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  Essas bancadas de bar, me pergunto quantas almas iguais a minha estão aqui afim de saber uma explicação qualquer para estar aqui, logo olho para ao lado e vejo pessoas pelas quais eu não conseguiria conviver durante umas horas se quer, mas nesse momento elas são a melhor companhia. E não, ela por incrível que pareça não é a culpada para tamanha demasia que se encontra dentro de mim. Claro, foram todas ocasiões dela que me fizeram estar aqui, mas acontece. O único culpado disso tudo sou eu. Desde o momento em que a amei, até o momento em que decidi aceitar o pedido de namoro. 

 É incrível, quem diria que aquela menina de pele branca o suficiente para ser comparada a um nevoeiro, fosse realmente um nevoeiro. E por mais que eu esteja na décima quinta dose de Whisky, em uma tentativa frustada de esquece-la, eu sei que pela manhã seguinte, a primeira coisa que irei pensar seria nela, e logo em seguida ficaria triste por olhar para o lado e saber que não teria mais alguém ali pra somar. 

Ela tinha terminado comigo, e mesmo sabendo que, segundo a 3° Lei de Newton tudo que vai volta, dessa vez ela não voltaria. 

- Senhor, já vamos fechar. - Escuto uma voz de longe.

Me levanto, e ponho o dinheiro na mesa. E quando estou saindo pela porta do bar, escuto uma voz distante falando; 

- Chama um táxi garoto! Não dirija assim.

Olho para trás e com a visão meia turva vejo que é uma mulher de meia idade, ela fedia a cerveja e a cigarro barato. Tinha cabelos ruivos e olhos azuis. Mas prefiro ignora-la. E mesmo vendo a preocupação das pessoas que estavam a minha volta, decidi continuar caminhando até o carro. Quando olho para trás, vejo o Bartender correndo a minha direção.

- Senhor, quer que eu chame um táxi?

- Não! mas que droga - resmunguei - só quero entrar no meu carro e ir pra casa, deitar na minha cama e esperar minha vida acabar! não da pra entender? Vocês todos vão pro inferno! - Respondo olhando em direção a umas três pessoas que estavam tentando me impedir de entrar no carro naquele estado.

Em seguida começa aglomerar uma certa quantidade de gente a minha volta, umas por curiosidade outras por preocupações.

- Eu insisto, deixa eu chamar um táxi pra você. 

Suspiro, e entro no carro e bato a porta trincando o vidro.

Acelero o máximo e saio cantando pneu do estacionamento, as pessoas se assustaram e saíram de perto.

Minha visão estava um pouco turva, afinal eu tinha bebido tantas doses de Whisky que perdi a contagem. E quando estava chegando perto da minha casa, passo em frente a praia. Estaciono o carro de qualquer modo, afinal, já era quase três da manhã e ninguém reclamaria.

Vou em direção a areia, sento e por fim acabo deitando na areia. A noite estava fria, e ventava um pouco. E depois de umas horas de crise existencial pós término, acabo pegando no sono ali mesmo, na areia, e com o vento frio gelado batendo em meu rosto.

Pela manhã, acordo com a maré subindo e as ondas quebrando nas pedras. Tinha um grupo de pessoas próximos de mim, onde todas estavam tomando coragem de chegar próximo e ver se eu estava respirando ou se tinha batido as botas. Me sento na areia e tiro um pouco da areia que estava no meu cabelo.

Me levanto e vou em direção a um quiosque, e peço um café bem forte.

- Noite difícil senhor? - A garçonete pergunta.

- Você não imagina como.

-  O que aconteceu afinal? Claro, se não for incomodo. - Ela pergunta com um ar de preocupação.

- O amor... - Respondo levando a xícara até a boca.

- Entendo, mas então, quer mais alguma coisa? - Ela tenta mudar de assunto pra não tornar o clima mais monótono do que já estava.

- Não obrigado, é só isso. - Respondo, pegando minha carteira e minha chave que estava em cima do balcão. 

Chego em casa, e minha mãe já está lá, com os ombros encolhidos e olhando fixamente para o relógio. E pelo visto, já sabia o que tinha acontecido na noite anterior.

- Filho... - Ela diz, vindo em minha direção me abraçando. - Eu sinto muito, eu achei que ela ia te fazer tão bem e agora isso...

- Mãe, tudo bem, não se culpe. Foi bom enquanto durou. 

- Se precisar conversar, me chama, eu sou sua mãe mas também sou sua amiga.

- Pode deixar. - Dou um beijo na testa dela e subo em direção ao meu quarto. 

As coisas dela ainda estavam lá, ela havia colocado umas calcinhas e camisetas em uma das minhas gavetas. E meu quarto tinha o cheiro dela. E por esse motivo, nos próximos dias, decidi dormir no sofá da sala. Quando um relacionamento acaba, parece que a metade da pessoa continua morando dentro de nós, e a cada música e gesto de outras pessoas, vemos a pessoa que um dia amamos. E em todos os lugares que eu iria, em algum momento alguém perguntaria onde ela estava. Sempre é assim, e o pior de tudo é que, muita das vezes um sorriso sem jeito e um olhar sem graça, é a melhor resposta.




Amar você não deixa de ser um vício.Onde histórias criam vida. Descubra agora