Robot Love || Yoongi

f o u r

Yoongi.

Era finalmente o fim de semana. Os primeiros cinco segundos que eu havia pensado nisso pareceram bons, mas ai eu lembrei que teria que passar o fim de semana com meus parentes.  

Um pânico apossou-se de meu corpo.

Não estava preparado para ver psicologicamente meu primo e sua namorada, que era meu primeiro amor na infância.

Não que eu sentisse algo por ela ainda, mas é que, a família inteira sabia da minha "quedinha" por ela, e agora que meu primo namora essa garota, eles certamente farão piadinhas comigo. Principalmente meu primo.

Um cheiro de biscoito pairou no ar, fazendo meu estômago reclamar de fome. Levantei da cama, indo fazer minha higiene matinal.

Taeyeon já estava na cozinha recheando alguns biscoitos e quando me viu, abandonou tudo e veio me abraçar, se jogando no meu colo.

— Bom dia, Oppa! — roubou-me selinho. Eu não conseguia acostumar com algo desse tipo. E já tinham passado-se 48 horas que eu estava com Taeyeon. — Dormiu bem?

— Sim, minha cama estava maravilhosa. Obrigado por não ter roubado ela de mim ontem. — tentei fazer piada.

— Na verdade, você dormiu no sofá de tão exausto que estava. Eu te carreguei no colo até seu quarto. — ela explicava, e colocava um biscoito perto da minha boca.

— Hmmmm... — Murmurei de olhos fechados. Os biscoitos estavam maravilhosos. 

[…]

Estávamos a caminho da casa dos meus pais, Taeyeon arrumou nossas malas em menos de dois minutos e eu estava carregando elas até o meu carro para irmos até a casa da minha família. Mesmo que eu estivesse torcendo mentalmente para que começasse a chover.

Eu estava vestido com uma blusa branca, calça jeans preta e um moletom qualquer por cima e Taeyeon estava digna de uma modelo de capa de revista. Segundo ela, sua maquiagem foi feita com ajuda de um tutorial no Youtube que ela reproduziu em seu sistema e a roupa era um vestido florido azul que ela havia comprado ontem.

Compras essas que eu não vou esquecer jamais. Meu bolso também não!

Seus saltos eram agulhas na cor preta e eu me perguntava como até um robô conseguia andar sobre aquela arma mortal e eu não. Não que eu fosse andar algum dia né.

No caminho até a casa dos meus pais, fomos cantando músicas que tocavam nas rádios e Taeyeon foi postando fotos e vídeos nossos no Instagram.

— Porque postar tantos vídeos? — perguntei, fazendo uma curva.

— As pessoas da internet também tem que saber que agora você namora comigo, e que vamos ficar juntinhos pra sempre — ela dizia animada, enquanto fazia carinho no meu braço.

Ainda bem que esse "juntos pra sempre" tem prazo de validade, ela é meia grudenta. 

Apenas concordei com um sorrisinho fraco no rosto. Era bem falso, mas ela pareceu não ter percebido.

Assim que chegamos na casa de campo dos meus pais, eu vi o quanto aquilo havia mudado! Taeyeon também não poupava olhares para o terreno da casa. Alguns familiares estavam olhando a gente de longe e principalmente, ele. Min Hwa.

Desliguei o carro e olhei pro robô do meu lado.

— Seja simpática e discreta. Prometo que vamos sair daqui logo. — falei baixo ao perceber minha mãe chegando até nós. Taeyeon assentiu, colocando um sorriso no rosto e juntou nossas mãos.

— Oh, Yoongi querido! — mamãe abriu os braços animada e me esmagou, me abraçado apertado. — Porque ficou tanto tempo sem visitar sua mãe, seu moleque? — E em frações de segundo, ela começou a me dar tapas.

— Ai, mãe! — eu ria e tentava desviar de seus golpes. — Você vai me envergonhar na frente da família de novo.

— Não só da família, não é? — minha mãe pareceu ter percebido a presença de Taeyeon ao meu lado e sorriu pra ela. Taeyeon estava com seu olhar preso ao chão. Robôs sentem timidez? — Quem é essa menina, filho? Ela é muito bonita.

— Olá, eu sou Kim Taeyeon! — ela sorriu com sua típica animação. Abraçou minha mãe do mesmo jeito que ela havia feito comigo segundos atrás. Minha mãe não estranhou o afeto e até sorriu pra mim.

Tudo o que ela queria era uma nora que fosse carinhosa a atenciosa e que lhe desse netos lindos, ela sempre me dizia isso.

— Posso te chamar de eomeonim? — Taeyeon ainda dizia abraçada com minha mãe. Mamãe arregalou os olhos e eu também.

— Omo! Omo! É claro que sim! — mamãe disse animada, piscando pra mim. — Parece que agora, finalmente o Yoongi resolveu criar juízo.

Quando chegamos porta de casa (estávamos num jardim), meus familiares estavam todos em pé olhando fixamente pra porta, com olhares curiosos fixados na garota loira ao meu lado.

— Quem é ela, papai? — minha prima de 6 anos, Min Su Na pergunta.

— Eu sou Kim Taeyeon. — ela sorri, chegando mais perto da robô. Kim Taeyeon faz o mesmo.

Todos no ambiente pareceram prestar atenção nela.

— Essa é a minha namorada, Kim Taeyeon. — falei, mas tive impressão que me ignoraram, afinal olhavam fixamente para Taeyeon.

— Olá. — ela se curvou.

— Daebak! Eu nunca pensei que Min Yoongi traria alguma namorada em toda a minha vida, e olha só, ela tá aqui. — ouvi minha outra prima dizendo. Só podia ser irmã de Min Hwa. Revirei os olhos mentalmente e sorri de lado, olhando pro meu primo que olhava Taeyeon.

— É...ela existe mesmo. — ele balbuciou impressionado. Ele pareceu perceber seu estado e coçou a garganta, um pouco desconfortável. Deve ser difícil pra ele não ficar me diminuindo na frente da nossa família. — Bom, essa aqui é a Lee Sun Hee, mas acho que o Yoongi já sabe, afinal, ela foi o primeiro amor dele. — ele rebateu com um sorriso venenoso puxando sua namorada para que falasse conosco.

Engoli em seco. Ela estava linda.

— O-oi, Yoongi...— ela se curvou timidamente.

Senti um aperto em minha mão. Taeyeon.

— Primeiro amor? — me olhou estranha. — Não achei ela nos seus álbuns de família. Achei que ela fosse importante pra você assim como Namjoon. — Taeyeon fez careta.

— Oh, ela foi importante. Na minha infância. E apenas isso. — disse seco, evitando olhá-la.

— O destino é uma coisa bem louca, né? Nossa família inteira achava que eles iriam casar e viver juntos de tanto que viviam grudados, mas no fim, Sun Hee acabou vindo pros meus braços...— Min Hwa tentou fazer piada, mas ninguém riu. Ele sempre tenta me humilhar, não importa com o quê. Sun Hee o olhou de cara feia.

O lugar pareceu ter ficado silencioso de repente. Ninguém falava nada.

Parecia que aquela era a minha hora de ir embora e deixar as coisas como de sempre: Min Hwa dizendo coisas vergonhosas sobre mim e eu aguentando calado.

Mas eu não havia roubado um robô de última geração no meio da noite (enquanto poderia estar dormindo) pra nada, então eu iria fazer valer a pena.

Fingi tosse, fugindo assunto e meu primo deu um sorrisinho contido. Ele havia ganhado a primeira batalha, mas quem disse que haveria só uma?

— Então, mãe, onde vamos dormir? Tô cansado. — fingi bocejo.

[…]