Capítulo 19- Puro terror

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Depois de Cédric sair eu fiquei petrificada. Rose ajoelhou-se ao meu lado e eu olhei para a minha grande cauda que estava estendida no meio do quarto.

"Ele estava aterrorizado" - disse baixo sem qualquer emoção no olhar e na voz.

"Como é que ele pode ter descoberto? A Júlia não faria isso, não porque ela não fosse capaz de o fazer, mas se ela o fizesse provavelmente perderia tudo o que tinha na mão contra ti... Se bem conheço o Cédric ele descobriu de outra maneira." - esta disse pensativa.

"Agora já não interessa... Ele saiu daqui a correr, olhou para mim como se eu fosse um monstro" - disse fazendo aparecer as minhas pernas e sentando-me na cama.

"Não digas isso... O Cédric acabou de descobrir que a pessoa que ele ama é uma sereia... Isso é muito para digerir, sereias no nosso mundo não existem, só em livros" - esta explicou-se.
Rose de certa forma tem razão mas ela não podia adivinhar o que Cédric iria fazer com aquele conhecimento.

"Dá-lhe tempo... Ele precisa de pensar e tu também! Aproveita para meter as ideias em dia e pensa no que vais fazer agora.
Vê o lado positivo, mais cedo ou mais tarde ias ter que lhe contar toda a verdade, ele agora que sabe pode ser melhor... Pode não parecer agora mas de certa forma foi bom isto ter acontecido." - Rose abraçou-me e fechou a porta depois de se retirar, deixando-me assim sozinha e pensativa com as minhas conchas.
***

"A mudança que queres está na decisão que ainda não tomaste"
Esta frase ecoava na minha mente vezes e vezes sem conta, como se estivesse alguém a sussurrar ao ouvido a mesma coisa milhões de vezes.
Seria um sinal? Ou seria só uma partida da minha imaginação frágil? Eu não sabia explicar, mas de qualquer das maneiras eu tinha que seguir em frente e levantar a cabeça. Sei que a vida nem sempre é como nós queremos mas cabe-me a mim controla-la da melhor maneira que sei é que consigo.
Olhei para a garrafa de água que tinha em cima da minha secretária e fiz com que esta saísse da garrafa, flutuando no ar até mim, controlava-a com os meus dedos e isso ajudava-me sempre a pensar, sentia que tinha controlo e isso muitas das vezes deixava-me mais descansada.
Levantei-me da cama e sai do quarto confiante do passo que ia dar; talvez não corresse bem mas se eu não tentar nunca saberei e ficarei sempre a arrepender-me do momento em que poderia ter sido feliz com a pessoa que que queria e não fui porque não arrisquei no momento em que o devia de fazer.

"Vou sair!" - disse para Rose que estava na cozinha. Peguei nas chaves de casa e do carro e saí. Felizmente a minha melhor amiga tinha-me recentemente ensinado a conduzir, o que é uma mais valia, assim não tenho que esperar por ela para ir a algum lado, isto contando que a polícia não me apanha a conduzir sem a carta de condução.

"Boa sorteee!" - Oiço Rose a dizer á medida que fecho a porta atrás de mim.

As luzes da rua já se começavam a acender devido há falta de visibilidade que já havia, passavam das oito horas da noite quando entrei no bonito Mercedes de Rose, felizmente ela deixa-me andar com ele até eu comprar o meu, liguei a música no rádio um hábito que adquiri facilmente e sai da garagem do prédio em direção há casa de Cédric.
Dirigi a alta velocidade e quando finalmente cheguei á rua em questão, estacionei o carro e saí.
O prédio dele era muito parecido com o meu, iluminado e muito luxuoso.
Assim que entrei o porteiro de meia idade olhou para mim e sorriu, não percebo o porquê de ele o ter feito visto que nunca o tinha visto na vida, no entanto decidi ignorar e concentrar-me no que fora ali fazer.

"A menina deseja ver?" - este perguntou com um sorriso amável, como se soubesse quem eu iria ver.

"O Cédric, o dono do apartamento do vigésimo terceiro andar" - disse simplesmente.

"Só um momento, eu vou anuncia-la" - este disse dirigindo-se ao pequeno telefone que tinha em cima da sua pequena secretaria já desgasta com o passar dos anos.
Acenti e esperei alguns minutos, no entanto Cédric pareceu não atender.

"Menina Hope, o menino Cédric não está a atender o telefone, mas eu sei que ele está em casa e parece-me que você é boa menina, por isso vou deixá-la subir" - este disse sorrindo.

Olhei para o porteiro confusa por ele ter permitido que eu subisse, mas sorri.

"Muito obrigada" - disse antes de carregar no botão do elevador.

"Haa é menina Hope?" - este chamou.

"Sim??" - disse olhando para trás.

"O menino Cédric tem um excelente coração, ele vai reconsiderar" - este disse pacificamente.

"Ok...obrigado" - disse vendo as portas do elevador a fecharem-se.

Mas o que raio foi isto? Será que o porteiro sabe que nós os dois estamos "magoados" um com o outro? Aquilo foi estranho, no entanto decidi concentrar-me, o elevador vai subindo pelos vários andares e o momento que tanto me deixa nervosa está a chegar. Era agora ou nunca.

Uma Sereia em Nova IorqueOnde histórias criam vida. Descubra agora