Amar você não deixa de ser um vício.

(014)

''Chega até doer, essa saudade que se chama você.''

O primeiro dia depois do término sempre é o mais difícil. Você não vai acordar e ler uma SMS de bom dia e muito menos uma ligação com um ''Alô, dormiu bem?''. E não adianta o que você faça, não é tão grande o tempo em que você fica sem pensar na pessoa depois de acordar, dizem que os primeiros cinco minutos você esquece totalmente o que acabou de acontecer, mas quando dá cinco minutos e um segundo, o cérebro começa a trabalhar normalmente e você se lembra de tudo o que acabou de acontecer.

- Greg, o café ta na mesa filho. - escuto minha mãe me gritando lá da cozinha.

- Ok mãe, já estou descendo. - respondo tão desanimado que quase não deu pra ela ouvir minha voz.

Durante o café, enquanto estávamos sentado na mesa, minha mãe entra no diálogo que era tudo o que eu não queria ter naquela manhã. Já esta tudo uma droga, e isso só iria piorar. Esses são os defeitos dos pais, sempre tocam nos assuntos mais inadequados e muita das vezes é sobre coisas relacionada a términos de namoros e sempre completam a frase " ela era tão boazinha ".

- Você esta bem?

- O que você acha, mãe? - perguntei.

- Eu já passei por isso, você é novo Greg, tem tanta coisa pela frente... - ela diz.

- Eu sei que tenho tanta coisa pela frente, mas parecia que a vida tinha começado pra mim sabe?

- Como assim? - ela pergunta levando sua xícara até a boca.

- É difícil explicar mãe. Mas vou tentar resumir, quando a gente realmente encontra alguém que podemos ser nós mesmos, a vida parece que começa ali. Parece que nada que fiz antes fazia sentido e viver todos aqueles momentos com ela era tudo o que importava pra mim.

- Entendo. - ela responde sorrindo.

- Por que esta sorrindo mãe?

- Por nada, bom... eu tenho algo pra te contar.

- O que? - pergunto. E ela ri de mim.

- Sua tia avó Ana me ligou hoje mais cedo.

- Hã ? - pergunto. Isso não tem nada relacionado ao que estamos conversando mãe.

- Lembra quando você era pequeno e sempre quis morar fora? então... me veio na cabeça isso e acabei comentando com ela, e ela adorou a idéia.

- Mas e você mãe? como você e o papai ficariam aqui sozinhos?

- Greg, você já ta quase virando um homem. Ano que vem começa sua faculdade, e lá fora tem muito mais oportunidades do que aqui. - ela diz.

- Entendo.

- E afinal, talvez seja ótimo para você esquecer a Isa, lá tem tantas mulheres bonitas, já imaginou você namorando uma francesa? - ela ri.

- É, nisso a senhora tem razão... realmente seria bom me afastar de tudo o que me lembra dela.

- Isso filho, por isso pensei tanto em te mandar pra lá.

Na manhã seguinte, amanheço e procuro meu celular, que se perdeu durante a noite entre meus cobertores. O número dela ainda estava salvo, tinha tão pouco tempo que não tive tempo de apagar nossas mensagens de boa noite e fotos juntos. E nele, tinha uma mensagem não lida. Apenas uma, que se arrependimento matasse eu nunca escolheria vê-la. Era uma mensagem da Isa, e como todos sabem, não era uma notícia boa, nela dizia;

'' Eu voltei com o Marcelo, logo você saberia e achei melhor contar por conta própria. Espero que entenda, um beijo. ''

Me sento na cama, e jogo o telefone longe. Eu conheço esse filme, as pessoas boas sempre escolhem a pessoa errada como amor que acha que merece ter, e isso era difícil de aceitar.

Vou em direção ao banheiro, quase caindo e em seguida desço para tomar café com minha mãe como de costume. E nesses últimos 10 minutos, decido tomar a decisão que mudaria a minha vida de vez. Decido ir para França morar com a tia avó Ana, ela sempre me tratou com todo amor do mundo e isso seria realmente uma chance pra mim desapegar de tudo o que me lembrava dela. E isso vai desde a minha cama onde ela passou tantas noites, até a cafeteria que costumávamos ir desde que éramos amigos.

- Mãe, eu tomei uma decisão. - ( Pausa )

- Jura? - ela pergunta com um ar de surpresa - foi mais rápido do que imaginei.

- Sim, eu vou ir morar com a tia Ana. - essa resposta era o suficiente, por mais que ela se preocupasse comigo, eu queria poupá-la dos meus problemas e por isso não contei sobre a foto.

- Eu vou ligar na agência e ver um dia bom para você ir, ta? - ela responde com um ar de felicidade no rosto. E se isso a fazia feliz, era o certo a fazer. Afinal, ela era minha mãe.

E foi nesse momento que decidi que minha mãe e a minha filha seria as duas únicas mulheres que eu amaria, isso me ajudaria evitar a amores não recíprocos.