E.L | 4

1.6K 82 12
                                    

Ana olhou para o lado, desconfiada.

Era a segunda vez desde que entrou ali.

Observou as pessoas que estavam lendo e depois correu os olhos por quem passeava entre os livros, escolhendo um para comprar. Não havia ninguém agindo de modo estranho. Levantou uma sobrancelha e se voltou para o livro que tinha nas mãos. Talvez fosse loucura, mas tinha certeza de que estava sendo observada.

- Moça...

Ergueu o rosto e viu uma mulher sorrindo em sua direção. Ana sentia que estava ficando paranóica. Desde a noite no bar de Carlos, tudo o que fazia parecia ser vigiado por alguém que ela não conseguia ver no meio da multidão. Odiava essa sensação.

- Pode me dizer as horas? Estou sem relógio.

Ana conhecia aquela livraria tanto quanto conhecia seu apartamento velho, mas sabia que mesmo quem nunca havia entrado ali, prestaria atenção no relógio absurdamente grande que havia perto dos caixas.

Sem uma palavra, apontou para o relógio e a mulher seguiu seu dedo com o olhar.

- Oh! Eu não havia reparado! – riu da própria estupidez e se voltou para Ana, divertida – Acho que preciso de óculos. Desculpe te incomodar... Bem, tenho que ir, estou atrasada para uma entrevista.

Ana balançou a cabeça, ainda em silencio.

- Tchau. Boa leitura.

Ao ver a mulher sair da loja, ela se levantou e foi procurar por outro livro. Andou entre as prateleiras, observou os títulos, fez careta ao ver os preços e passou a mão por algumas capas diferentes. Queria comprar um livro... Suspense talvez... Romance... Algo erótico? Riu. Não. Precisava de um livro mais, hmm...

- Licença...

A voz masculina fez com que ela olhasse para trás. Uau!

- Passe...

Uau!

Dificilmente via homens tão bonitos quanto aquele. Rosto anguloso, pele clara, cabelos escuros, olhos azuis e sedutores. E a barba por fazer? Era de tirar o fôlego até mesmo de mulheres idosas.

Ana o observou com o canto dos olhos e sorriu para si mesma antes de se voltar para outra estante. Leu mais alguns títulos e ao ver um que lhe interessava, ergueu o braço para tirá-lo do meio de outros livros, mas para sua surpresa, o livro foi quase roubado de suas mãos.

- Hei!

- Eu vi primeiro... – a voz aveludada soou em seu ouvido.

O arrepio que subiu a espinha de Ana fez com que ela se virasse para o homem a suas costas. Como ele conseguia ser tão bonito?

- Acho que isso pode ser considerado roubo – ela brincou com um leve sorriso. Obviamente estava começando um flerte.

Os olhos azuis do homem a sua frente sorriam.

- Talvez haja outro exemplar... – ele considerou olhando para a prateleira. Não havia outro livro.

- Talvez você possa escolher outro livro – Ana sugeriu, divertida, colocando as mãos para trás.

- Talvez você queira dividir esse exemplar comigo... – os olhos azuis brilharam em expectativa, fitando-a.

Ficaram quietos um instante, se observando. Ana mordeu seu lábio inferior. Sabia que estava demonstrando interesse e tinha certeza de que ele fazia o mesmo. Valia apena arriscar?

- Bem, talvez você esteja a fim de se encontrar comigo novamente e me contar sobre o livro... Não sei, talvez amanhã...

Ele riu e olhou ao redor, balançando o livro para lá e para cá.

Entre LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora