Capitulo 17 - Um novo dia

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O caminho para o oceanário foi longo e eu não disse nem uma única palavra, simplesmente não tinha vontade de falar, talvez pelos eventos recentes ou só pelo facto de ter a minha felicidade á frente e não a puder agarrar.

"Estás muito calada.. Passa-se alguma coisa?" - Rose perguntou.

"Noap, está tudo bem" - disse simplesmente não adiantando muito a conversa.

"Da última vez que estiveste assim tão calada, a Júlia tinha feito das dela, ela fez-te alguma coisa?" - esta perguntou.

"Não me apetece falar disso..." - disse e sai do carro disparada assim que ela acabou de estacionar.
Dirigi-me ao meu compartimento de estudo e análise dos peixes e sentei-me na cadeira giratória cor de mel que lá se encontrava.

"Vocês são tão pacíficos e nunca causam problemas" - disse para um pequeno aquário com peixes.
Eu tinha que arranjar uma maneira de contornar a situação porque isto não podia ficar assim.
Decidi concentrar-me nas coisas que tinha para fazer, liguei o pequeno rádio que se encontrava no canto da sala e meti o volume mais alto do que o normal e por momentos esqueci aquele problema que tantas dores de cabeça me causavam.
Peguei nos papéis que estava a trabalhar e levei-os até aos meus colegas da alimentação, ia distraída nos meus pensamentos que nem vi Cédric á minha frente, assustada escondi-me atrás de um armário e esperei que ele passa-se.
Este Tinha vestido uma roupa mais casual e notava-se o seu corpo escultural, o Seu magnífico sorriso estava estampado na sua cara como todos os dias e o facto de ele estar sempre bem disposto foi uma das coisas que me fez apaixonar por ele.
Ele passou e eu finalmente pude sair do "buraco" onde estava escondida retomando assim o meu caminho.

"Hope! Que bom ver-te! Será que me podias ajudar com uma coisa? Eu hoje não consigo ir dar de comer aos animais do tanque principal! Será que me podias substituir?" - Jasper, um dos tratadores dos tubarões perguntou-me. Desde o momento em que retirei o brinco que estava espetado no tubarão, todos os trabalhadores viram o quanto profissional e dada ao trabalho era, daí confiarem-me as tarefas mais importantes em tão pouco tempo de trabalho.

"Claro, porque não" - disse, disponibilizando-me para o fazer sem quaisquer problemas.
Estava a afeiçoar-me bastante aos animais, mesmo sendo eles tubarões.
Passados vinte minutos estava pronta a entrar na água, tinha o fato de mergulho vestido e tinha tomado todas as precauções para não aparecer uma cauda a mais naquele tanque.
Longos 45 minutos se passaram e dado a minha tarefa por completa saí da água, mas arrependi-me logo de seguida porque assim que saí, vi a pessoa que mais queria evitar.
Cédric esticou a mão para me ajudar a sair das escadas do tanque.

"Obrigado" - disse simplesmente.

"Está tudo bem?" - Cédric disse já percebendo que eu não estava a agir normalmente. Mesmo que eu quisesse desfarçar, simplesmente não conseguia ser credível.

"Sim, está tudo normal" - disse despindo o fato sem fazer contacto visual.

Cédric olhou para mim desconfiado e os seus olhos pareciam que me queriam arrancar a verdade. Olhei para ele e rapidamente desviei porque Julia, ou melhor, a lapa como eu gosto de a chamar estava num dos cantos a ver qual era a minha reação.
Era como um lembrete de que me tinha que afastar.

"Bem, eu vim aqui porque queria saber se queres vir comigo fazer um estudo a um cardume de peixes na costa. Íamos no barco do oceanário e lembrei-me de ti..." - ele disse cauteloso com as suas palavras.
O "não" saiu da minha boca mas rapidamente me arrependi, os olhos de Cédric foram directos ao chão e eu pude ver que ele tinha ficado magoado comigo, eu não estava a ser eu...

"Mas podes chamar a Júlia! Aposto que ela ia adorar!" - Disse olhando para trás dele, onde esta se encontrava, de seguida, retirei-me como se a conversa já estivesse acabado, não lhe dando hipótese para negar.

"Não te preocupes! Vamos os dois e vai ser muito divertido!!!!" - ouvi Julia a dizer histericamente.

Rapidamente lagrimas invadiram-me os olhos e eu não pude deixar de deixar escorrer algumas pela minha face, nunca me sentira tão mal na vida.
Corri o mais rápido que consegui para a praia, não aguentava estar mais nem um minuto naquele local ao saber que o amor da minha vida me estava a ser roubado por entre os meus dedos.
Atirei-me á água e rapidamente a minha cauda apareceu grande e majestosa, nadei até as rochas e sentei-me a olhar para o horizonte, começando assim a cantar.
As Sereias são conhecidas por terem as melhores vozes do mundo, e diz a lenda que podem chegar a hipnotizar os homens, o que não é totalmente mentira. Comecei a cantar e a elevar o tom da minha voz cantando assim para os peixes e para o mar me ouvirem.
(Coloquem a música a cima)

 (Coloquem a música a cima)

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Uma Sereia em Nova IorqueOnde histórias criam vida. Descubra agora