Capítulo 10

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On Carolina

Ele não diz nada, apenas sai do quarto, sem olhar para atrás.

Tento não pensar em nada no momento, apenas vou agindo no automático. Quero sair daqui logo. Volto a me despir, jogo a sua camisa em cima da cama, e coloco o meu vestido novamente. Pego os saltos e sigo para fora do quarto.

Steven, está com outra roupa. Uma camiseta azul-marinho e uma calça jeans. Está sentado com as chaves do carro na mão.

- Pronta? – Apenas confirmo com a cabeça. Ele se levanta e me acompanha até a garagem.

Sento no banco do carona, e saímos da casa de Steven.

O percurso inteiro é feito em silêncio, não ouso em abrir a boca para causar mais constrangimento.

Tenho motivos que me impedem de sequer tocar em Steven, e são tão óbvios que sinto uma ponta de vergonha alheia. E no fundo, sei que após aquele beijo algumas de minhas barreiras ficaram fragilizadas, e eu não sou louca de admitir que estou excitada e atraída por ele.

Como eu disse, nossa história é desde quando éramos pequenos, crianças e só vem piorando a cada dia que passa, mas é inevitável a atração que sentimos, porque eu sei que não sou a única em sentir isso, pois aquele beijos, aquelas súplicas me mostram o quanto Steven está afetado.

Em alguns momentos do trajeto, sinto os olhares de Steven sobre mim, disfarço o máximo que posso, desviando o olhar para a janela ao meu lado.

Não demora muito Steven estaciona o carro em frente da minha casa.

- Obrigada pelo café, carona... Bom você sabe! – Digo me inclinando para pegar os saltos.

- Não precisa agradecer. – Ele diz e olha para frente. Há um ruguinha entre as sobrancelhas, sei que ainda não superou o fato que lhe pedi para se afastar. – Se cuida! – Saio carro, e ele arranca cantando pneu.

Finalmente conseguido soltar o ar e relaxar levemente, pois sei que a partir do momento em que entrar em casa, vou ser interrogada.

Ao entrar em casa, vejo que mamãe está tomando café e provavelmente fofocando com Dona Ju, isso é quase tradição entre as duas. Fofocar e tomar um cafezinho preto.

Tento passar pelo corredor sem que as duas me vejam.

- Carolina? – Escuto mamãe me chamar. Franzo o cenho.

- Oi?

Dona Ju, sai de fininho, estou sozinha!

- Posso saber onde a senhorita passou a noite? – Mamãe toma um gole do seu café.

- Vou explicar. – Digo soltando os saltos no chão. – Eu acabei dormindo na casa de Steven. Acabei bebendo um pouquinho do que eu tinha programado e ele me "salvou" digamos assim... – Sinto o meu coração palpitar.

- Liguei para Amanda, e ela me disse que vocês não dormiram lá... – Mamãe joga o verde.

- Eu não sei se Steven, contou, mas ele tem uma casa... – Digo olhando nos olhos de mamãe.

- Eu já sabia que ele tinha uma casa, só queria confirmar. Amanda me contou. Tudo bem, filha, mas da próxima vez liga avisando. – Mamãe abre os braços para me dar um abraço. – E você e Steven, hein. Meu sonho! – E me dá um beijo na testa.

- Não, mãe. Não existe Steven e eu. – Acho que fui um pouco grossa com mamãe.

- Filha, ta tudo bem mesmo? – Ela me olha.

- Não, mas vou ficar. – Respondo, mamãe sempre respeitou nossos limites. – Desculpa! – Lhe dou um beijo na bochecha, pego os saltos e sigo para o meu quarto.

INESQUECÍVEL - (o terceiro ano nos uniu) - REFORMULADOOnde histórias criam vida. Descubra agora