''Existia um tempo onde amores eram recebidos de portas abertas. Hoje, fechamos até a janela. ''
Duas semanas depois da Isabelle ter ido a minha casa. Decidi seguir o conselho da minha mãe. Peguei o telefone e disquei o primeiro número que veio a minha cabeça. E a cada toque, meu coração apertava um pouco mais.
Ela finalmente atende.
― Alô?
― Oi, Isa. Respondi.
― Greg? Não acredito que você ligou! Me desculpa ter ido até sua casa tão de repente, eu senti sua falta e precisava te ver, já que não respondia minhas mensagens.
― Ah, tudo bem!
― Greg, a gente pode se ver? A bateria do meu celular ta acabando e eu queria muito conversar com você pessoalmente.
― Podemos sim, mas aonde?
― Pode ser na cafeteria. Tem um tempo que eu não vou lá.
― Tudo bem, irei me arrumar e chego la em 30 minutos.
Logo que eu cheguei, fiquei observando ela pela janela, sentada na mesma mesa que costumávamos sentar. Ela havia cortado um pouco as pontas do cabelo, e suas sardas estavam um pouco mais a mostra.
Entrei na cafeteria e quando ela me avistou, se levantou e sorriu em minha direção. Ela estava tímida, as bochechas estavam rosadas e seu olhar meio disperso assim quando cheguei mais perto. Antes, ela correria em minha direção e pularia em cima de mim, quase derrubando o café dos clientes ao meu redor.
― Greg! você veio. - Ela disse - Achei que não iria vir.
― Sim, desculpa a demora, estava frio e eu não achava meu casaco. Respondi.
― Tudo bem, o que você vai pedir?
― O de sempre.
― Café expresso ao leite!!! Falamos na mesma hora, que serviu pra quebrar um pouco do clima tenso.
E ficamos ali, conversando sobre tanta coisa, sobre meus vestibulares e também sobre o gato que quase atropelei na semana passada. Mas não dava pra evitar, chegaríamos a qualquer momento no assunto que eu mais tinha medo de tocar, ''relacionamentos.''
― Então, como ficou sua vida após a escola? Ta namorando?
― Foi boa, ainda moro com meus pais e eu decidi que quero focar no meu estudo, talvez um relacionamento agora só iria me atrapalhar.
― Entendo, eu queria ter pensado nisso durante a escola. Eu e o Marcelo terminamos a um tempo atrás. Ele começou a usar drogas com muita frequência e aquilo começou a me afetar ainda mais. Meus pais não gostavam dele, e meus amigos muito menos... você sabe...
― Sim. Eu sei.
E chegou a hora. Com certeza ela iria perguntar o motivo de eu ter saído da vida dela sem explicações. E eu nunca pensei no que dizer quando esse dia chegasse, eu a amava e não podia mentir pra ela.
― Então... por que você sumiu Greg? eu juro que pensei em falar com você algumas vezes, mas você nem se quer olhava pra mim durante o último ano. Perguntou Isa com um ar de decepção.
― Eu tive que fazer isso Isa, te ver com aquele cara me deixava péssimo. Tudo bem que ele te fazia feliz, mas eu olhava pra você e ficava me perguntando se ainda era a mesma Isa que conhecia. Eu não podia te ver com alguém assim do lado, era demais pra mim.
― Você devia ter chegado e falado isso, talvez eu tivesse escutado seu conselho. Respondeu Isa suspirando.
― Você não iria! Você tava apaixonada, você tinha planos pra daqui a alguns séculos, e não eram comigo!
― O que você quer dizer com isso Greg?
Fiquei paralisado pensando na besteira que falei. Eu tinha deixado escapar o motivo de ter saído da vida dela e me sentia o maior idiota do mundo.
― Por que nunca me contou que gostava de mim mais do que amiga ? Perguntou novamente em busca de uma explicação para o que acabou de ouvir..
― Você não entenderia.
― Você poderia ter pelo menos ficado.
― Você diz '' ficar '' e esperar uma mensagem sua todo sábado a noite enquanto você sai pra beber com o Marcelo? não, obrigado. Mas foi melhor ter saído pela sua porta naquela noite sabendo que nunca mais iria falar com você. Eu te amei mais do que você pode imaginar. E eu sempre pensei, desde a época da escola, que se eu ficasse do teu lado todos os dias, um dia você percebesse que eu te amava mais do que amigos e iria me dar a chance de te cuidar, de te proteger, de te amar. E eu sei que isso soa egoísta, mas eu não ligo. Eu não podia ficar lá sentado vendo você acabar com sua vida aos poucos. E agora estamos aqui, sentados na mesma droga de cafeteria que costumávamos vir quando estudávamos juntos.
E nesse momento eu fui calado da melhor forma possível, senti suas mãos frias tocando no meu pescoço e seus lábios vindo em direção aos meus, me beijando e sussurrando no meu ouvido.
―'' Não se esqueça de ficar dessa vez, Gregório. ''
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Amar você não deixa de ser um vício.
RomanceVerdadeiro romance com toques de mistério, ' Amar você não deixa de ser um vício ' Mistura elementos de simplicidade e coloca em prática quanto o amor pode ser devastador, mostrando aos leitores que de vez em quando, uma paixão de inverno, também p...