''Hoje pela manhã escrevi pra você, e minha mão esbarrou na minha xícara de café manchando tudo que era de melhor em mim. Talvez eu seja assim, borrões de erros e tentativas frustadas de acertos. ''
A noite estava fria como de costume para essa época do ano. Perfeita para uma sessão de filmes, pipocas. Mas para mim, noites chuvosas tinham nome e sobrenome e eram frias o suficiente para ser comparada a cada gesto e ação dela. Mas eu ainda a amava mesmo ela sendo um dia chuvoso eu continuava a olhar pela janela. Os passageiros, felizes, não imaginavam que naquele avião, tinha uma pessoa cuja a única certeza era ter de aprender a conviver com a saudade. Esse era eu, no verão de 2010, logo após ter o coração partido, minutos antes de embarcar para a França sabendo que talvez nunca mais a encontraria.
Faltavam cinco minutos para sair do True's, famosa cafeteria francesa. Quando meu telefone toca, depois da quinta chamada não atendida.
― Alô?
― Oi, Aqui é o John, vai ter uma festa na faculdade vizinha está afim de ir?
― Não sei, tenho que entregar um trabalho amanhã no segundo tempo. Mas irei tentar. - Respondi.
― Já sei que não vai, te conheço! Deixa pra próxima.
―Sinto muito John. - Desliguei, pois nesse mês era a quinta desculpa que eu dava a ele.
John, ruivo e com sardas, meu melhor amigo desde que cheguei na França. Foi motivo de piada durante o ensino médio, que o levou a se transformar em um daqueles caras enormes que mais parece um tipo de pé grande bombado feito em laboratório.
Chegando em casa me sentei na poltrona, era como uma velha companheira. Liguei a TV, peguei o controle e passei de canal por canal e continuei assim durante um tempo. E reparei que a minha vida podia ser compara a aquela TV comprada em 12 vezes, afinal, vida de universitário pode ser bem difícil. Eu tinha apenas 23 anos, em uma tentativa frustada de buscar uma explicação pra saber o que diabos estava acontecendo com a minha vida. Mas percebi que, por mais que eu tentasse esquecer, meu coração ainda estava la, e eu tinha que fazer algo pra mudar. Independente dos problemas ocorridos com cada um deste planeta, seja por coração partido ou perda familiar todos tem que superar, por que se não, a vida vai te cobrar cada segundo por estar acorrentado ao passado.
Decidi então me levantar e ir até John. Coloquei a primeira peça de roupa, desci pelas escadas e entrei no primeiro táxi que passou.
Chegando na festa, encontrei John e uns amigos da faculdade, que ficaram surpresos por eu ter ido, e por ali fiquei durante minhas próximas horas como se eu não tivesse problemas ou preocupações pendentes, me desligando do mundo durante um tempo.
Saindo da festa, John teve a ideia de ir pra o nosso bar preferido desde que cheguei do Brasil.
Acendi meu cigarro, e por ali fiquei, sentado sem perceber que a vida estava prestes a me mostrar que eu sempre estive em boas companhias, mas nunca soube.
Depois de algumas bebidas, John já estava bem animado, me apresentando qualquer garota que passasse na minha frente. Ele sempre costumava usar a seguinte frase; "Olá, esse é o Greg, tenha uma boa noite e até logo!". Foi engraçado e um tanto constrangedor nas primeiras quinze vezes, mas na décima sexta comecei a achar que eu realmente precisava de ajuda, o que soava um tanto irônico. Mas naquele bar, existia alguém que talvez pudesse se interessar em quem realmente eu era, e que além do jantar, decidisse ficar pro café.
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Amar você não deixa de ser um vício.
Любовные романыVerdadeiro romance com toques de mistério, ' Amar você não deixa de ser um vício ' Mistura elementos de simplicidade e coloca em prática quanto o amor pode ser devastador, mostrando aos leitores que de vez em quando, uma paixão de inverno, também p...