'' Eu era o leão, e ela era a planície que eu caminhava todos os dias a noite. "
Estávamos nos vendo a duas semanas com pausas de um a dois dias. Ela sempre me ligava sorrindo me chamando pra alguma coisa. Desde sempre ela foi assim, nada a satisfazia. Parecia que nem mesmo a imensidão toda do universo a completava. Sempre queria mais, e eu a admirava por isso. Ela nunca teve medo, quando faltávamos o último tempo ela sempre pulava a catraca e eu ia atrás morrendo de medo, como se aquilo tudo fosse um crime e me tornasse um procurado da Interpol. A gente combinava desse jeito, eu era o leão, e ela era a planície que eu caminhava todos os dias a noite. A imensidão dela me completava, e isso foi um dos motivos pelo qual passei a amá-la.
Porém, como toda a imensidão, vem o medo. E se por acaso ela visse que existem outros animais a rodeando e que tudo aquilo que eu passei a dar a ela, não fosse o suficiente? E que se um dia eu acordasse, e tudo o que eu encontraria do meu lado seria apenas um fio do seu cabelo? Esse é um dos risco do amor. E eu sabia que o risco e o amor, caminhavam lado a lado.
O telefone toca e era Isabelle.
― Greg - Ela disse -, vai fazer algo hoje a noite?
― Não, vou ficar em casa, tava pensando em assistir um filme que aluguei, mas posso deixar pra outro dia.
― Então, se arruma, coloca a blusa social que te dei no seu aniversário e vem me buscar.
―Mas assim? tão de repente? Nem sei pra onde vamos Isa.
― Esquece os detalhes e vem. - Respondeu.
Duas horas depois, por volta das 18:00 pego a chave do carro e vou até a casa dela.
Chegando lá, ela sai usando o vestido que tinha usado no casamento de sua mãe, ela não era fã de maquiagem. O simples era o bastante pra ela. Chegando até a mim, sorriu e disse.
― Perdoe a pressa, é que já estava agendado desde semana passada e tive medo de perder a reserva.
― Reserva? Vamos a um restaurante então? - Perguntei.
― Sim, ele abriu recentemente aqui perto e eu queria visitá-lo. Mas com você.
Abri a porta pra ela e ela me deu um beijo, e posso dizer com total certeza que detalhes assim, são os que deixam marcas na vida de um homem. Liguei o carro e fomos até lá.
Era um restaurante com toques alemão, servia belos pratos e ótimos vinhos. Chegando lá, sentamos próximos a janela. Ela pediu alguns pratos que eu nem fazia ideia do que era, o avô dela era alemão e uma vez ao ano ela ia visita-lo em Berlim. Quando vinha o cardápio, era incrível a tamanha afinidade que tinha com os pratos. Enquanto a mim, não conhecia absolutamente nada. Eu era apenas um peixinho fora d'água.
Do lado de fora do restaurante, tinha um artista de rua. Ele cantava algumas músicas nacionais e outras internacionais.
―Eu amo essa música - ela sussurrou - Me faz lembrar tantas coisas, minha infância, tudo!
― Eu acho ela linda também. - ela me olhou sorrindo e me beijou.
Ficamos ali por algumas horas, e quando foi em torno das 21:00, decidimos ir embora logo depois da sobremesa. A noite tinha sido incrível e essas duas últimas horas foi simplesmente fantástica.
Na saída do restaurante, decidimos parar pra ouvir um pouco daquela pessoa que dedicava horas da sua vida pra trazer um pouco de amor, para tantos casais que passavam por aquela calçada. E repentinamente, vendo nós dois ali, ele começa a tocar Cazuza, cantor preferido dela.
Ela me abraçou, e apoiou seu rosto em meu peito. E junto ao refrão, ela pediu: ― Deixa eu cuidar de você?
― É tudo o que eu mais quero. - Respondi - Sempre quis e sempre irei querer.
E sem um pedido clichê, tínhamos passado de desconhecidos para namorados. Estranho né? E mesmo se tudo aquilo fosse um erro, minha avó sempre me dizia que as vezes um erro é bem melhor do que um acerto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amar você não deixa de ser um vício.
RomanceVerdadeiro romance com toques de mistério, ' Amar você não deixa de ser um vício ' Mistura elementos de simplicidade e coloca em prática quanto o amor pode ser devastador, mostrando aos leitores que de vez em quando, uma paixão de inverno, também p...