20 | "Are you okay?"

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~ Luke.


Eu não sei o que pensar. Hoje foi um daqueles dias que começaram bem, mas de forma estranha. Seu meio foi ótimo, porque passei o dia com a Amme e ela parecia totalmente encantada com o último apartamento, assim como eu.

Ela estava com seu vestido amarelo e, mesmo que ela não goste de amarelo, ela estava bonita nele. Com seus olhos azuis profundos, seus cabelos cor de ouro em uma bela trança, sua pele pálida, seus lábios e suas bochechas de um rosa bem claro, entravam totalmente em harmonia com seu vestido amarelo. Ela parecia uma boneca, literalmente.

Enquanto o homem falava comigo, eu assentia quanto a tudo que ele dizia, sem fazer ideia do que ele estava falando, porque era mais que impossível tirar meus olhos da America.

Ela tocava nos móveis com as pontas dos dedos delicadamente, seus olhos viajavam sobre o espaço, como se estivesse idealizando coisas. E com sua mente extremamente fértil, isso não seria algo que me surpreenderia. Mas ainda me surpreende, depois de todo esse tempo.

Às vezes seus olhos cruzavam com os meus, mas eu logo desviava, para ela não achar que eu estava com seus olhos sobre ela o tempo inteiro.

Mas eu estava.

Eu gosto da forma como ela reclama de tudo, briga comigo por tudo, se irrita por tudo. Gosto da forma como seu cabelo cai quando ela mexe nele, como faz o tempo todo, da forma como odeia aqueles saltos e passa todo o seu tempo reclamando deles. Eu gosto de como ela ri das minhas piadas idiotas, de como ela me empurra quando eu digo besteiras, de que ela fale mais palavrões que um caminhoneiro bêbado, de como ela diz coisas que eu não sei, por saber de tudo, o tempo todo e até a forma como ela é a garota mais bagunceira do mundo.

Eu não sei, acho que gosto de absolutamente tudo o que odiava há, sei lá, um ano atrás. E isso é fodido.

Porém, hoje ela estava estranha. Desde que chegamos em casa, ela estava andando de um lado para o outro, rapidamente, como se algo estivesse errado. Ela parecia brava, irritada, incomodada. Isso me deixa mal.

Eu acabei por tocar em uma ferida, que foi o fato de estarmos mentindo para todos. Ela nunca gostou de mentir. Uma vez, Larissa me contou uma história de que Amme uma vez mentiu para esconder um passarinho que estava com a asa quebrada dela e seu cão o achou e destroçou a ave. America ficou arrasada quando viu o cão correr pelo jardim com o passarinho que ela havia escondido, por isso, ela nunca mais mentiu. Ter que mentir por falta de atenção da sua parte, a destrói. E o pior é ter que encarar essa mentira todos os dias, porque ela está estampada por todos os lados. Quando ela se olha no espelho, quando ela acorda e vê onde está, quando ela olha para mim... ela odeia mentir para a família dela e até para a minha. Me sinto mal por fazer parte disso.








Me levanto do sofá depois dela ter subido há vinte minutos. Essa casa é tão grande e eu me sinto sozinho. Eu mandei uma mensagem para Michael, mas ele e Calum estão bebada. Ashton está com Charlotte, uma ex ou nova namorada. Eu não entendo muito bem o que há entre eles. Então, só me resta encher o saco da America.

Subo as escadas em direção ao seu quarto. Abro a porta gradativamente, ouvindo aquele barulho irritante da madeira. Ela está sentada na cama, com calças largas azuis escuros, uma blusa de mangas cumpridas branca, meias rosas nos pés e seu cabelo preso. Ela está com a almofada verde sobre o colo, agarrando-a, como se ela fosse alguém ali.
Ela olha para a janela, onde a chuva bate contra o vidro. Eu sei que America está vidrada no jardim, porque ela gosta de jardins.

"Oi?" Digo, fechando a porta atrás de mim. Ela nem parece ter notado minha presença. "Amme, você está bem?" Me aproximo, descansando minha mão em seu ombro.

Ela treme com o toque súbito e se vira para mim. Seus olhos estão vermelhos e seu rosto úmido pelas lágrimas recém caídas.

"Olá." ela dá um sorriso fraco e passa as pequenas mãos sobre os pontos molhados.

"Ei, ei, ei, o que houve? Você está bem? Por que está chorando?" Pergunto, tentando ser o mais calmo possível.

"E-e-eu..." ela gagueja, sem conseguir falar. Me sento a sua frente de pernas cruzadas, com ambas as minhas mãos em seu rosto.

"America, me diz o que houve. Por favor." Peço cuidadosamente, aproximando meu rosto do seu para ter mais visibilidade dos seus olhos claros.

Ela aponta para o seu celular sobre a cama. Está no aplicativo de mensagens abertas. Larissa enviou uma mensagem escrito: "Sinto muito, querida. Ele se foi.", sem precisar dizer demais para que referências fossem compreendidas.

Suspiro, seguindo com meus dedos ao longo de seu cabelo claro, sem saber o que dizer.

"Meu avô morreu." Ela diz, depois de alguns soluços, quebrando o silêncio. Meu coração aperta e, em seguida, afunda. Ela cai no choro assim que completa a frase e meu único instinto é abraçá-la, e é o que faço.

Envolvo meus braços finos envolta de seu pequeno corpo magro e a puxo para o meu peito, para que ela tenha livre liberdade de chorar o quanto precisar e quiser.

Ela esconde seu rosto pálido em minha camisa cinza e por estarmos em uma posição completamente estranha e isso dificultar o fato dela poder chorar em paz, a puxo para o meu colo, sem me importar.

Ela não diz nada, mas seu corpo estremece.

Minhas mãos correm por seus braços cobertos, à procura de confortá-la de maneira que ela tente esquecer que seu avô morreu.

Sua avó materna morreu há quase dois anos e, agora, seu avô materno (O paterno morreu antes dela nascer).

Ela amava o senhor que se vestia de forma engraçada. Foi criada com ele. Tudo o que ela sabe, ao menos 70% foi ensinado por ele. Ele estava doente, e ela sabia. Porém, não era previsto morrer tão agora. E America não estava preparada para isso. Não depois do casamento, que ocorreu agora. Ela deve estar inteiramente destruída com isso.

"Eu sinto muito, querida." digo, como se realmente fosse seu marido, o que é totalmente estranho, mas aceitável. Mexo em seu cabelo enquanto ela chora. Não sou bom em consolar as pessoas e realmente não sei o que dizer, só tentar confortá-la dessa forma.

Espero, do fundo do meu coração, que funcione. Odeio vê-la dessa forma.

Faking | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora