Rumo ao Templo

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Tive pesadelos que perduraram pela noite, não fui capaz de dormir, olhei o céu e vi o quanto ele era vasto e potente, ele era imenso e me fez sentir pequena, mas além de pequena eu estava me sentindo só, pois, muitas coisas aconteceram nesses últimos dias, muitas revelações foram feitas e eu não sei ao certo se estava pronta a entender cada momento pelo qual eu já havia passado.

Enquanto todos dormiam me coloquei de pé e me permiti mais uma vez observar o campo de batalha, fui capaz de ver as rachaduras e pedregulhos que foram alterados pela luta, isso significava poder usar magia?

Países em guerra, lutas por poder, nem um deles na minha visão era diferente de um animal, até porquê os animais ainda assim lutam por algo...

- Tem certeza que ficar aqui fora sozinha é uma boa opção, senhora sem magia?

Se eu não estivesse em um mar de pensamentos ela teria tido uma resposta a altura, mas me contentei com uma simples explicação:

- Na realidade não é uma boa idéia, mas, por ter sorte, tenho uma maga bem forte próxima a mim que pode me proteger!

- Criança, eu não sou sua serviçal ou guarda para lhe proteger, de fato o faria, entretanto espere menos das pessoas. - Seu tom que fazia me ensinar era reconfortante.

- Das pessoas, porém você não é como elas Liliana!

Era noite e tudo que nos rodeava era guerra e gelo, ainda assim ela estava lá, e sua presença era aconchegante, eu a vi trajada em um vestido simples, com mangas um pouco avantajadas mas que se alinhavam ao caimento do vestido, ele era em tons de vinho intenso. Sua figura a me acompanhar, ainda assim não foi capaz de retirar meus pensamentos do quanto eu queria ver minha mãe, conhecê-la, conviver com ela. Não houve tempo e eu não pode sentir sua perda, isso era triste.

Ela veio por trás de mim e me abraçou, ela então sussurrou em meu ouvido:

- Não finja estar bem se você não está, não há problema chorar no colo na sua irmã, afinal eu cuidarei de você, mesmo em seu pranto.

Eu não sei como ela sabia, mas aquilo era tudo o que eu precisava ouvir, sentamos no solo e eu repousei minha cabeça em seu colo, chorei por algum tempo, ela observou a cena, fez carinho em minha cabeça e após alguns momentos, o sol começou a surgir calmamente acalentando tudo o que tocava sua luz, ela arrumou meu cabelo e foi capaz de dizer:

- Você está parecendo um filhote de ouriço Beatrice, deveria arrumar-se e cuidar-se... - aquilo foi extremamente gentil e atencioso - ... caso contrário... quem vai conseguir se apaixonar por um javali de cabelos arrebitados?

Então se pôs de pé, fez uma breve pausa e virou a mim dizendo:

- Sua mãe vai estar sempre a te acompanhar, então se esforce para que ela veja o quanto você crescerá!

Após suas falas, ela foi em direção a tenda, assim Ophélia estava também retornando, não notei quando ela havia saído, mas pela agitação que tomou conta lá dentro, havia suposto que ela estava a preparar todos para a partida. Foi minha vez de me levantar, olhei o horizonte vi a vasta camada de gelo e o quanto ele brilhava em contato com o sol. Junto dele uma nova determinação acendeu em meu peito, não desejava perder mais ninguém, então me espreguicei e vi todos vindo em minha direção para dizer que estávamos de partida, começaram a caminhar para o templo, finalmente então conheceria a sacerdotisa da lua de gelo. Antes de entrar na caravana com os demais olhei novamente o campo e pedi

- A benção... Mãe

E o gelo resplandeceu e logo iluminou a trilha onde os demais estavam, junto a Liliana a me esperar para uma jornada da qual tudo tomaria os trilhos, rumo ao meu futuro

Celada no geloOnde histórias criam vida. Descubra agora