Capítulo 6

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- Sim, ela que complica às coisas! – Ele fala como se estivesse ofendido. – Aliás, preciso falar contigo depois. – Fala olhando para Emily e faz menção de se levantar. – Já volto, amorzinho... – E me dá um beijo na bochecha, ele sai da sala me deixando com Emily.

- Vocês dois precisam disfarçar melhor... – M, me dá um sorriso torto.

- Não rolou nada, estávamos só discutindo por causa de ontem à noite... – Digo batendo assento ao meu lado para que ela se sente.

- Se você está dizendo, quem eu sou né. – Sei que ela sabe de algo mas não me fala.

- Aliás, o que ele quer contigo, hein?! – Digo olhando pra ela.

- Não faço ideia... – Ela coça a nuca. – Mas talvez eu já saiba, mais ou menos sobre o que é... – Fico esperando a continuação da frase e nada. – O que? – Coloca a mão no colo fingindo estar ofendida. Semicerro os olhos pra ela.

- Tu não vai me contar? – Agora eu me finjo de ofendida.

- Oh garota deixa de ser manipuladora! – Ela me toca uma almofada.

- Achei que nós. – Aponto pra nós duas. – Não tivéssemos segredos entre a gente! – Falo indignada.

- E não temos! – Ela sorri. – O segredo é do Steven e não seu! – E debocha da minha cara.

- Abusada! – Digo rindo.

O som aumenta na parte externa e sei que o pessoal está mais que animado.

- Carooool! Vem dançar! – Minha mãe grita.

Emily e eu nos olhamos como cumplices e vamos em direção a bagunça que está lá fora. Chegamos lá e Emily já pega uma caipirinha e beberica.

Meus tios estão fazendo trenzinho e rindo. Adoro festas de família, apesar de não estar presente na maioria delas, pois sempre calha quando estou em semana de prova. De repente começa a tocar Baby de Justin Bieber, e o que já estava um caos vira um circo, a minha adolescente interna urra!

Emily e eu começamos a cantar, não dou bola se estou parecendo uma idiota infantil.

- You know you love me, I know you care... – Canto e aponto para Emily. – Just shout whenever and I'be there... – Cantamos juntas sorrindo, logo os meus tios cantam juntos e assim segue a música inteira.

- De onde vocês conhecem essa música? – M, pergunta para o pessoal.

- Não é só vocês que escutam Justin Bieber! – Tio Henrique fala rindo.

Como a bagunça já estava instalada, o almoço de domingo seguiu assim até na hora de nos sentarmos na mesa.

Passamos a tarde na casa de Tia Amanda, não teve mais encontros entre eu e Steven. Tenho quase certeza de que fiquei um pouco desapontada, mas sei que é melhor assim, já estava magoada por causa de ontem.

Chegamos em casa, e fui direito para o meu quarto me trocar pois o final de tarde estava lindo para dar uma corrida ou uma caminhada. Coloco um conjunto preto de top e legging, calço os meus tênis.

- Mãe, estou saindo pra uma caminhada! – Grito avisando antes de pôr os meus fones de ouvido. Se eu não aviso dona Barbara fica desesperada me ligando.

- Só não volta tão tarde! – Ela grita de volta e eu coloco os fones, e saio porta a fora.

Começo a corredor e admirar a paisagem. Decido dar mais uma volta pelo quarteirão, vou até a praça, onde tem um pessoal jogando basquete e alguns treinando nos aparelhos públicos. Um aglomerado de garotas perto de um aparelho me chama atenção, escuto algumas delas cochicharem ao me aproximar. Resolvo chegar mais perto e adivinha? Era Steven exibindo um show ao fazer flexões...

Dava para notar que ele estava alheio a plateia que se aglomerou próximo a ele. Algo dentro de mim se contorceu, coço a garganta em um ato de desespero para que ele olhe em volta, algumas meninas me olharam de cima abaixo. Steven por fim se toca e levanta, começa a vestir a camiseta branca que em combinação com esse peitoral suado é a própria visão do paraíso.

