cidade dele apenas no Natal e no Ano novo e já está lá de volta. Eu estou com muitas saudades. Ele é muito fofo!

- Você está apaixonadinha né? – Percebia a felicidade nela, ela realmente estava apaixonada.

- ESTOOOU! – Bel sorria.

- E a pergunta que não quer calar: e os dreads?

Bel gargalhou alto. Eu sentia bastante nojinho daqueles dreads no cabelo, mas se ela gostava o que eu poderia fazer? Era melhor ter dreads horrorosos e amar e ser honesto com a outra pessoa que ter o exterior perfeitinho e magoar corações por aí!

- Eu já me acostumei... Mas confesso que já lancei umas indiretas para ele cortar! Acho que ele vai ficar muito mais lindo sem todo aquele cabelo!

Continuamos conversando até a chegada à fazenda que fica a umas duas horas de viagem da cidade onde nossos pais moram. Estava muito feliz pela Bel, ela merece muito alguém bacana. Não conheço ninguém mais linda por dentro e por fora que minha melhor amiga.

Chegamos na fazenda super bem recepcionados pelos avós fofos da Bel que prepararam um banquete para nós.

- Meu Deus, vou ter que voltar para a universidade rolando! Porque eu vou sair daqui redonda! Como resistir a tudo isso?

Na sexta feira enquanto a Bel tomava banho para jantarmos e a avó dela cozinhava, sentei na varanda da casa, observando aquele céu lindo e conversava com o avô da Bel, seu João.

- Como você está, filha, está tudo bem? – Eles sempre foram tão carinhosos comigo que os considerava e amava como se fossem da minha família também. Eles me viram crescer e a sabedoria dos cabelos brancos conseguiu enxergar algo bem no fundo de mim que não estava certo.

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