Beatrice

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Não sei contar a história de como nasci, sendo sincera é porque não consigo me lembrar. Do que me lembro é que sempre vivi em uma casa simples em Thowlideir, sempre estivemos Liliana e eu , ela é dois anos mais velha do que eu, Liliana nunca quis conhecer o mundo e para dizer a verdade eu a via como a irmã mais velha que nunca tive.

Liliana sempre foi formosa, uma moça refinada de gostos apurados, eu achava lindo seus cabelos escuros e curtos na altura do pescoço, sua pele morena, seu tamanho (ela era muito alta), suas roupas... eu cobiçava todas e não fazia questão de esconder!

Já no meu caso eu era em tudo seu oposto, sou extremamente curiosa e gosto muito de aprender, tenho pele muito clara, cabelos acinzentados e sou pequena, para me vestir nunca tive muita 'frescura'.

Thowlideir ficava  na divisa do reino do gelo Ihsaurus, o reino vulcanico Leamdertip, e o reino de Gaia ou como era mais comum se chamar Tietrastera e pelo que sabia esses reinos  formavam uma aliança ja que tinham um unico rival, o reino de kwoterros, para lá eram banidos todos os tipos de criminosos e outros tipos mais de pessoas, esse reino era tão mal visto que ao falar dele a primeira coisa que se era possível lembrar era  que 'a bondade não habitava aquele lugar'.

Mas como prometi é a minha história que vocês saberão...

Em meu aniversário de dezoito anos Liliana disse que iríamos fazer um piquenique. Achei isso muito estranho pois era raro ela me dizer que iríamos sair, principalmente naquela manhã  gelada, mal consegui me conter e tive de perguntar:

- Liliana, aconteceu alguma coisa ?

- Não minha pequena - ela respondeu se virando para mim e não exitou em dizer:

- Você não acha que vai sair comigo vestida desse jeito... não é verdade ?

Não consegui entender o que havia de mais em minhas roupas já que estava em um vestido longo que costumava usar bastante, o que era bem visível em algumas áreas onde ele já estava desbotando.

- Não tem nada de errado com minhas roupas !

- Como não ?

Ela me olhou como se estivesse na frente de um animal que fugira de seu dono e disse:

- É o seu aniversário, então pelo menos finja que tem algo de bom nisso. Nós não iremos sair daqui antes que você tome um banho e se arrume!

Após isso sentou-se perto da porta e cruzou os braços.

Bom não tinha nada que eu pudesse fazer, quando ela cruzava os braços daquela forma, ela se tornava irredutível, mesmo que eu tentasse, o que seria em vão, ela não se moveria se eu não fizesse o que ela disse.

- Tá, você venceu !

Suspirei essas palavras com um profundo arrependimento já que tinha certeza de que aquele dia seria mais fora de contexto do que eu já estava acostumada.

- Mas você sabe Liliana, vai se responsabilizar por me fazer passar esse tempo tão importante com essas coisas desnecessárias...

De imediato ela fechou o semblante em seu rosto e apenas me disse com um ar de imposição que me fez estremecer.

- Se você não quer ir então não vá, mas também não venha reclamar depois me dizendo "Liliana passamos o dia em que eu fico mais velha trancafiadas dentro dessa casa velha", e se você sonhar em fazer pirraça farei você refazer todos os afazeres diários que você tanto gosta, fui clara?

Era raro ver ela tão ansiosa e ao mesmo tempo tão impaciente por alguma coisa, sendo assim não tive coragem de desafia-la e apenas assenti com a cabeça afirmando que entendi o recado e assim fui ao meu quarto e me arrumei.

Algum tempo depois que desci parando perto da porta lá estava ela, não tinha visto antes mas sua roupa estava linda,  Liliana vinha em minha direção com um longo e charmoso vestido cor de mel e seus cabelos soltos com alguns pequenos enfeites na frente de sua franja, mal fui capaz de piscar e quando vi ela já estava na minha frente e disse:

Agora está linda!

Fiquei vermelha ao saber que ela tinha gostado, estava usando um vestido que ela fez para mim a poucos dias e sabia que ela tinha feito ele com muito carinho, ele era em tons de azul e sua gola destacava meu rosto que de tão branco me fazia parecer pálida e meus cabelos cinzentos presos por uma trança que chegava até as minhas costas, mas tudo que consegui dizer para ela foi:

- Não me olhe assim, apesar de tudo não chego nem perto de ser tão bonita e formosa como você.

Após um pequeno riso que saiu de  seus lábios, rimos e saímos...

Celada no geloOnde histórias criam vida. Descubra agora