Algumas meninas suspiram, e eu entendo perfeitamente, também ficaria encantada com tamanha gostosura, até porque não tem outra palavra pra descrever melhor a visão dos deuses.

Não sei se ele me nota, mas começa a me afastar, não quero encontrar com ele mais uma vez, ainda mais no mesmo dia.

- Calma aí! – Sinto sua voz próximo das minhas costas e acelero o passo, mas Steven me alcança. – Pra que a pressa? – Ele caminha ao meu lado.

- Eu estou correndo... – Digo como se estive obvio.

- Ah claro... – Ele entende o tom em que quero dizer. – Então, vamos correr juntos! – E me acompanha sem esforço, reviro os olhos.

- Qual é o seu problema? – Desisto de fazer a linha "vou fingir que não te conheço!".

- Eu é que te pergunto! – Fala sem ofegar.

Paro abruptamente de correr, e ele para alguns passos longe de mim.

- Ah, eu sei... – Coloco as mãos na cintura e olho-o.

Nós dois somos complicados e isso vem desde a infância, Steven e eu sempre fomos como cão e gato, e isso só piorou na adolescência. E hoje é o resultado das implicâncias! Mas piorou após a primeira namorada de Steven, foi quando eu caí na real... Naquela época, eu cheguei a me sentir traída, e Steven estava todo contente com a primeira namoradinha e daí em diante foi só uma atras da outra.

- Por que tu complica tanto as coisas? – Ele pergunta me olhando.

- Eu que complico? Tem certeza? – Franzo o ceno.

- Sim, complica! – Fala me olhando com cara de cachorro abandonado.

- Até parece... – Faço ar de desdém e volto a caminhar.

- Se é sobre aquilo... Eu já pedi desculpa! E eu não tenho culpa se as meninas estavam me olhando! – Eu paro em choque com o que eu acabei de escutar.

- Puta que pariu, que autoestima! – Dou um sorriso de deboche. – Eu não estou nem aí pra quem te olha ou não. – Falo com uma determinação, que nem parecia que eu queria arrancar os olhos das garotas, e ele começa a rir, faço cara de entediada.

- Eu vou fingir que acredito. – Olho para ele e o sorriso torto está lá. – Não vou comentar sobre a autoestima, porque nós dois sabemos, o que a senhorita acha... – Fico embasbacada, ele se aproxima. – Nós dois sabemos que foi gostoso dormimos juntos e que o teu cheiro é a porra de um sonho! – Ele me alterna o olhar entre os meus olhos e a minha boca, engulo seco.

- Não sei quem te disse isso! – Não dou o braço a torcer, mas admito internamente que foi gostoso dormir com ele.

- Ninguém me disse apesar de que é só olhar nos seus olhos... – Sinto o olhar de desejo.

- Se foi tão gostoso assim, porque saiu sem dizer um "muito obrigado Carol, por ter me ajudado, apesar de eu ser um babaca..."? – Eu poderia acrescentar mais adjetivos.

- Eu até queria, mas tu não saía daquele banheiro. – Diz enroscando o braço na minha cintura e me puxando pra perto. – E não queria que os seus pais ou Arthur me pegassem no seu quarto, nós dois sabemos o assunto que renderia... E as coisas conosco dois já estão mais do que complicadas... – Ele exaspera visualmente cansado. – Porra, por mim tínhamos ficado agarrados até tarde. – Os castanhos me olham com desejo, o ar de repente fica pesado e eu seguro a respiração, e ele roça os lábios nos meus...

- Steven? – Alguém grita de longe, e ele fecha os olhos com força e se afasta alguns centímetros, mas sem tirar a mão da minha cintura.

INESQUECÍVEL - (o terceiro ano nos uniu) - REFORMULADOOnde histórias criam vida. Descubra agora